segunda-feira, 28 de maio de 2007

A sogra

Uma ilustre leitora me fez o seguinte pedido: “Gostaria que o senhor, na próxima matéria, falasse um pouco sobre as sogras. Porque para uns são umas grandes cobras e para outros uma segunda mãe que a gente nunca esquece e se apega tanto que quando elas se vão junto a casa de "DEUS", sofremos muito (...)”. Atendo ao com muito gosto. De fato, trata-se de uma relação cheia de tensões, mas qual seria o motivo disso?
Em nosso tempo, perdeu-se a noção do que é o matrimônio e das verdadeiras implicações disso. Na essência, a união do homem com uma mulher é perene, é para durar por toda a vida, na exata medida em que, pelo casamento, forma-se uma comunhão plena de vida. Quanto aos filhos, porém, ainda que os amemos muitíssimo, não nos “casamos” com eles. Ao contrário, geramos filhos para o mundo. Temos de educá-los, formá-los, mas sabendo que um dia sairão da “barra da saia”, vão formar outras famílias, enfim, seguirão os seus caminhos.
Embora isso seja óbvio, muitos homens e mulheres agem de forma exatamente contrária. Ou seja, quando vêm os filhos, a mulher deixa de dar a devida atenção ao marido, e esse de se dedicar à esposa, afanando-se ambos exclusivamente por fazer e dar de tudo à prole. E, quando esse filho ou essa filha começa a se interessar por alguém ou a namorar, é freqüente que o pai ou a mãe pensem que o namorado dela, ou a namorada dele, não os trata com todo o carinho e atenção que os pais deram a ele (ou a ela).
A tensão nasce, frequentemente, de uma postura possessiva dos pais, que geraram e educaram os filhos sem considerar que um dia partiriam para o mundo. Como conseqüência disso, no início do casamento deles, são freqüentes as intervenções indesejadas: “é que esse meu genro só pensa em jogar futebol com os amigos”, “é que essa minha nora não sabe cuidar das camisas de meu filho”.
Os pais têm de considerar que o momento de conduzir a vida dos filhos já passou, agora eles vivem por si sós. É claro que os pais terão pelo resto da vida a obrigação de aconselhar e orientar, porém, há de se ter bom senso para saber quando e como podem intervir, e quando têm de deixar que aprendam com os próprios erros.
Mas a culpa dessa tensão não é apenas dos pais. É uma característica de nosso tempo pensar que tudo o que é moderno é bom, e que o que é antigo, ficou ultrapassado. Com essa mentalidade, é comum que os jovens casais pensem que a experiência dos pais não serve para nada, “que isso ocorreu em outra época, e que agora os tempos são outros”. E, com essa atitude soberba, recusam uma ajuda que lhes poderia ser valiosa.
Mas há um terceiro ponto desencadeante dessa tensão. Refiro-me à falta de afeto, de carinho, de doação nas relações humanas em geral, e, em especial, no seio das famílias. E quanto a isso, cara leitora, não sou eu que tenho a dizer-lhe nada. É você quem nos ensina:
“Minha sogra foi uma dádiva de DEUS para mim, companheira, confidente, me ajudava em tudo e nunca brigamos. Quando adoeceu, chegou-se a pensar em colocá-la no asilo, porque já não andava, usava fraldas e precisava de ajuda, mas sempre foi uma pessoa trabalhadora e que ajudou muito os filhos. Nesse momento foi muito difícil, mas decidi-me a cuidar dela. Ela ficou comigo durante 18 meses. Nesse tempo, ela não falava, tinha de dar comida na boca, não mexia com o corpo. Fui trabalhando com ela até voltar a comer, beber, fazer as unhas e ir ao cabeleireiro sozinha, mas sempre com sua cadeira de rodas e uma das enfermeiras acompanhando (...). Só tenho que agradecer por ter tido essa honra de poder cuidar dela até o momento em entrou no hospital, quando já não tinha mais condições de sobrevivência, mas assim mesmo perguntou se eu ainda amava, ao que disse que a amaria eternamente” (Walquiria Andrade Neves).

