segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Uma Vida pela Vida

Neste ano de 2009 o Mons. Fernando de Godoy Moreira completa os seus cinqüenta anos de ordenação sacerdotal. Quem o contempla ao final da Missa na Paróquia Santa Rita de Cássia, pacientemente saudando e abençoando cada um dos seus paroquianos que o procuram, talvez lhe ocorra perguntar: de onde ele tira forças para tudo isso? Como pode manter a serenidade e a alegria apesar do peso que trazem os muitos anos de vida?
Acredito que todo homem e toda mulher nasce com uma missão a cumprir. Decididamente não é o ser humano mero produto do acaso. Não somos seres lançados à própria sorte num mundo cruel e sem sentido. Ao contrário, trazemos gravado no fundo da alma um chamado, um convite que, quando lhe dizemos sim, dá sentido a toda a vida. Nossa existência se assemelha a um quebra-cabeça. Uma vez conhecida a missão, as peças começam a se encaixar e a terem o seu papel. Antes do aceitarmos o chamado elas já existiam, mas num emaranhado confuso e sem sentido. Porém, depois de encaixadas, cada qual no seu devido lugar, que harmonia!
O Monsenhor Fernando ouviu o seu chamado quando tinha apenas 11 anos, e soube segui-lo com valentia. Porém, mais que dizer sim num primeiro momento, o que já é uma grande demonstração de amor, soube perseverar. Prova evidente dessa perseverança é o jubileu de ouro que se aproxima.
Vivemos num mundo em que a palavra dada tem pouco valor. Os compromissos assumidos, por vezes graves, como ocorre no matrimônio, são rompidos ao surgir as primeiras dificuldades. Os jovens, desorientados, sentem-se incapazes de se entregarem por toda a vida, num receio tacanho de se doarem por algo que valha a pena. Nesse cenário, o Mons. Fernando reluz como um exemplo de fidelidade.
São Josemaria Escrivá, fundador do Opus Dei, que também foi um sacerdote fidelíssimo a sua missão, costumava fazer o seguinte trocadilho: fidelidade, felicidade, felicidade, fidelidade, como que querendo dizer que ambas as palavras são a mesma coisa. Com isso desejava deixar claro que tanto mais felizes seremos quanto mais fiéis formos aos compromissos que assumimos.
Certa vez ouvi de uma senhora, casada há várias décadas, a queixa de que alguns defeitos do marido pareciam se agravar com os anos: “ele ficou mais ranzinza e cheio de caprichos e manias”. De fato, nossos defeitos não somem por si sós com o tempo. Temos de lutar contra eles. Mas aqueles que travam uma luta assídua e perseverante vencem a batalha. E a coroa dessa vitória é o rejuvenescimento espiritual. E com isso, ainda que os anos ressoem implacáveis na face e nos cabelos grisalhos, não podem conter a alegria serena que jorra de uma alma jovem. E esse é o mais fiel retrato do Mons. Fernando, rodeado por crianças acolhidas com imensa paciência.
Estamos no ano sacerdotal. Que alegria celebrar o jubileu de ouro exatamente neste ano dedicado aos sacerdotes!
O sacerdote que se mantém fiel a sua vocação é um grande tesouro. São incontáveis os benefícios que proporcionam às almas. Tudo o que quisermos expor ficará aquém. Quantas pessoas não encontraram alívio numa confissão individual! Quantas crianças não se sentiram reconfortadas com uma acolhida alegre! Quantos casais não se sentiram impelidos a serem fiéis aos compromissos assumidos no sacramento do matrimônio!

Nesse mundo tão atribulado, em que as pessoas parecem correr de um lado para outro, como que ocultando o vazio que trazem dentro de si, o Mons. Fernando ressoa como um magnífico exemplo de como encontrar a verdadeira felicidade: sendo fiéis à missão que a cada um de nós foi confiada.

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