segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Família e colégio: um diálogo necessário

Aproxima-se o final do ano. Nesse tempo, muitas famílias se vêem diante do tormentoso problema de escolher o melhor colégio a quem confiar a educação dos filhos. Que critérios devemos traçar para tomar a decisão correta?
Os pais devem procurar por colégios que primem pela qualidade técnica do ensino. Nossos filhos precisam estar muito bem preparados para enfrentar um mercado de trabalho cada vez mais competitivo. Mas isso não basta. É que não queremos apenas que tenham profundos conhecimentos em matemática, língua portuguesa, biologia, física, química etc. No fundo, gostaríamos que fossem homens e mulheres responsáveis e felizes, sem deixar de dominar os conhecimentos científicos necessários para desempenhar com competência o papel que lhes cabe na sociedade.
Cabe ao colégio, quase com exclusividade, transmitir os conhecimentos científicos necessários para o ingresso numa Universidade e, também, para o exercício de uma profissão. Na formação humana, porém, os principais responsáveis sempre foram e serão os pais.
Apesar disso, o colégio exerce um papel fundamental na formação dos valores. É que os alunos passam várias horas por dia recebendo ensinamentos dentro de uma sala de aula e é natural a enorme influência exercida pelo professor. Por isso, os pais devem procurar por instituições que cultuem valores semelhantes aos vividos na família. Mas isso nem sempre se consegue facilmente.
Pode se pensar, por exemplo, que uma instituição confessional, por seguir a linha de uma determinada religião, será suficiente para se alcançar a almejada coerência com os valores familiares. No entanto, nem sempre isso ocorre. É que muitas vezes os professores são contratados exclusivamente por critérios técnicos e sem a devida formação naquilo que a instituição explicitamente afirma seguir. Por outro lado, em escolas não confessionais, em que os pais poderiam legitimamente esperar certa neutralidade em matéria de fé, mas um profundo respeito a todas as religiões, pode ocorrer que determinado professor venha a ridicularizar ou simplesmente tratar como mitos convicções preciosamente defendidas na família.
Mas encontrar um colégio no qual se cultuem valores semelhantes aos vividos na família ainda é pouco. Além disso, é necessário que haja canais de comunicação muito bem definidos, como ocorre em qualquer parceria que pretenda ser de sucesso. Não basta que os pais sejam chamados prontamente quando os filhos mereçam uma advertência, nem que estejam cientes dos maus resultados escolares. Deve haver um diálogo freqüente entre professores/coordenadores e os pais, de modo a se reconhecer os pontos positivos do filho ou da filha e, a partir deles, traçar um projeto de melhora pessoal.
Ao se estabelecer critérios tão exigentes na escolha do colégio, muitos pais pensarão que não sabem sequer como cultivar na família esses valores fundamentais, de modo que tanto menos saberão procurar um colégio que os auxilie nisso. Esse fato, inegável, nos remete para um dos maiores desafios da escola para o futuro: formar os pais.
Se os pais não sabem exatamente como educar os filhos, ao invés de procurar substituí-los – e nisso eles são insubstituíveis – a escola pode ensiná-los a ser pais, que cumpram com responsabilidade o seu papel. Para isso, porém, a instituição de ensino deve ter a coragem de admitir uma concepção muito clara sobre o que é o homem e a mulher, qual é o seu papel na sociedade e quais são os caminhos que possam trilhar para alcançar a tão sonhada felicidade. Do contrário, ouviremos cada vez mais aquela odiosa frase: “até aqui vai a escola, daqui para frente cabe à família”.

Assim como o coração e a mente de nossos filhos estão integrados numa existência única, de tal forma que não subsistem um sem a outra, não é possível separá-los no processo educativo. Exatamente por isso pais e professores devem se sentir co-responsáveis num empreendimento comum. E essa missão é tão radicalmente importante para ambos que do seu sucesso dependerá a felicidade de um ser humano, a sobrevivência de toda a sociedade e da nação. Mais ainda: os rumos da humanidade inteira.

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