Neste ano de 2009 o Mons. Fernando de Godoy Moreira
completa os seus cinqüenta anos de ordenação sacerdotal. Quem o contempla ao
final da Missa na Paróquia Santa Rita de Cássia, pacientemente saudando e
abençoando cada um dos seus paroquianos que o procuram, talvez lhe ocorra
perguntar: de onde ele tira forças para tudo isso? Como pode manter a
serenidade e a alegria apesar do peso que trazem os muitos anos de vida?
Acredito que todo homem e toda mulher nasce com uma
missão a cumprir. Decididamente não é o ser humano mero produto do acaso. Não
somos seres lançados à própria sorte num mundo cruel e sem sentido. Ao
contrário, trazemos gravado no fundo da alma um chamado, um convite que, quando
lhe dizemos sim, dá sentido a toda a vida. Nossa existência se assemelha a um
quebra-cabeça. Uma vez conhecida a missão, as peças começam a se encaixar e a terem
o seu papel. Antes do aceitarmos o chamado elas já existiam, mas num emaranhado
confuso e sem sentido. Porém, depois de encaixadas, cada qual no seu devido lugar,
que harmonia!
O Monsenhor Fernando ouviu o seu chamado quando tinha
apenas 11 anos, e soube segui-lo com valentia. Porém, mais que dizer sim num
primeiro momento, o que já é uma grande demonstração de amor, soube perseverar.
Prova evidente dessa perseverança é o jubileu de ouro que se aproxima.
Vivemos num mundo em que a palavra dada tem pouco
valor. Os compromissos assumidos, por vezes graves, como ocorre no matrimônio,
são rompidos ao surgir as primeiras dificuldades. Os jovens, desorientados,
sentem-se incapazes de se entregarem por toda a vida, num receio tacanho de se
doarem por algo que valha a pena. Nesse cenário, o Mons. Fernando reluz como um
exemplo de fidelidade.
São Josemaria Escrivá, fundador do Opus Dei, que
também foi um sacerdote fidelíssimo a sua missão, costumava fazer o seguinte
trocadilho: fidelidade, felicidade, felicidade, fidelidade, como que querendo
dizer que ambas as palavras são a mesma coisa. Com isso desejava deixar claro
que tanto mais felizes seremos quanto mais fiéis formos aos compromissos que
assumimos.
Certa vez ouvi de uma senhora, casada há várias
décadas, a queixa de que alguns defeitos do marido pareciam se agravar com os
anos: “ele ficou mais ranzinza e cheio de caprichos e manias”. De fato, nossos defeitos
não somem por si sós com o tempo. Temos de lutar contra eles. Mas aqueles que
travam uma luta assídua e perseverante vencem a batalha. E a coroa dessa
vitória é o rejuvenescimento espiritual. E com isso, ainda que os anos ressoem
implacáveis na face e nos cabelos grisalhos, não podem conter a alegria serena
que jorra de uma alma jovem. E esse é o mais fiel retrato do Mons. Fernando,
rodeado por crianças acolhidas com imensa paciência.
Estamos no ano sacerdotal. Que alegria celebrar o
jubileu de ouro exatamente neste ano dedicado aos sacerdotes!
O sacerdote que se mantém fiel a sua vocação é um
grande tesouro. São incontáveis os benefícios que proporcionam às almas. Tudo o
que quisermos expor ficará aquém. Quantas pessoas não encontraram alívio numa confissão
individual! Quantas crianças não se sentiram reconfortadas com uma acolhida
alegre! Quantos casais não se sentiram impelidos a serem fiéis aos compromissos
assumidos no sacramento do matrimônio!
Nesse mundo tão atribulado, em que as pessoas parecem
correr de um lado para outro, como que ocultando o vazio que trazem dentro de
si, o Mons. Fernando ressoa como um magnífico exemplo de como encontrar a verdadeira
felicidade: sendo fiéis à missão que a cada um de nós foi confiada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário