Na edição de quinta-feira da semana passada, o
Correio Popular trouxe o relato de uma misteriosa série de enforcamentos de
jovens, registrados em uma região remota do País de Gales. Penso que, quando
nos deparamos com essas notícias, devemos nos questionar: o que cada um de nós
pode fazer para reverter esse triste cenário?
É preocupante a indiferença que marca as relações
entre as pessoas em nosso mundo. Será que os pais desses jovens do País de
Gales não notaram que seus filhos eram infelizes? Há quanto tempo não teriam
eles um brilho nos olhos e um sorriso na face que fossem espelho da paz e
alegria que deveriam reinar em seus corações? O que fizeram para que seus
filhos encontrassem um sentido para suas vidas? Mais que isso, esses pais
tinham um sentido para suas próprias vidas de modo a poder transmiti-lo aos
filhos?
E o mesmo podemos nos indagar de cada um de nós.
Entre os jovens, não haverá um colega de classe que se mantém isolado? Há
alguém que se esforce por trazê-lo às rodas de amigos, ainda que ele pareça
estranho ou chato? Os professores e coordenadores da escola estão atentos a
isso, e se empenham em que esses jovens sejam compreendidos e integrados entre
os amigos?
Isso também ocorre no nosso ambiente de trabalho. Não
haverá um colega que se apresenta com um ar de tristeza? Por acaso sabemos o
nome da esposa, ou do marido e dos filhos das pessoas que trabalham conosco?
Sabemos quais são seus problemas e o que os afligem? Ao menos olhamos para eles
para ver se seus olhos denunciam uma tristeza, algo que lhes faça sofrer?
Quantas vezes essas doenças da alma se curam apenas
pelo fato de um amigo se dispor a escutar com atenção, por alguns minutos, os
problemas por que estejam passando!
E como são nossas relações de amizade? Nossos amigos
são apenas companheiros com quem dividimos a cerveja, jogamos tênis ou contamos
para se ter um número a mais no time de futebol? Ou, mais que isso,
interessamos por seus problemas? Sabemos ouvi-los com atenção?
Mas voltemos ao País de Gales. Todos sabemos a influência
decisiva que teve o cristianismo na história da Europa e, por conseqüência,
também na nossa com a colonização européia. Nos últimos tempos, porém, de uma
forma velada, com uma certa astúcia, mas com atitudes bem concretas, procura-se
tirar Deus da vida das pessoas, ou, quando menos, relegá-lo a uma dimensão
estritamente privada da vida de cada um. Uma manifestação clara disso é o
empenho que fazem em retirar os crucifixos dos locais públicos. Há de se
indagar, porém, a esses arautos do ateísmo, o que pretendem eles colocar em
lugar de Deus no coração desses jovens que, por não verem sentido verdadeiro e
suficientemente convincente para suas vidas, buscam aniquilá-la.
Há que se dizer bem claro, em alto e bom tom: essas
crises existenciais são crises pela falta de Deus. Tenta-se colocar outras
coisas nos corações dos jovens e das pessoas em geral. Porém , tal
como ocorre quando se tenta encaixar uma peça errada no lugar errado de um
quebra-cabeça, a peça não entra, e o conjunto fica incompleto. Assim ocorre com
o ser humano. A peça principal a ser colocada bem no centro de sua existência é
Deus, de quem somos filhos, e por quem buscamos, para que tenhamos um sentido a
nossas vidas. Quando falta essa Peça, nada faz sentido, por mais que se tente
por outras no seu lugar. Porém, quando Ela é colocada no devido lugar, tudo se
“encaixa”. E ninguém pensaria em destruir esse quebra-cabeça, exceto quando Ele
próprio nos convidar para irmos, por Amor, à Sua morada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário