quarta-feira, 8 de fevereiro de 2006

A importância do exemplo

Roberto é um pai preocupado com a educação dos seus dois filhos. Um dia, Verônica, sua esposa, deu-lhe a desagradável notícia que Gabriel, o filho mais velho, que conta agora com sete anos, havia cometido um pequeno furto em uma loja do shopping.
Segue o relato de Verônica ao marido: “Saí com o Gabriel para comprar o presente de aniversário do amiguinho dele. Enquanto escolhia um brinquedo, ele me pediu um caminhãozinho, desses mais baratinhos, mas eu lhe disse que não compraria, pois não era seu aniversário, Natal, nem havia qualquer motivo especial para ganhar presentes”.
“Passados alguns dias”, continuou a esposa, “eu notei que ele brincava com um carrinho que eu não conhecia. Perguntei a ele de quem era o brinquedo, e, após empalidecer e gaguejar, disse que um colega da escola o havia emprestado. Insisti com ele dizendo que o melhor é dizer a verdade sempre e, após algum tempo, ele acabou confessando ter pegado o brinquedo na loja”.
Roberto, indignado com o filho, pensou que seria essencial uma longa conversa. Iniciou explicando que isso não se faz, que aquilo é crime, que se fosse um adulto poderia ir para a cadeia etc. E, depois de muito falar, concluiu o sermão: “Mas o pior disso tudo, filho, é que você mentiu para sua mãe. Se tivesse admitido o erro na primeira vez que sua mãe falou com você, teria sido muito melhor para todos”. E depois confirmou ao filho uma regra que em sua casa sempre levam muito a sério: “Por pior que seja o que você fizer, se nos disser a verdade, não haverá castigo. É claro, se fizer algo que é errado, como seus pais, devemos explicar que isso não é bom para você e porquê; mas quando assumimos o erro damos um passo muito importante para corrigirmos esse erro”. E disse outras coisas mais ressaltando a mesma idéia.
A conversa ocorreu num sábado pela manhã, e a família estava de saída para um passeio num parque de diversões. Concluído o sermão, começaram-se os preparativos para a saída. Nesse momento, toca o telefone, que Verônica atende prontamente. Era o sócio de Roberto que ligava apenas para lembrar-lhe que haviam combinado um jogo de tênis há quinze dias para aquela manhã. Ao perceber quem era, Roberto pôs-se a fazer vários gestos a Verônica, que não entendia nada do que se passava com o marido.
Tentando entender o que aconteceu, Verônica tapou o fone do aparelho e indagou ao marido: “Querido, o que foi?”. Ele, todo aflito, explicou: “Eu me esqueci que havia combinado de ir ao clube jogar tênis com ele hoje... Diga que estou passando mal... com dor de dente, ... assim que melhorar, telefono para ele”. A esposa, sem saber o que fazer, voltou ao telefone toda sem jeito e disse: “Sérgio, o Roberto te liga daqui a pouco, pode ser? Até logo”.
Roberto perdeu toda a empolgação do passeio, afinal, havia faltado com o amigo, mas seguiram ao parque.
Lá chegando, procurou logo se inteirar das regras e condições do passeio, quando notou que crianças de até quatro anos tinham entrada franca, e os de cinco a doze pagavam meia. Logo que se soube disso, Roberto disse ao filho Lucas, que havia completado cinco anos duas semanas atrás: “Filho, você não precisa de ingresso, mas se alguém lhe perguntar, diga que tem ainda quatro anos”. “Ah! Por quê?”. Perguntou o garoto, que estava todo orgulhoso de já ter os seus cinco anos completos. “Porque se disser que tem cinco anos, vou ter de pagar mais doze reais pelo seu ingresso”. “Pai, pode usar de minha mesada, insistiu o filho”. Nisso, já estava a família diante da portaria e todos entraram sem maiores dificuldades, com o pai exibindo apenas os três ingressos.
O dia foi muito divertido. Já pela tarde, enquanto Gabriel tomava um refrigerante descontraidamente com o pai, resolver tirar uma dúvida que o estava incomodando o dia todo: “Pai, a gente só pode mentir para não jogar tênis com o amigo e para não pagar ingresso no parque?”.

Roberto engoliu em seco, também porque somente agora se lembrou que sequer deu uma satisfação ao amigo que o aguardava. Pior, vinha-lhe à mente naquele momento o que havia lido num livro sobre educação dos filhos: “um exemplo vale mais que mil palavras”.

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