Cara Walquíria, muito obrigado e, coincidência ou não, você tem o mesmo nome da minha sogra (Walkíria). Por prudência, acho melhor dizer que considero a minha também como uma dádiva de Deus, ou... pelo menos não é uma cobra. A propósito, Walkíria (falo agora para a minha sogrona), estou pensando em fazer uma viagem só com a sua filha e... que tal passar um final de semana cuidando de seus netinhos adoráveis?...

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Quem não se forma, deforma

Se alguém nos lançasse de surpresa a seguinte pergunta: “o que você espera do que lhe resta de sua vida?”, que resposta daríamos?
É possível que, num primeiro momento, começasse a se desenhar em nossa mente tudo o que nos aflige: uma doença, própria ou de algum amigo ou familiar, que gostaríamos que desaparecesse; um defeito do cônjuge, do filho, do colega de trabalho, que gostaríamos que sumisse como num passe de mágica; uma dificuldade econômica que desejamos superar; pode ainda ser algo relacionado ao trabalho, uma dificuldade com o chefe, o sócio ou com os colegas; talvez alguém se lembre de uma crise conjugal que gostaria de ver superada.
Pode ocorrer que, diante da indagação, não se pense nos problemas, mas que nos venha à mente todos os nossos sonhos ainda não realizados: a casa própria, o sucesso profissional, a saúde e a educação dos filhos, o carro novo, uma viagem, enfim, tudo o que ainda não temos e que julgamos que, se tivéssemos, seríamos realizados e felizes.
Mas é muito pouco provável que, se nos perguntassem o que esperamos da vida, que alguém respondesse algo do tipo: “espero ser melhor como pessoa”, “gostaria de ser mais paciente e carinhoso (ou carinhosa) com o marido (ou com a esposa)”, “quero ser mais laborioso, e fazer do meu trabalho um serviço aos demais”, “buscarei ser um pai ou uma mãe mais dedicado e atento à educação dos filhos”.
E a razão disso, infelizmente, é que com freqüência colocamos nossos projetos e sonhos no que haveremos de ter e não no que seremos enquanto seres humanos.
Não é ruim sonhar em ter um trabalho melhor, uma situação econômica mais digna, proporcionando melhores condições à família. Não há nada de errado em sonhar com uma casa ou com uma viagem de lazer. Afinal, onde está dito que essas boas coisas da vida não devem ser desfrutadas?
Porém, muito mais empenho deveríamos colocar em sermos melhores enquanto pessoas. E se formos sinceros conosco mesmos, teremos de admitir que nos julgamos perfeitos, e, com freqüência, pensamos que são os outros que devem mudar e não nós. E isso não é verdade.
Apenas para constatar isso, convido ao leitor que faça uma experiência: peça à esposa ou marido, ou ao colega de trabalho, que façam uma lista de três defeitos que eles vêem em você. Mas não se preocupe, ao ler a lista, em dar desculpas. Não, apenas agradeça ao amigo (ou cônjuge) e, depois, devagar, medite no que está escrito.
Quando nos examinarmos, veremos que há muitos pontos em que se pode melhorar. Podemos ser mais ordenados com nossos objetos pessoais, tanto em casa quanto no trabalho, podemos ser mais pacientes com as pessoas, podemos ouvir a esposa, e a esposa poderá se ocupar em dizer coisas agradáveis ao marido e não apenas lançar-lhe uma lista diária de reclamações.
E isso há de ser um esforço constante, todos os dias. Alguém poderá pensar no que se ganha com isso, ou, qual a vantagem em buscar esse aprimoramento constante?
Talvez se olharmos para o “fim da linha” fica mais fácil vislumbrar a vantagem. Observemos dois tipos de idosos, que por certo teremos contato em nossas vidas: um deles, a todo tempo reclamando de suas dores doenças e sempre a dizer que “antigamente eu era isso, eu fazia aquilo e etc.”; outros, ao contrário, apesar da idade, ainda sonham, sorriem, não se preocupam consigo, mas estão sempre atentos a servir aos demais, na medida de suas possibilidades, é claro.

