segunda-feira, 4 de junho de 2007

Cumplicidade

Com muito gosto atendo ao pedido de uma leitora: “Que tal um artigo sobre cumplicidade, que fale da importância de sermos cúmplices (no casamento) um do outro, cada qual ajudando o parceiro crescer profissionalmente (sem inveja!), esforçando-se por crescer juntos espiritualmente e economicamente. Na maturidade, cheguei à conclusão de que é necessário haver cumplicidade, admiração e respeito para durar, manter e viver um relacionamento! Quanto à parte espiritual, deve ser alimentada desde que nascemos, pois é vital para o ser humano ser feliz” (Aparecida Jorge).
Cara Aparecida, concordo integralmente com suas idéias.
De fato, é muito importante ajudar “o parceiro crescer profissionalmente (sem inveja!)”. Em nosso tempo, muitos casamentos começam a ruir porque um não suporta, por inveja, o sucesso profissional do outro, como se estivessem em uma competição. Ocorre que o casamento é, na essência, o inverso, ou seja, cada qual há de se desdobrar pelo bem do outro. Mas há ainda quanto a isso um outro aspecto a se considerar. É que muitos maridos e mulheres se afanam em “progredir” profissionalmente, mas pouco fazem para crescerem enquanto pai, mãe, esposo e esposa. E sendo assim, muitas desavenças que surgem não são propriamente por um ter um destaque no seu trabalho, mas pelo preço que a esposa (ou o esposo) e os filhos pagaram por isso.
Devem os casais se esforçar “por crescer juntos espiritualmente e economicamente”. Trata-se de ter vida e projetos comuns, sonhar juntos. O que destrói a rocha não são os grandes temporais, mas a goteira que, dia após dia, ano após ano, vai infiltrando nas sendas da pedra. No casamento ocorre algo semelhante, ou seja, não são as brigas esporádicas (aliás, inevitáveis) que abalam suas estruturas, mas as muitas pequenas indiferenças no dia a dia, que os vai distanciando pouco a pouco, ainda que sob o mesmo teto, e que culminará em que tenham vidas paralelas, na qual cada um se torna um estranho para o outro.
“É necessário haver cumplicidade, admiração e respeito”. Temos de aprender a admirar o cônjuge. Nos tempos de namoro, é comum que se vejam as qualidades e que haja uma cegueira total quanto aos defeitos. Com o passar dos anos, ocorre o contrário, ou seja, há como que uma tendência em supervalorizar os defeitos e ignorar as qualidades. Mas é importante que se resgatem as qualidades. E, se formos sinceros, cada um poderia fazer uma lista de bons hábitos na esposa e no marido.
Certa vez ouvi de um amigo, que me relatava o fracasso do segundo casamento: “quando conheci a minha segunda esposa, surpreendi-me de que não tinha nenhum dos defeitos da primeira. Com o passar dos anos, porém, notei que ela possuía outros, para mim, muito piores”. Ora, ele disse-nos o óbvio, quem não tem defeitos? Porém, há que se valorizar as qualidades, pois somente com isso se alcança a admiração, imprescindível para manter acesa a chama do amor.
“Quanto à parte espiritual, deve ser alimentada desde que nascemos, pois é vital para o ser humano ser feliz”. Concordo, de fato, sem uma visão transcendente da vida, do casamento, dos filhos, enfim, da família, é muito difícil haver êxito nesse empreendimento. Isso, porém, independentemente da religião de cada um. Conheço vários casais em que cada qual segue uma religião diferente. Se houver respeito, admiração e, por que não, cumplicidade também nisso, ambos podem ser muito felizes no casamento.

Cara Aparecida, outra coisa não fiz que copiar as suas idéias. E agora que estou para concluir o artigo, o telefone toca. Era a minha esposa que, pela terceira vez, perguntava sobre como concluir uma compra pela INTERNET. A minha primeira reação foi dizer a ela algo do tipo: “será que dá para deixar eu terminar de escrever em paz!?”. Não o fiz, graças às suas palavras: é necessário haver “respeito para durar, manter e viver um relacionamento!”.

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