Na
edição do último dia 14 de junho, o Correio Popular trouxe a notícia de que a obesidade
atinge 64 mil crianças e adolescentes de Campinas. Segundo estudo realizado, um
em cada quatro na faixa de 2 a
18 anos está acima do peso. Esse índice é preocupante e a questão deve mesmo
orientar políticas públicas na área de saúde e alimentação. Mas será que o
problema se resolve apenas perdendo alguns quilos?
Muitas
vezes a causa da obesidade já começa numa alimentação inadequada na primeira
infância. É que muitas mães e pais confundem criança saudável com criança
gordinha. E, com isso, esforçam-se por enfiar goela abaixo sempre uma colher de
papinha a mais. O objetivo de uma boa refeição passa a ser não o suficiente
para saciar a criança, mas esvaziar o prato que a mãe ou a vovó fizeram. Com
isso, o relógio de saciedade fica “mal programado” e, desde cedo, aprende-se a
comer a mais e sem fome.
Mas
a situação se complica com certos hábitos que se permite quando ficam maiores.
É que em muitas casas os filhos comem a qualquer hora e, pior, diante da TV. Com
isso, o problema não é apenas de saúde, mas atinge o próprio relacionamento
familiar. É que a refeição pode e deve ser um momento de convivência e de
congregação da família.
Além
disso, devemos educar os filhos para fazer a alimentação em horários certo. E se
alguém não quiser almoçar, por mero capricho ou outro motivo que não seja
doença, os pais devem ser firmes em dizer que somente irá se alimentar na
próxima refeição (lanche da tarde, p. ex.). Com isso, mais que cuidar da saúde
corporal, fomenta-se a virtude da fortaleza. É treinando não comer um chocolate
fora de hora que eles serão fortes o suficiente para não aceitar um cigarro de
maconha, por exemplo.
Quanto
aos adolescentes, além dos hábitos alimentares inadequados, é também freqüente
passarem horas “esparramados” no sofá ou no chão diante da TV. Também não é bom
para a saúde. E isso não apenas pelo sedentarismo em si. Ao ficar deitado,
treina-se a não fazer nada. Crescem totalmente desacostumados a qualquer
esforço. E o resultado é o que se observam todos os dias: fogem de tudo o que
significa algum sacrifício, incapazes até de manter uma postura adequada
durante as aulas.
É
evidente que há casos de obesidade patológica, que devem ser tratados por
profissionais competentes. Mas em grande parte, contudo, o problema não é
apenas de excesso de alimentação, mas de uma educação pouco exigente, que
esquece a importância de se fomentar as virtudes nos filhos e nos alunos.
A
virtude nada mais é que um hábito bom, adquirido pela reiteração de ações. Por
exemplo, quando se opta por dizer a verdade, mesmo em situações difíceis,
talvez isso custe num primeiro momento. Porém, com a repetição dessas ações elas
se tornarão pouco a pouco mais fáceis, de modo que o contrário (mentir) é que
se tornará uma tarefa custosa. Quando isso acontece, pode se dizer que se
adquiriu a virtude da veracidade. O mesmo ocorre com um vício, ou seja, a
reiteração de más ações (gritar ou xingar no trânsito, p.ex.), também pode se
transformar num hábito ruim.
Portanto,
mais que corrigir o problema da obesidade, há que se fomentar hábitos bons nos
nossos filhos, pois esses são imprescindíveis para que se realizem como
pessoas.
Ao
se propor isso, talvez alguém possa pensar que transformaríamos nossa casa ou a
escola numa espécie de destacamento militar. No entanto, não precisa ser assim.
Exigimos dos nossos filhos ou alunos que tenham disciplina por amor, para que
sejam fortes e um dia se transformem em homens e mulheres responsáveis e
felizes, não por capricho ou outro motivo qualquer. Um grande desafio do
educador é fazer da casa, um lar e da escola, um ambiente de aprendizado sadio.
Não se pode ter nem a moleza de uma colônia de férias nem a frieza de um
quartel. In medio virtus est, como
diz o adágio. Encarada dessa forma, a virtude faz muito bem à saúde, tanto do
corpo como da alma.
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