Recentemente tivemos a notícia de que o Presidente Lula e a Associação
dos Campeões Mundiais do Brasil estariam negociando a aposentadoria e
indenização para os atletas da seleção que ganharam Copas do Mundo. Comentando
o tema, TOSTÃO, ex-jogador de futebol, comentarista esportivo, escritor e
médico, dentre outras considerações, disse:
Na semana passada, ao chegar de
férias, soube, sem ainda saber detalhes, que o governo federal vai premiar, com
um pouco mais de R$ 400 mil, cada um dos campeões do mundo, pelo Brasil, em
todas as Copas. Não há razão para isso. Podem tirar meu nome da lista, mesmo sabendo
que preciso trabalhar durante anos para ganhar essa quantia. O governo não pode
distribuir dinheiro público. Se fosse assim, os
campeões de outros esportes teriam o mesmo direito. E os atletas que
não foram campeões do mundo, mas que lutaram da mesma forma?
campeões de outros esportes teriam o mesmo direito. E os atletas que
não foram campeões do mundo, mas que lutaram da mesma forma?
Não pretendemos fazer comentários sobre o aspecto ético ou legal da
medida. Talvez o façamos em outra oportunidade. Mas essa última frase dita pelo
Tostão merece ser meditada por todos, em especial pelos educadores. De fato,
somente os campeões, os melhores, os que se destacam, os que vencem devem ser
reconhecidos e premiados?
É comum que os pais elogiem os filhos quando vêem que tiram notas boas na
escola ou quando se destacam num esporte, especialmente se for na modalidade de
preferência do pai. É bom reconhecer o êxito e o sucesso dos filhos e dos
alunos. Eles necessitam de se sentirem aprovados pelos pais e pelos
professores. Porém, mais importante que valorizar os êxitos e as vitórias, que
ademais todos o fazem, o bom educador deve saber reconhecer o esforço. Nesse
sentido, pode acontecer que a nota seis de um filho em língua portuguesa mereça
mais elogio que o oito do outro em matemática.
Essa postura não pode ser tida como um estímulo à mediocridade. Afinal,
bem ou mal o mundo exige resultados e temos de saber a lidar com isso. Mas os
pais e professores devem saber e, mais que isso, ser coerentes em suas
atividades educativas, que cada filho, cada aluno é único, com seus defeitos e
suas limitações. Cabe ao educador estimular para que se supere, vença os
defeitos e, se possível, que dilate os seus limites. Mas sempre teremos limitações.
É preciso saber ressaltar as qualidades. Antes de qualquer crítica, ou
mesmo de uma exigência em um ponto qualquer, convém que se reconheça o que o
filho ou aluno possui de bom. Depois de se elogiar é que se pode exigir que
sejam melhores ainda naquilo que já fazem bem e em outros aspectos em que ainda
não o fazem.
Essa tarefa não é fácil. Querendo empregar bem essa técnica, certa vez
chamei pelo meu filho que precisava melhorar em um aspecto, de que agora não me
lembro, e então comecei pelos dois elogios. Como ele já me conhece bastante, ao
esboçar o primeiro elogio, ele já disse: “Tá bom, pai, pode pular essa parte. O
que você quer que eu faça agora?”. Talvez uma solução para isso seja não fazer
sempre elogios “interesseiros”. Ou seja, elogiar sempre que há um esforço por
fazer algo bom, independentemente de, na seqüência, vir com uma nova exigência.
E, quando essa for necessária, conseguiremos dele ou dela a atenção necessária.
A educação consiste em formar de maneira completa a personalidade. Isso
implica reconhecer as limitações exatamente para superá-las e saber conviver
com elas. O grande desafio do educador é reconhecer não apenas o êxito obtido
em padrões de avaliação pré-estabelecidos, mas, sobretudo, o esforço daquele a
quem se educa em dar o máximo de si em tudo o que faz.
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