Muito
se prega e debate hoje em dia sobre a necessidade de motivar os funcionários a trabalharem
com afinco para atingir as metas propostas. Felizmente, cada vez mais as
instituições estão se conscientizando de que o seu maior bem são as pessoas e
que essas, para desempenharem um trabalho de modo eficiente e eficaz, precisam
estar vibrantes. Mais ainda, hão de estar dispostas a dar o máximo de si em
busca de algo que, para elas, valha a pena lutar.
Em
busca da tão necessária motivação, muito se tem feito e estudado. Surgem,
então, inúmeras teorias. Ora se prega a premiação com aumentos de salários ou
concessões de gratificações, ora se diz que o importante é atrelar as promoções
aos méritos apurados, ora se afirma que é necessário reconhecer o esforço.
Ainda nesse intento de manter os trabalhadores motivados, a psicologia estuda a
caracterologia das pessoas de modo a encontrar, em cada uma, a forma mais
adequada estimular a vontade.
Essas
iniciativas são válidas e podem até proporcionar algo de bom aos trabalhadores.
Afinal, motivação, vibração e realização profissional são conceitos próximos,
ainda que não necessariamente atrelados. Mas talvez alguns especialistas no
assunto estejam se equivocando ao tentar encontrar em cada pessoa um meio de
motivá-las segundo as suas personalidades, esquecendo-se de que, de certo modo,
se poderia também ensiná-las a buscar essa motivação em algo que não haviam
pensado antes.
Dizem
que “onde está o nosso tesouro aí estará o nosso coração”. Com isso, num grupo
de pessoas em que o dinheiro é a única coisa que importa, a motivação somente
viria com a promessa de vantagens econômicas. Noutro que gosta da fama, a
solução seria publicar no jornal da instituição a foto dos “profissionais do
mês” e assim sucessivamente. É fácil de se constatar, porém, que essas
premiações possuem um efeito muito passageiro. O dinheiro se torna rapidamente
insuficiente, e então se quer mais e mais... e é difícil encontrar uma empresa
que consiga aplacar essa ânsia monetária por muito tempo. O mesmo se aplica aos
expedientes que simplesmente aguçam a vaidade. É bom e é justo que se premie
economicamente o esforço e que esse seja reconhecido publicamente, mas há que
se buscar algo mais duradouro a sustentar as pessoas nas suas instituições.
Não
há motivação duradoura se estiver embasada exclusivamente na busca de satisfações
egoístas. Nesse sentido, o maior desafio é fazer enxergar em cada atividade,
por mais simples e sem importância que pareça, o bem para o próximo que um
trabalho bem feito proporciona. O que é mais importante, a sentença do juiz ou
o trabalho da faxineira que, pela manhã, limpa a sala de audiência? É mais
importante aquele que é feito com mais amor. Com efeito, pode-se limpar de
qualquer jeito, ou fazê-lo com esmero, pensando no bem que um ambiente limpo
pode causar os que passarão por ali. Do mesmo modo, a decisão do magistrado
pode ser tomada de forma a lhe causar menos incômodo ou com o propósito firme
de fazer justiça, ainda que muito lhe custe.
Penso
que deveríamos não apenas motivar os nossos funcionários, mas estimulá-los a
buscar essa motivação em coisas mais duradouras. Quando escrevo essas palavras,
intuitivamente me vem à mente a Karla, o Antônio, a Tereza, o Marcel, a Andreia,
o Roberto, o Rubin, o Rodrigo, a Márcia, o Luiz Carlos, o Toninho, a Isadora, o
Wilson, o Paulo, a Penha, a Roberta e o José Pereira, cada um dando o máximo de
si em seu trabalho. Sinto-me como se pesasse nas costas a responsabilidade de
lhes dar um sentido mais profundo e duradouro para as suas difíceis tarefas.
São pessoas maravilhosas e formam a minha equipe! E então convido o leitor a
desfilar em suas mentes, um a um, os seus companheiros de trabalho, e a se
sentir igualmente responsável pela realização profissional de cada um deles. E,
acredite, quem mais lucra com essa forma de enxergar os nossos colegas somos
nós próprios. Talvez nos sirva como lema a frase lapidar do saudoso Raul Seixas:
"O meu egoísmo é tão egoísta que o auge do meu egoísmo é querer
ajudar".
Nenhum comentário:
Postar um comentário