Hoje é o dia do professor. Excelente oportunidade,
portanto, para meditarmos no papel que o educador deve desempenhar na
construção de um mundo melhor.
Penso que um primeiro passo seja indagar qual é a
missão do professor no mundo atual. Será que o professor do ensino médio, por
exemplo, tem a obrigação de ensinar matemática, literatura, gramática, física
etc, com competência e profundo conhecimento de sua área? Será que o professor
do ensino infantil deve cuidar muito bem das crianças que lhes são confiadas? E
o professor universitário, cabe a ele transmitir o que há de mais avançado em
sua especialidade para que os seus alunos sejam destaques em suas profissões?
Não há dúvida de que se espera tudo isso do
professor. Trata-se de exercer a sua profissão com grande competência e
seriedade profissional, procurando transmitir o melhor e com a melhor técnica
possível aos seus alunos.
Mas a missão do mestre é tão sublime e radicalmente
importante em qualquer sociedade que, ainda que já seja muito exigir-lhes
dedicação e competência na arte de ensinar, isso é ainda menos do que seus
alunos têm direito de esperar deles. É que mais do que informar, ele tem o
dever de formar.
A diferença entre informar e formar já se tornou
quase que um jargão nos meios acadêmicos, de modo que há como que um desgaste
entre os pedagogos na utilização desses termos. Apesar disso, penso que se deva
insistir no assunto.
É que o professor tem diante de si seres humanos que
contemplam um mundo que ainda não compreendem. Jovens e crianças que anseiam
aprender, mas não buscam o conhecimento como um fim em si. Mais que isso, buscam
um sentido para suas vidas. Penso, portanto, que o grande desafio do professor
seja mostrar uma maravilhosa realidade que se esconde por trás de uma equação
matemática. Trata-se de mostrar que, tal como dois mais dois são quatro, o ser
humano tem anseios de felicidade exatamente porque quem o criou com tal anseio
está apto a saciá-lo plenamente.
Hoje é o dia do professor. Trata-se de uma grande
oportunidade que temos para valorizar esse profissional. Mas valorizar não é
apenas pagar bons salários. É certo que isso é importantíssimo. Afinal, não há
dignidade sem que se assegure um mínimo de condições materiais a quem exerce
tão sublime missão.
Mas valorizar o professor implica muito mais. Exige,
antes de mais nada, que se tenha
consciência do seu verdadeiro papel. E isso deve partir do próprio professor.
Implica que ele próprio tenha consciência da dignidade de sua missão. Com
efeito, seus alunos esperam dele, acima de tudo, modelos que valham a pena ser
imitados. A criança e o jovem vêem, ou gostariam de ver, em seus mestres pontos
de referência. Alguém em quem se sentem absolutamente tranqüilos em se
espelhar. Um porto seguro, no qual possam se ancorar. Uma pessoa para quem
possam olhar e dizer: “ainda que falte a ética nos meios políticos, ainda que
falte esperança em muitas pessoas, eu tenho diante de mim um modelo que a todo
momento me inspira alentos de que a vida vale a pena ser vivida”.
Alta é a meta proposta? Sim. Mas não pode aspirar por
menos aquele ou aquela que se aventura ser mestre e guia de seus semelhantes.
Aos professores e às professores, dentre os quais me
incluo, que hoje desfrutamos de um merecido descanso, ouso concluir com um
grande desafio: Amanhã, quando retornamos à sala de aula, olhemos para os
nossos alunos e contemplemos pessoas que anseiam por mais que simples
conhecimentos, tratam-se de seres humanos que querem acima de tudo ser felizes,
e têm direito a que lhes mostremos o caminho para tanto.
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