segunda-feira, 14 de maio de 2007

Um coração de carne

Ontem foi um dia das mães muito especial para todos nós, brasileiros, que o comemoramos juntamente com o Papa Bento XVI. No entanto, acendeu-se, nesses últimos dias, uma triste polêmica muito relacionada com a maternidade, que é a questão do aborto. Agora, passada a festa, com o Santo Padre já de volta a Roma, penso que poderíamos tratar com serenidade do assunto.
Os argumentos dos que defendem a morte do embrião giram todos em volta de uma idéia única: há milhares de mulheres que morrem ou saem gravemente enfermas ao fazerem isso de forma clandestina.
Penso que esse argumento a favor do aborto somente se sustenta ainda hoje porque nós, que nos posicionamos a favor da vida, muitas vezes não somos coerentes com as nossas convicções. A luta pela vida não pode se limitar a uma histeria geral sempre que se ressuscita a idéia de excluir do Código Penal esse crime.
Há que se difundir, com a palavra e com o exemplo, especialmente entre os jovens, a essência do amor conjugal. Há que fazê-los entender que o amor é entrega, é doação, e que esse entregar-se e esse doar-se não tem volta, e nem precisa voltar, pois, por que querer voltar de um caminho que se sabe que conduz à felicidade plena, ainda que por árduas passagens?
Ontem, hoje e sempre é dia das mães! E as mães que trazem vidas em seu ventre precisam ser tratadas com muito carinho, com muita dedicação, com muito afeto. É que elas trazem em suas entranhas a maior demonstração de solicitude do Criador que é o poder de trazer um ser ao mundo. Uma mãe que fosse tratada assim, pensaria em matar a causa de tão grande júbilo?
Nós, que somos adeptos ferrenhos da vida, deveríamos ser muito afáveis, compreensivos e amparar as mulheres que fizeram aborto. Não faríamos isso para passar-lhes a mão na cabeça e dizer que está certo o que fizeram, que isso está muito bem. Diríamos, com toda a caridade do mundo, que isso é terrível, talvez não precisa ser dito, mas é uma monstruosidade. Porém, não as deixemos sós, façamo-las ver que, por muito graves que sejam os nossos erros (e quem não os tem?), para todos há uma solução, que nunca falta o perdão para os que deles se arrependem com um coração sincero.
Esse é o não, caro leitor, que nós, pretensos defensores da vida, devemos dizer ao aborto, um não impregnado de amor e misericórdia. E curioso é que, se agirmos assim, não haverá divisões, adeptos de uma idéia ou de outra. Afinal, quem ousaria ser contra uma vida assim vivida?
Ontem foi dia das mães. E hoje, segunda-feira, também. Talvez seja um bom dia (sempre o é), para visitarmos nossas mães, para dar-lhe um telefonema e dizer-lhe, muito obrigado, mamãe, por ter-me mantido em seu ventre até o final. Por ter cuidado de mim, por ter-me amparado, por ter-me colocado nesse mundo maravilhoso e no qual podemos ser muitíssimo felizes.

Mas não nos esquecemos que a gratidão, se não se converte em obras, é falsa. E uma das formas de agradecer e honrar muito especialmente todas as mães é defendendo a maternidade. Consideremos seus ventres como verdadeiros sacrários através dos quais Deus gera sem cessar filhos seus destinados desde sempre a uma eterna felicidade.

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