Alguém ousaria pensar que esses jovens idosos, sempre solícitos e sorridentes são assim por acaso? Estou certo de que não. É que eles, consciente ou inconscientemente ocuparam suas vidas em serem melhores como pessoas. E agora trazem a marca da alegria que nasce serena e forte em quem não se ocupa de si mesmo, mas faz de suas vidas um serviço aos demais.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Um coração de carne

Ontem foi um dia das mães muito especial para todos nós, brasileiros, que o comemoramos juntamente com o Papa Bento XVI. No entanto, acendeu-se, nesses últimos dias, uma triste polêmica muito relacionada com a maternidade, que é a questão do aborto. Agora, passada a festa, com o Santo Padre já de volta a Roma, penso que poderíamos tratar com serenidade do assunto.
Os argumentos dos que defendem a morte do embrião giram todos em volta de uma idéia única: há milhares de mulheres que morrem ou saem gravemente enfermas ao fazerem isso de forma clandestina.
Penso que esse argumento a favor do aborto somente se sustenta ainda hoje porque nós, que nos posicionamos a favor da vida, muitas vezes não somos coerentes com as nossas convicções. A luta pela vida não pode se limitar a uma histeria geral sempre que se ressuscita a idéia de excluir do Código Penal esse crime.
Há que se difundir, com a palavra e com o exemplo, especialmente entre os jovens, a essência do amor conjugal. Há que fazê-los entender que o amor é entrega, é doação, e que esse entregar-se e esse doar-se não tem volta, e nem precisa voltar, pois, por que querer voltar de um caminho que se sabe que conduz à felicidade plena, ainda que por árduas passagens?
Ontem, hoje e sempre é dia das mães! E as mães que trazem vidas em seu ventre precisam ser tratadas com muito carinho, com muita dedicação, com muito afeto. É que elas trazem em suas entranhas a maior demonstração de solicitude do Criador que é o poder de trazer um ser ao mundo. Uma mãe que fosse tratada assim, pensaria em matar a causa de tão grande júbilo?
Nós, que somos adeptos ferrenhos da vida, deveríamos ser muito afáveis, compreensivos e amparar as mulheres que fizeram aborto. Não faríamos isso para passar-lhes a mão na cabeça e dizer que está certo o que fizeram, que isso está muito bem. Diríamos, com toda a caridade do mundo, que isso é terrível, talvez não precisa ser dito, mas é uma monstruosidade. Porém, não as deixemos sós, façamo-las ver que, por muito graves que sejam os nossos erros (e quem não os tem?), para todos há uma solução, que nunca falta o perdão para os que deles se arrependem com um coração sincero.
Esse é o não, caro leitor, que nós, pretensos defensores da vida, devemos dizer ao aborto, um não impregnado de amor e misericórdia. E curioso é que, se agirmos assim, não haverá divisões, adeptos de uma idéia ou de outra. Afinal, quem ousaria ser contra uma vida assim vivida?
Ontem foi dia das mães. E hoje, segunda-feira, também. Talvez seja um bom dia (sempre o é), para visitarmos nossas mães, para dar-lhe um telefonema e dizer-lhe, muito obrigado, mamãe, por ter-me mantido em seu ventre até o final. Por ter cuidado de mim, por ter-me amparado, por ter-me colocado nesse mundo maravilhoso e no qual podemos ser muitíssimo felizes.

