Há exatamente uma semana, comemorávamos o dia do
idoso. Hoje é o dia do nascituro. Eis uma oportunidade magnífica para celebramos
a vida que já existe desde o maravilhoso momento em que um espermatozóide,
dentre milhares de outros, se funde com um óvulo, dando origem a um novo ser no
templo sagrado do útero de uma mãe.
Dom Bruno Gamberini, Arcebispo Metropolitano de
Campinas, em sua carta intitulada Um
Clamor de Esperança, conclama todos os fiéis para que assumam uma postura ativa
em defesa da vida. Trata-se de um documento que deveria ser lido e meditado por
todos os cristãos, ainda que não católicos. Afinal, todos cristãos proclamam a
fé no mesmo Deus da vida.
Encontramos na carta uma forte e incisiva chamada a
todos para que se empenhem na defesa do direito natural à vida, alertando ainda
para a cultura da morte que pouco a pouco vai se infiltrando em nossa sociedade
sem que percebamos.
De fato, a primeira afronta ao direito natural à vida
é a tentativa velada, mas intensa, perseverante, de se difundir a prática do
aborto. Talvez não percebamos a manobra muito bem articulada nesse intento
homicida, mas ela existe. É que os inimigos da vida agem na surdina, sem
alardes, na calada da noite, até porque não suportam a luz. Mas, se dormirmos,
quando despertarmos, poderá ser tarde demais, e então teremos de conviver com
uma sociedade abortista, que ceifa a vida antes mesmo que o novo ser humano
contemple o dia.
A cultura da morte, estejamos alerta, não pára aí.
Também se empenha em sua fúria homicida pela eutanásia. A pretexto de uma
atuação humanitária, querem matar pessoas quando, com argumentos puramente
interesseiros e utilitaristas, estariam elas apenas sofrendo em um leito de uma
casa ou hospital.
Mas a cultura da morte é mais implacável, astuta e
covardemente destrutiva com os jovens. O jovem traz na alma uma saudável
rebeldia. Seu anseio de mudança o faz rebelar-se contra a cultura da morte, que
não se afina com o anseio de vida que traz dentro de si.
Ocorre que os defensores da cultura da morte não são
capazes de enfrentar com argumentos sólidos os jovens, não podem convencê-los. Exatamente
por isso agem no sentido de destruir esse anseio de vida que trazem em suas
entranhas.
Nesse intento, difunde-se entre os jovens o uso de
entorpecentes, que os leva por caminhos de morte, enfraquece-os na luta,
tira-lhes o que possuíam de mais precioso: a esperança. E então, consumidos
pelo vício, tornam-se velhos, ainda que com poucos anos. Pior, dominados pela
droga, ninguém os dará ouvidos. Afinal, é isso que querem os da cultura da
morte: calar os jovens, pois sabem que são eles que se lançam em cantar e
gritar na defesa da vida.
Os jovens têm desejos de amar. Procuram por alguém a
quem possam se doar sem medidas, pelo resto de suas vidas. Mas os da cultura da
morte se apressam e afogar tais anseios. Estimulam que as relações sexuais sejam
feitas de forma inconseqüente e egoísta, em busca exclusiva do próprio prazer,
usando-se apenas do parceiro para esse fim.
E banalizam o sexo porque, se não fizerem assim, os
jovens acabam encontrando outros que pensam como eles, que sabem doar-se incondicionalmente.
E se o fizerem, voltarão a constituir famílias sólidas e felizes, e nelas se
reacenderão alentos de vida. Que pavor têm os da cultura da morte das famílias
felizes, solidamente constituídas na base de um amor juvenil, de entrega
incondicional!
Os jovens ainda não abafaram a lei natural que trazem
gravada em seus corações. Por isso, querem restabelecer a ética. Mas os da
cultura da morte apresentam-lhes um cenário de roubalheira, de desonestidade,
astutamente sugerindo-lhes: “não vale a pena ser honesto!”.
Mas lamento dizer-lhes, arautos da morte, que a vida
vencerá. Podem ter pequenas e aparentes vitórias aqui a acolá. Mas ao final,
teremos sempre jovens santamente rebeldes, que batem o pé no chão e cantam
canções bonitas que falam da vida. Jovens sóbrios, que sonham com os pés no
chão. Que sabem doar-se, que sabem amar. Jovens que contemplam o cenário
político com indignação, mas com anseio de mudança. A esses é que vem o
conclame de cantar a beleza da vida.
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