No dia 22 de outubro, tive a grata satisfação de
participar de um encontro de dirigentes de escolas públicas, promovido pela
Fundação Educar DPaschoal e pelo Compromisso Campinas pela Educação. Foi
emocionante e extremamente motivador o depoimento de Rejane da Costa, diretora
da escola Rubem Gomes (RJ). Ela expôs os imensos desafios que enfrentou na
direção do colégio, situado entre os morros do Chapadão e da Lagartixa no Rio
de Janeiro, onde há três facções do tráfico de drogas. Apesar das condições
totalmente adversas de pobreza, violência e falta de esperança de seus alunos,
com muito trabalho, dedicação e amor ela conseguiu reverter a situação precária
por que passava a escola. Hoje, é um exemplo magnífico de superação. E um dos ingredientes
mais importantes desse sucesso, conforme relata Rejane, foi fazer com que os
pais se engajassem em melhorar as condições do colégio. Mais que isso, que se
participassem de verdade da formação de seus filhos.
É inegável que grande parte de nossa população ainda
vive em condições de extrema miséria. Além disso, vivenciamos uma crise ética
de proporção enorme, revelando que a miséria moral, presente em todas as
classes sociais, é talvez mais deletéria para a sociedade que a própria
escassez de bens materiais. Diante desse cenário, surge como um consenso que
somente a educação pode salvar as gerações futuras. Porém, em que rumo deve
andar a educação para superar esses problemas?
Certamente são muitos. Aliás, problema complexo como
esse não comporta solução simplista. Porém, dentre muitas outras ações a serem
tomadas é imprescindível que haja uma sólida formação de valores. E para isso
se faz imprescindível a parceria entre a família e a escola.
A família é insubstituível na formação das pessoas. O
ser humano, por natureza, foi concebido para nascer, desenvolver-se e morrer no
seio de uma família. Assim, é inútil qualquer tentativa de formação de valores
se esses não forem fomentados e vivenciados na família.
Diante dessa realidade, há que se questionar o papel
da escola na formação dos alunos. Sendo evidente a imprescindibilidade da
família, algumas instituições de ensino, públicas ou privadas, se empenham em
fazer uma espécie de delimitação do terreno. Ou seja, estabelecer até onde é
atribuição da escola e até onde cabe à família.
Embora seja necessário mesmo definir atribuições,
penso que muito mais importante que isso é estabelecer parcerias sólidas. O
grande desafio da escola no mundo moderno será formar os pais. É que, se por um
lado eles são insubstituíveis na educação, por outro, estão desorientados, sem
saber como lidar com os grandes conflitos que marcam a educação de seus filhos.
Assim, os pais precisam mesmo “voltar para a escola”
para aprenderem a ser pai e mãe. E a escola que pretenda desempenhar com
eficácia a sua missão de construtora de uma nova sociedade deve estar preparada
para acolher esses “alunos”. Não basta, ainda que seja muito importante, que a
escola tenha bons profissionais habilitados a ensinar com competência a matemática
e a língua portuguesa. Terá de saber ensinar como os pais devem agir para que
os filhos pequenos aprendam a dormir sozinhos, por exemplo, ou como dar motivos
suficientemente fortes para que os adolescentes digam não às drogas.
No próximo dia 7 de novembro, acontecerá em Campinas
um seminário promovido pelo Centro de Estudos da Educação, com o tema “Educar
participando” (www.educarparticipando.com.br). Será abordada a importância do
relacionamento entre pais e escola e também a necessidade de um engajamento de
todos num compromisso sério pela educação. Ao contemplar essas iniciativas,
dentre muitas outras em que se lançam pessoas empreendedoras, vêm como que
intuitivamente as palavras de alento proferidas pela Rejane da Costa: “é
possível, é possível mudar a educação desse País”.
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