Na edição de domingo
passado, dia 30 de outubro de 2005, o Correio
Popular divulgou o resultado de uma pesquisa feita pelo Instituto
ProPesquisa, cujo resultado, neste dia em que se comemoram os fiéis falecidos,
tem o sabor de uma esmagadora vitória da vida.
É impressionante
como o cidadão campineiro se mostra resistente à cultura da morte que se tenta
introduzir a todo custo em nosso meio. Basta considerar que em poucos lugares
do mundo o problema da violência é tão grave quanto aqui. A população
campineira está acuada, aterrorizada pelos bandidos que, cada vez mais audazes,
invadem as casas, torturam, matam e, na maior parte dos casos, ficam impunes.
Apesar disso tudo, 50,5% das pessoas assumem uma postura tão radical em favor
da vida, que são contra a morte até mesmo desses que os flagelam e amedrontam.
Indagados se são a
favor de permitir que a pessoa em estado de saúde irremediável morra, apenas
32,3% se mostram a favor. 53,5% dos campineiros são contrários à eutanásia em
qualquer situação.
Na questão do aborto,
a vitória da vida é mais impressionante ainda: 77,3%. Há de se supor que os
5,6% dos indecisos acerca desse ponto, ou mesmo os 17,1% que defendem a morte
do embrião como solução para gravidez indesejada, que muitos deles não tenham
assistido ao filme intitulado “O grito silencioso”, onde se mostra a agonia de
uma criança indefesa que se debate lutando em vão para não ser assassinada.
Fiquemos, porém, nos
77,3% que são contrários a essa forma de assassinato. Se a voz do povo é a voz
de Deus, não seria um importante recado ao Congresso Nacional, onde tramita na
surdina um projeto de lei que visa descriminalizar o aborto? Mais que isso, não
seria o momento de nossos deputados federais, ao menos os que têm aqui a sua
base eleitoral, manifestar claramente sua posição, em respeito aos mais de três
quartos da população campineira que brada a favor da vida?
Mas há algo de sombrio por detrás desses números. Tramita no Supremo
Tribunal Federal uma ação que pretende legalizar o aborto no caso de
anencefalia. Pior, a decisão virá de um órgão que não tem a função de legislar,
que não tem os seus membros eleitos pelo povo. Poderíamos, portanto, pensar que
os ministros de nossa Corte Suprema seriam insensíveis aos apelos em favor da
vida. Devemos lembrar, porém, que todo poder emana do povo (artigo 1º,
parágrafo único da Constituição Federal), de modo que o Poder Judiciário não
pode ficar insensível a esse reclamo.
Poder-se-ia sustentar que o Supremo Tribunal Federal deve zelar pela
aplicação da Constituição Federal, não se importando com a opinião pública. Não
seria de todo equivocada tal afirmação. Contudo, se o que se espera daquela
corte é o cumprimento da Lei Maior, na questão do aborto, esqueçamos então dos
reclamos dos 77,3% dos
campineiros e voltemos ao artigo 5º da nossa Constituição Federal: Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida. A propósito, não passa
despercebido que 90,5% da população são a favor da reforma do Poder Judiciário,
quiçá para que ele fique mais sensível aos reclamos e anseios do povo.
A pesquisa enfrentou também a questão da clonagem de células humanas, na
qual 61,1% se mostraram contra. Nesse ponto, a reportagem traz a opinião de um
especialista que atribui o resultado da pesquisa, dentre outros fatores, ao
desconhecimento sobre o assunto. Com todo o respeito que devemos ter ao
renomado professor, há dele de se discordar. Os 29,5% que são a favor da
clonagem humana precisariam estar mais
bem informados. Por exemplo, será que sabem eles que as pesquisas feitas com
células-tronco adultas têm apresentado interessantes resultados terapêuticos,
em muitos casos, muito melhores que os que se poderiam esperar das células
embrionárias?
O povo de Campinas deixa patente um anseio claro de toda a nação
brasileira: que a vida há que falar mais forte que a cultura da morte. Com
essas palavras termina o hino municipal de Campinas: “Progresso! Progresso! Seja a nossa conquista: Porvir! Progresso!”. Por
certo que o grande Carlos Gomes não ignorava o rumo desse progresso nem os
meios com que construiríamos esse porvir. O faríamos com a luta de um povo que
mais uma vez diz sim à vida.
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