Mas não nos esquecemos que a gratidão, se não se converte em obras, é falsa. E uma das formas de agradecer e honrar muito especialmente todas as mães é defendendo a maternidade. Consideremos seus ventres como verdadeiros sacrários através dos quais Deus gera sem cessar filhos seus destinados desde sempre a uma eterna felicidade.

segunda-feira, 7 de maio de 2007

A visita do Papa

Nesta semana teremos a grata satisfação de receber a visita do Papa Bento XVI. No entanto, em meio aos preparativos para a sua chegada, uma pessoa, observando os detalhes de zelo e carinho dos fiéis para com a hospedagem, transporte e vestimenta do Papa, soltou um comentário azedo, mais ou menos do tipo: “Que absurdo! Para que tanto luxo? Jesus, que nasceu, viveu e morreu pobre, o que pensaria disso tudo?”.
Antes de adentrar nesse tema, gostaria de abrir um parêntesis. Dentre meus amigos leitores há muitos cristãos não católicos e outros tantos que sequer são cristãos. A eles devo total respeito por suas convicções, mais ainda, penso que um dos pilares do cristianismo seja o respeito à liberdade das consciências. E eles sabem disso, porém, quando o assunto é o Papa, essa ressalva deve ser feita com mais acento, para que não se acirrem as divisões onde se espera que reine cada vez mais a concórdia.
Mas o fato é que a crítica a que me referia acima, não raras vezes, parte de cristãos que se dizem católicos. E é com esses, principalmente, que gostaria de ponderar um pouco sobre o assunto.
Penso que a resposta à indagação há de ser buscada no próprio Evangelho.
O apóstolo João relata na passagem da unção de Betânia, onde Jesus participou de uma ceia, que “Maria tomou uma libra de perfume feito de nardo puro de grande preço, ungiu os pés de Jesus e os enxugou com os seus cabelos; e a casa encheu-se com o cheiro do perfume” (Jo 12, 2-3). Diante disso, alguns dos presentes se indignaram com o que seria um grande desperdício, mas Jesus replicou: “Por que molestais esta mulher? Ela fez-Me verdadeiramente uma obra boa. Porque vós tereis sempre pobres convosco, mas a Mim nem sempre Me tereis” (Mt 26, 10-12).
Vê-se que o Mestre não recriminou o que parecia um grande desperdício, ao contrário, elogiou a demonstração de generosidade e de carinho que a mulher manifestou para com Ele. De fato, no cristianismo sempre se pregou o desprendimento, e Jesus, sendo pobre, foi um constante exemplo disso. Mas essa virtude há de brotar de dentro da pessoa, e não ser imposta pelos outros.
Guardadas as devidas proporções, a mesma idéia se aplica ao Santo Padre. Estou absolutamente convencido de que ele não está apegado ao poder, nem às riquezas e, com grande leveza de espírito, serve ao povo cristão desapegado disso tudo. Porém, consente que nós cristãos, exageremos, tal como Maria, em nossas manifestações de carinho. E por certo ele permite também que “quebremos o frasco de perfume”, tal como o Mestre permitiu, não tanto porque ele precisa disso, mas porque sabe que isso faz um grande bem às próprias almas generosas que não medem esforços para dar e dar-se.
E se aprofundarmos um pouco mais no relato dessa passagem, veremos que a crítica que hoje se faz é muito antiga. É a mesma que fez Judas Iscariotes. Disse ele: “Por que não se vendeu esse perfume por trezentos denários para se dar aos pobres?”. E São João expõe o verdadeiro motivo da crítica do traidor: “Disse isto, não porque se importasse com os pobres, mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, roubava o que nela se deitava”. Será que as críticas azedas que se fazem à calorosa recepção ao Santo Padre não estariam equivocadas, assim como Judas estava equivocado?
Mas podemos aprofundar ainda um pouco mais. Na mesma casa de Betânia, em outra ocasião, vemos o contraste entre Marta, que se desgastava pelo serviço da casa e com a preocupação em servir a Jesus e aos discípulos, ao passo que Maria permanecia ao Seu pé a escutá-Lo. E, diante da queixa de Marta, de que a irmã não lhe ajudava, Jesus disse-lhe: “Marta, Marta, tu afadigas-te e andas inquieta com muitas coisas, quando uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada”.

Também com isso podemos fazer um paralelo com a visita do Papa. De fato, é muito bom nos ocupemos de que seja agradável para ele a viagem, que seja bem recebido etc. Mas, mais que isso, importa que estejamos muito bem atentos aos seus ensinamentos. Que, tal como Maria, saibamos escolher a melhor parte.

