Há
pouco, num curso de orientação familiar, ouvi o relato do drama vivido pela
mulher, que não se refere a uma pessoa em concreto, mas é como que a síntese do
que sentem muitas esposas de nosso tempo. Vale a pena transcrevê-lo:
“É
curioso como a vida vai situando cada qual em diferentes lugares. Às vezes,
penso que se eu pudesse voltar aos meus 25 anos, com a experiência que tenho
agora, como faria as coisas de modo diferente! Vejo o que aconteceu, eu que
comecei como esposa e dona de casa ‘certinha’, sou agora uma executiva de um
banco.
“No
entanto, tenho a impressão de não estar controlando a minha própria vida. Os
sentimentos parecem que vão num sentido e a cabeça noutro... Trata-se de uma
sensação estranha. Até a minha consciência está perturbada. Às vezes nem sei o
que é bom..., é tudo tão relativo...
“A
verdade é que o meu trabalho me apaixona. O ambiente é mais jovial e meus
colegas de trabalho são encantadores. Em especial, o Artur me faz sentir
diferente. Outro dia, almoçamos os dois sozinhos, voltei a experimentar
sentimentos que pensava ter esquecido. É uma pessoa ótima e creio que me
compreende; ele também passou por crises matrimoniais antes de se separar. Além
disso, creio que lhe agrado... pelo menos me diz sempre coisas agradáveis”.
É
o relato de como se sente uma mulher cujo casamento está verdadeiramente em
perigo. Nessa situação, provavelmente não faltariam hoje em dia maus conselhos
que a empurrassem para uma aventura extraconjugal, como se o Artur não fosse se
transformar, em bem pouco tempo, mais indiferente que o esposo dela. Mas não é
essa abordagem que pretendemos fazer. O desilusão na vida conjugal nunca é obra
do acaso ou da má sorte, mas fruto das opções que fizeram o marido e a mulher
nas mais diversas situações de suas vidas. Mas hoje queremos nos ocupar do que
cabe ao homem fazer para manter um relacionamento cada vez mais feliz.
A
mulher tem necessidade de nos contar as coisas e precisa que as escutemos com
atenção. Mais que isso, que nos interessemos por aquilo lhe preocupa. Acontece
que a cabeça de nós, homens, funciona como uma espécie de máquina de solucionar
problemas. Assim, se nos conta algum incidente que ocorreu com ela no
supermercado, no trabalho ou no trânsito, imediatamente começamos a processar
aquelas informações para lhe dar alguma solução. No entanto, a mulher não quer
soluções nem conselhos dados com ares de superioridade, até porque no mais das
vezes ela já tem a solução. O que quer é simplesmente que a ouçamos com
atenção, que saibamos olhar nos olhos e procurar saber como se sente.
A
mulher gosta e lhe faz bem ter relação íntima com o esposo. No entanto, para
ela o ato sexual é o ponto culminante de todo um contexto de cuidado, atenção e
delicadeza. Por isso, ela se irrita muito, e com razão, que nos mostremos
carinhosos apenas minutos antes e, pior ainda, com o afã de partir o quanto
antes para “o finalmente”. O sexo há de ser, nesse sentido, como que o cume de
uma doação integral e não pura satisfação de uma necessidade fisiológica.
Lembro-me
das palavras de um treinador de futebol, muito simples, mas muito apaixonado
pelo esporte. Quando a situação do time era crítica, ou era necessário avançar
com valentia para vencer o adversário, após dar as mesmas instruções de sempre,
dizia: “agora é cada um colocar o coração na ponta da chuteira e partir para o
ataque”. E depois disso não se via no campo alguns pés com um coração
“adocicado”, mas valentes guerreiros determinados a vencer, custe o que custasse.
Penso
que é assim que elas esperam que nos portemos. Não querem apenas um órgão e em
poucos momentos, mas que nos doemos a elas de corpo e alma, virilmente
determinados a conquistá-las a cada dia, a cada minuto, por toda uma vida. Não
sejamos tolos. No fim desse “jogo”, e enquanto jogamos também, teremos uma
alegria imensa e uma paz verdadeira, muito mais intensas e fortes que um
efêmero grito de gol.
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