segunda-feira, 14 de abril de 2008

Decisões do casal

Todos nós, pais, encontramos inúmeras dificuldades na educação de nossos filhos. Por vezes, deparamo-nos com situações em que, por mais que nos esforçamos, não sabemos como agir. Devemos considerar, porém, que o problema, muitas vezes, não está propriamente no que decidir, mas em como decidir. Em suma, como deve o casal tomar suas decisões, em especial, aquelas que se referem aos filhos?
Penso que é muitíssimo importante que pai e mãe estejam bem afinados. Mas isso não é fácil. É natural que haja divergência entre o casal. Cada um tem critérios diferentes e pontos de vista que nem sempre coincidem. Por outro lado, as crianças, e também os jovens, percebem tudo. Mais que isso, eles têm uma sensibilidade que percebem as coisas no ar. Por exemplo, quando a mãe dá uma ordem, com a qual o pai não concorda, eles são capazes de notar a insatisfação dele no olhar, no suspiro, em sua feição. Sendo assim, como o pai e a mãe podem alcançar essa sintonia imprescindível para formar os filhos?
A sintonia entre o casal, diga-se, não pressupõe que ambos tenham sempre o mesmo ponto de vista. É normal que existam discordâncias, mais ainda, por vezes, é até bom que briguem, conquanto que longe das crianças. Mas sempre hão de chegar a um consenso. Por exemplo, suponha-se que o filho adolescente queira fazer uma viagem com os amigos. Pode ocorrer que o pai concorde e a mãe não, ou vice-versa. Cada um deverá expor suas razões, dizer os pontos favoráveis e os contrários e, ao final, decidirem. Mas pode acontecer que, mesmo após muita conversa, cada um mantenha o seu ponto de vista. Então, um terá de ceder. E o importante é que não seja sempre o mesmo que cede.
E uma vez tomada a decisão, perante os filhos, deve ser dada como sendo a decisão dos dois. Não há nada pior para o filho que receba uma ordem do tipo: “bem, por mim tudo bem, mas seu pai não quer...”. Ora, essa mensagem não transmite segurança para os filhos. Deixa neles a impressão de que não há certo e errado, que tudo depende do estado de ânimo do pai ou da mãe. No entanto, eles esperam que os pais lhes transmitam convicções seguras, que lhes digam o que é verdadeiramente bom para eles.
Além disso, aquele que cedeu não pode assumir a postura de “esperar para ver no que dá”. Tomemos como exemplo a situação em que o pai concordava com que o filho fosse passar uns dias na casa dos avôs e a mãe não, mas ela acaba cedendo. Depois ocorre de o garoto se machucar. Nesse caso, a mãe não tem o direito de dizer: “não falei, eu disse que ele não deveria ir...”. Tomada a decisão, não importa mais a opinião que prevaleceu. A decisão passa a ser de ambos.
Uma dica interessante é que o casal trate desses assuntos num ambiente agradável. Qualquer empresa de sucesso costuma manter uma sala de reuniões bem equipada. O casal, que administra uma empresa bem mais complexa, deve fazer o mesmo. Pai e mãe deveriam sair juntos, só os dois, uma vez por semana. E, dentre os assuntos, tratar da educação dos filhos. É que, num ambiente de descontração, é mais fácil analisar os problemas com objetividade, saber ouvir, saber ceder etc.

Há alguns anos, eu morava com minha família numa pequena cidade do interior do Estado. Ao final da tarde, ao ouvirem o apito do trem, as crianças gostavam de ir vê-lo passar. Por vezes havia duas locomotivas puxando os vagões. Para que a composição chegasse ao seu destino, vários fatores influem: condição dos trilhos, combustível adequado etc. Mas é imprescindível que ambas as locomotivas puxassem num mesmo sentido. Seria um fracasso se cada qual se colocasse em direções opostas. Isso é evidente. Porém, é exatamente isso que fazem com os filhos o pai e a mãe que não se esforçam seriamente por se afinarem e decidirem juntos sobre a educação deles.

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