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Você é a culpada de nossa filha estar indo tão mal da escola! Parece que só
pensa na limpeza da casa e se esquece de todos nós! – diz um pai em meio a uma
discussão com a esposa.
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A, é!? – Retruca ela. – Não sou eu que chego todo dia tarde a casa e, com a
desculpa de estar cansado, nem se preocupa em saber como foi o dia dela ... e
tanto menos o meu. A propósito, será que eu existo para você? Eu dou um duro
danado para tentar manter esta casa em ordem e você nem reconhece o meu
esforço.
Alguém
já viu esse filme? Ou, ainda que com contornos diferentes, o mesmo tipo de
discussão? Mas será essa a maneira mais eficaz de se enfrentar a questão do mau
rendimento escolar da filha? Será que desse jeito se resolve algum problema
familiar?
Sempre
que se aventura a estudar soluções para as crises conjugais, alguém solta a
velha afirmação: “o importante é o diálogo”. De fato, isso é imprescindível
para qualquer relacionamento humano, sobretudo o conjugal. Porém, a conversa em
si não basta. Deve-se cuidar da qualidade da comunicação e, principalmente, que
dela se advenham soluções e ações concretas que mudem a situação, transformando
as pessoas envolvidas.
O
primeiro desafio do pai e da mãe que se veem diante de uma situação indesejável
em relação aos filhos ou ao próprio relacionamento conjugal é identificar, com
objetividade, os fatos. No caso proposto, por exemplo, hão de se indagar: “o
que aconteceu?”, “quais foram as suas notas neste ano?”, “qual é o motivo
disso?”, “quantas horas por dia passa diante do computador? Fazendo o quê?”.
Uma
vez identificados os fatos, numa conversa serena e respeitosa, o segundo passo
é apontar os problemas. Trata-se de investigar a fundo as causas da situação
indesejada. Por exemplo, passar várias horas por dia no msn, para um
adolescente com mau rendimento escolar, pode ser objetivamente um problema.
Deixar de estudar um determinado número de horas também o é. Em relação ao
casal, é também um enorme problema o fato de estarem discutindo diante dos
filhos. E pai e mãe precisam ter a valentia de tratarem desse assunto com
maturidade, com a abertura necessária para reconhecerem os próprios erros e,
mais que isso, que haja uma sincera disposição de lutar por serem melhores.
Um
aspecto importante na identificação dos problemas, é que não precisa haver
consenso entre o pai e a mãe, o que não acontece com os fatos. O fato é algo
certo, objetivo, que aconteceu ou não. Por exemplo, tirar 3,5 em uma prova é um
fato. Já o que se identifica como um problema pode ser encarado de forma
diferente. Pode ocorrer que o pai entenda que deixar a TV ligada o dia todo não
seja um problema e para a mãe o seja. Nesse caso, mesmo que não se concorde,
deverá haver o esforço por se analisar sob o ponto de vista do outro e, com
isso, aceitar buscar uma solução em conjunto.
Por
fim, identificados os problemas, hão de ser buscadas soluções concretas. No
caso proposto, por exemplo: conversar com a filha e propor um horário de estudo
com o computador desligado; em casos mais graves, acertar que não se terá
regalias, como sair com as amigas ou passear no sábado, sem que se cumpra com
mais afinco um plano de estudos. Quanto ao próprio problema do casal,
mencionado na discussão acima, pode-se combinar que o marido se interesse mais
pelas coisas da esposa, que lhe seja mais atencioso; e ela, que seja menos “estressada”
com as coisas da casa e saiba também compreender o cansaço do marido. E, uma
vez propostas as soluções, cada um deve se esforçar para colocar em prática
esses propósitos.
A
harmonia no lar depende de pequenos detalhes de carinho, de atenção, de saber
relevar e que são cuidados, ou descuidados, no dia-a-dia. No entanto, as faltas
disso, ou seja, os problemas, nem sempre são constatados facilmente. Por isso,
é mesmo imprescindível o diálogo. Mas não se trata de qualquer diálogo, mas sim
de uma troca de informações que gere propósitos de melhora para todos os membros
da família.
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