Que mundo é esse?

Semana passada, logo após o incidente da explosão de uma bomba no prédio da Cidade Judiciária, em Campinas, ouvi de uma senhora, em uma roda de bate-papo, um desabafo indignado: “uma família com pais e crianças nas garras de seqüestradores, aquela roubalheira envolvendo figurões do judiciário e, como se não bastasse, agora ainda corremos risco de atentado. Que mundo é esse?”.
Cara amiga, ainda que não te conheça, penso que podemos meditar um pouco nas causas de tantos dissabores.
Talvez o maior problema do mundo atual é que se desencadeou uma campanha muito bem articulada e acirrada para destruir os valores cristãos, e, no entanto, ninguém se preocupou em colocar nada em seu lugar.
A essência da mensagem cristã está condensada no chamado Sermão da Montanha. Vejamos, porém, como o mundo atual dela se distancia!
Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus. No mundo moderno, porém, a essa mensagem se contrasta fortemente o consumismo, cujas idéias poderiam ser condensadas em algo do tipo: “bem-aventurados os que têm dinheiro, carro do ano, roupa da moda, viajam com freqüência, porque deles são os prazeres da terra”. E em nome dessa “mal-aventurança”, justifica-se seqüestrar e manter crianças como reféns, vender sentenças judiciais, dentre muitos outros crimes.
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Que diriam disso muitas pessoas de nosso tempo? É impressionante como nossos adolescentes (e muitos adultos também!) são avessos a tudo o que significa esforço ou sacrifício. Suas conversas giram quase que exclusivamente sobre diversão, festa, programas badalados...  Perder tempo em ir visitar um doente num hospital? Ou um idoso num asilo? “Que coisa mais estranha e fora de moda”, pensarão. “Bem-aventurados os que soltam altas gargalhadas, porque com isso dão a impressão que são felizes”, pode-se resumir essa “mal-aventurança”.
Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra. Mansidão. Como é importante essa virtude cristã e quão pouco se a encontra em nosso mundo! Para constatar isso, basta que se trafegue por alguns minutos em uma grande cidade e contemple como se ofendem e se impacientam as pessoas.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Nessa, talvez muitos de nós fiquemos mais tranqüilos pensando: “eu tenho sede de justiça”. Ocorre que justiça é, essencialmente, dar a cada um o que é seu. E será que se vive assim em nossa sociedade?
Dar a cada um o que é seu significa, antes de mais nada, respeitar o direito mais elementar de qualquer ser humano, que é o direito à vida, direito esse que vai desde a concepção até a morte. No entanto, há muitas pessoas que não respeitam esse direito fundamental, colocando bombas em um local público e pouco se importando que tirem a vida de inocentes. Há outras que se empenham em matar seres mais inocentes ainda, no ventre materno, matança essa em nome de uma “liberdade sexual”. Que liberdade é essa que leva a morte de um ser humano indefeso?
Sim. Bem-aventurados os que têm sede de justiça, sede de vida. Eis o primordial valor do cristianismo que se busca apagar da mente das pessoas de nosso tempo. Porém, lamento dizer-vos, caros “mal-aventurados”, não conseguirão. Não terão êxito ainda que, por vezes, pareça que a humanidade está sucumbindo à cultura da morte. E sabe por que não terão sucesso? É que o Autor das bem-aventuranças ensinou, principalmente, a doze homens a sua doutrina. Um deles o traiu, mas os outros onze espalharam-na pelos quatro cantos da terra e mudaram o mundo de então. E essa mesma semente deixada pelo divino Mestre ainda reluz forte em muitos corações.

E esses pobres em espírito, que choram pelas injustiças do mundo, mansos, mas fortes e serenos, saberão de novo resistir a essa grande tempestade que nos assola, e terão forças para sair de suas casas e ir para as ruas, e com vozes fortes cantar em defesa da vida, da dignidade da pessoa humana, da família, da paz e da concórdia. E o farão certos da vitória.