Na
última sexta-feira, o Brasil experimentou a desolação da derrota na Copa do
Mundo de Futebol. Apesar de no primeiro tempo a seleção brasileira apresentar
uma boa atuação, com o primeiro gol da Holanda, vemos os nossos jogadores
perdidos e incapazes de esboçar uma reação. É interessante observar a atuação
do técnico brasileiro. Diante dos erros da arbitragem, que em minha opinião
muito atrapalhou o espetáculo, vemo-lo extremamente nervoso e irritado, a ponto
de desferir um soco contra a estrutura que cobria o banco de reservas. De certo
modo, é compreensível a reação do nosso treinador. Mas essa sua atuação terá
contribuído, ou, pior ainda, teria sido determinante para que os jogadores
também ficassem abalados emocionalmente a ponto de não conseguirem reagir?
Não
tenho a resposta a essa indagação. Mas é certo que todo aquele que tem a missão
de ser líder pode meditar nessa questão e tirar bons propósitos. Qual é a
função do pai, do professor, do ministro religioso, da autoridade pública, enfim,
de quem se lança a ser guia alguém? Em especial, como devem reagir diante das
contrariedades ou mesmo injustiças, grandes ou pequenas, por que se passa,
inexoravelmente, no dia-a-dia?
Mais
que às palavras, os filhos e os alunos estão atentos aos gestos, às reações e às
manifestações dos sentimentos de seus líderes em cada situação. O
próprio caráter deles vai se forjando a partir desses exemplos. Por
conseqüência, deve-se estar atentos, pois as atitudes sempre influem, positiva
ou negativamente, na sua formação.
O
líder há de ser sempre alguém que inspira confiança. Há de se encontrar neles a
segurança, mesmo diante de condições adversas. O filho, numa situação de
perigo, ao sentir a presença do pai ou da mãe experimenta, no fundo da alma,
uma sensação de proteção, ainda não se possa assegurar, humanamente falando,
que sairão ilesos de uma adversidade.
Tomemos
o exemplo de um filho ou de uma filha que, na sua adolescência, enfrenta as
dificuldades de um primeiro namoro. Ainda que não o digam nem admitam, esperam
– e têm direito a isso – encontrar no pai ou na mãe uma estabilidade emocional
e afetiva capaz de ser para eles um modelo de como encarar esse relacionamento.
No entanto, se o próprio pai ou a mãe estão partindo eles próprios para o
quarto ou quinto namoro, todos eles recheados de brigas e rupturas, no mais das
vezes decorrentes de uma tardia imaturidade, não conseguirão desempenhar o
papel de guia que lhes cabe nessa situação.
Devo
admitir que mal terminou o jogo tive imensa vontade de desligar a TV e sair a
sós para uma caminhada, deixando as crianças entre choros e arrancando as
bandeiras penduradas. Que péssimo exemplo de liderança! Seria mais ou menos
como que o marinheiro ser o primeiro a abandonar o navio diante de um possível
naufrágio...
O
líder precisa ter bem claro que apesar de o árbitro de futebol cometer erros
gritantes, mesmo que os outros motoristas que circulam no trânsito façam
barbaridades, ou ainda que estejamos passando por situações difíceis, deve
haver um renovado esforço por ser um porto seguro onde aqueles a quem lideram
encontrem paz e serenidade.
Os
filhos e os alunos têm direito de ver nos pais e professores alguém capaz de
serenar as tempestades da vida, caminhando sobre as águas se preciso for. E por
não ter condições de fazê-lo por suas próprias forças, o líder necessita se aproximar
de um Pai e de um Mestre para que, assim fortalecido, encontre nEle a segurança
que não tem. E, dessa forma adquirida, pode distribuí-la abundantemente.
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