Aproxima-se o final do ano. Nesse tempo, muitas famílias se vêem diante
do tormentoso problema de escolher o melhor colégio a quem confiar a educação
dos filhos. Que critérios devemos traçar para tomar a decisão correta?
Os pais devem procurar por colégios que primem pela qualidade técnica do
ensino. Nossos filhos precisam estar muito bem preparados para enfrentar um
mercado de trabalho cada vez mais competitivo. Mas isso não basta. É que não
queremos apenas que tenham profundos conhecimentos em matemática, língua
portuguesa, biologia, física, química etc. No fundo, gostaríamos que fossem
homens e mulheres responsáveis e felizes, sem deixar de dominar os
conhecimentos científicos necessários para desempenhar com competência o papel
que lhes cabe na sociedade.
Cabe ao colégio, quase com exclusividade, transmitir os conhecimentos
científicos necessários para o ingresso numa Universidade e, também, para o
exercício de uma profissão. Na formação humana, porém, os principais
responsáveis sempre foram e serão os pais.
Apesar disso, o colégio exerce um papel fundamental na formação dos
valores. É que os alunos passam várias horas por dia recebendo ensinamentos
dentro de uma sala de aula e é natural a enorme influência exercida pelo
professor. Por isso, os pais devem procurar por instituições que cultuem
valores semelhantes aos vividos na família. Mas isso nem sempre se consegue facilmente.
Pode se pensar, por exemplo, que uma instituição confessional, por seguir
a linha de uma determinada religião, será suficiente para se alcançar a
almejada coerência com os valores familiares. No entanto, nem sempre isso
ocorre. É que muitas vezes os professores são contratados exclusivamente por
critérios técnicos e sem a devida formação naquilo que a instituição
explicitamente afirma seguir. Por outro lado, em escolas não confessionais, em
que os pais poderiam legitimamente esperar certa neutralidade em matéria de fé,
mas um profundo respeito a todas as religiões, pode ocorrer que determinado
professor venha a ridicularizar ou simplesmente tratar como mitos convicções
preciosamente defendidas na família.
Mas encontrar um colégio no qual se cultuem valores semelhantes aos
vividos na família ainda é pouco. Além disso, é necessário que haja canais de
comunicação muito bem definidos, como ocorre em qualquer parceria que pretenda
ser de sucesso. Não basta que os pais sejam chamados prontamente quando os
filhos mereçam uma advertência, nem que estejam cientes dos maus resultados
escolares. Deve haver um diálogo freqüente entre professores/coordenadores e os
pais, de modo a se reconhecer os pontos positivos do filho ou da filha e, a
partir deles, traçar um projeto de melhora pessoal.
Ao se estabelecer critérios tão exigentes na escolha do colégio, muitos
pais pensarão que não sabem sequer como cultivar na família esses valores
fundamentais, de modo que tanto menos saberão procurar um colégio que os
auxilie nisso. Esse fato, inegável, nos remete para um dos maiores desafios da
escola para o futuro: formar os pais.
Se os pais não sabem exatamente como educar os filhos, ao invés de
procurar substituí-los – e nisso eles são insubstituíveis – a escola pode
ensiná-los a ser pais, que cumpram com responsabilidade o seu papel. Para isso,
porém, a instituição de ensino deve ter a coragem de admitir uma concepção
muito clara sobre o que é o homem e a mulher, qual é o seu papel na sociedade e
quais são os caminhos que possam trilhar para alcançar a tão sonhada
felicidade. Do contrário, ouviremos cada vez mais aquela odiosa frase: “até
aqui vai a escola, daqui para frente cabe à família”.
Assim como o coração e a mente de nossos filhos estão integrados numa
existência única, de tal forma que não subsistem um sem a outra, não é possível
separá-los no processo educativo. Exatamente por isso pais e professores devem
se sentir co-responsáveis num empreendimento comum. E essa missão é tão
radicalmente importante para ambos que do seu sucesso dependerá a felicidade de
um ser humano, a sobrevivência de toda a sociedade e da nação. Mais ainda: os
rumos da humanidade inteira.
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