Recentemente
a mídia noticiou que a campanha da cerveja Devassa Bem Loura, do Grupo
Schincariol, estrelada pela socialite
Paris Hilton, acabou na mira do Conselho Nacional de Autoregulamentação
Publicitária (Conar), depois de o órgão ter recebido denúncias. Um dos
processos foi movido pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres,
que considerou o conteúdo do site “sexista”
e desrespeitoso à mulher.
Quando analisamos a situação da mulher na sociedade, e
que foi o fator desencadeante do movimento feminista, vemo-la num passado não
muito longínquo na condição de inferioridade jurídica e de fato em relação ao
homem. Até 1.932 elas não tinham direito ao voto. O Código Civil de 1.916 a tratava
como relativamente incapaz, ou seja, dependente do marido para a prática de
qualquer ato da vida civil.
Muito se evoluiu e a mulher desfruta hoje de uma
verdadeira igualdade jurídica. Em nosso País elas ocupam cargos importantes
tanto na iniciativa privada quanto na Administração Pública, e o fazem com
muita competência.
Na prática, porém, a implementação dessa igualdade
jurídica pode ensejar distorções que vêm em detrimento da própria mulher. É que
muitas vezes se ignora que ela é essencialmente diferente do homem. Não é que
seja superior nem inferior, mas diferente. E a verdadeira igualdade jurídica
deve considerar essa natural diversidade.
São muitos os aspectos que marcam essa diversidade,
mas podemos tomar um, apenas a título de ilustração. O homem tem uma tendência
natural de proteção à mulher. Ela, ainda que não admita ou não se dê conta
disso, gosta de ser protegida. Por sua vez, a mulher tem uma forte vocação de cuidar.
Tanto que é ela, no mais das vezes, quem passa as noites ao lado do filho
doente. Diante disso, ainda que em pleno século XXI, não há nada de machista em
pensar que o marido deve proteger a esposa. Pouco importa que ela seja a
presidente de uma importante instituição e ele um simples funcionário de uma
repartição. Na relação conjugal, ela quer ser protegida e ele necessita de exercer
o papel de protetor. Isso não é colocá-la em situação de inferioridade, nem de
superioridade, mas de diferença e que exatamente por isso se complementam.
Outra diferença marcante está no próprio
relacionamento sexual. Em regra o homem se prepara para o ato sem maiores
rodeios, ao passo que a mulher, também salvo exceções, precisa de uma
preparação maior, de se criar um clima propício etc. Nesse contexto, esses
comerciais que colocam mulheres insinuantes e prontas para serem “consumidas”
com a mesma facilidade e prontidão que o produto anunciado, no fundo,
colocam-na na degradante condição de mero objeto de um prazer machista.
Também a moda, no mais das vezes criada por homens,
forçam-na a exercer esse mesmo papel. Com efeito, as roupas provocantes e que
estimulam a sensualidade nada mais são do que uma espécie de escravidão: “ou eu
sou atraente – para os homens – ou não sou mulher de verdade”, dizem-na a todo
tempo, ainda que subliminarmente. Mas estará
a mulher de nosso tempo verdadeiramente satisfeita com essa condição a que foi
reduzida?
Temos de levantar a bandeira de um novo feminismo que
promova a dignidade da mulher. Que reconheça que ocupa um papel importantíssimo
na condução da sociedade, inclusive naquele em que será sempre insubstituível:
a maternidade. Que não tenha receio de dizer que a mulher gosta de ser
protegida, mas, sobretudo, que diga bem claramente que não é nem nunca foi um
mero objeto de consumo. Ao contrário, na relação com o homem precisa ser amada
de verdade. E o amor não se esvai ao sabor de uma cerveja, mas edifica-se tanto
mais quanto mais a ele se entrega a cada dia incondicionalmente.
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