segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Dilma e Cristina: a dignidade da mulher

Na semana passada os jornais exibiram as fotos do encontro das Presidentes do Brasil, Dilma Rousseff, e da Argentina, Cristina Kirchner. O momento é histórico, pois é como que o ponto culminante das grandes conquistas que a mulher conseguiu em nosso continente sul americano e também em grande parte do mundo.
É bom notar que as mulheres cada vez mais ocupam cargos importantes nas empresas, instituições e na Administração Pública. Não foram pequenos os obstáculos que encontraram para alcançar a igualdade jurídica, bem como inúmeros foram os percalços que passaram para ter reconhecida a sua dignidade enquanto pessoa.
Porém, apesar dos avanços na legislação e a mudança da mentalidade que permitiu que a mulher agora ocupe cargos e exerça direitos outrora reservados aos homens, temos de nos indagar se ela é valorizada e reconhecida como tal. Não se trata de discutir se as mulheres são superiores ou inferiores aos homens, mas reconhecer o que é evidente pela natureza das coisas: são diferentes.
Homens e mulheres são radicalmente iguais e estruturalmente distintos, afirma a teoria antropológica personalista. São radicalmente iguais, pois ambos são pessoas exatamente na mesma medida e possuem idêntica dignidade. Porém, a sexualidade marca todo o modo de ser. A mulher, nesse sentido, não se distingue do homem apenas no aspecto físico. Mais que isso, pensa como mulher, age como mulher, sente como mulher e ama como mulher. Não entender isso, pior, ignorar esse fato é talvez a maior discriminação que se lhe pode praticar.
Um aspecto de especial relevância nesse modo de ser mulher é a maternidade. Algumas renunciam a esse direito por motivo de uma missão especial que se sentem incumbidas. A grande maioria delas, porém, ainda alimenta o sonho de ser mãe. Nesse sentido, essa mesma sociedade que se beneficia com a presença da mulher nos mais diversos setores está preparada para lhe fazer justiça, permitindo que cuide dos filhos com o mesmo esmero ou mais com que se dedica ao trabalho profissional? Não será ela alvo de constante pressão para não ter filhos, pois isso implicaria atraso e retrocesso em sua carreira? O desempenho simultâneo dos papéis de trabalhadora, esposa e mãe não é frequentemente motivo de tensões que lhe roubam a paz?
A nova maneira de ser mulher na sociedade exige um novo modo de ser homem, especialmente na família. Trata-se de dividir de forma mais justa os afazeres domésticos e, principalmente, que o pai tenha uma participação ativa na educação dos filhos. Para se ter uma noção de como ainda precisamos evoluir nesse sentido, podemos fazer uma estatística da proporção entre o número de pais e de mães que comparecem às reuniões escolares. Por que eles nem sempre comparecem? Estão cansados do trabalho? E a mãe não está também em igual ou maior intensidade cansada?
É de se aplaudir a ampliação dos direitos sociais (licença maternidade de seis meses, p. ex.). Mais que isso, exige-se uma nova postura da sociedade no sentido de valorizar a maternidade, de não exigir da mulher que o sucesso profissional se sobreponha aos outros aspectos que lhe são também imprescindíveis para que a mulher desenvolva a sua personalidade.

Se a mulher agora ocupa os cargos de destaque nos mais diversos setores, e é muito bom que todos eles se beneficiem do jeito feminino de ser, temos também que pagar o preço por isso. Não podemos impor às mulheres a terrível injustiça de renunciar à maternidade para serem juízas, empresárias, parlamentares, governantes e trabalhadoras em geral. Ao contrário, as tarefas no lar devem ser repartidas de maneira mais equitativa e os direitos sociais ampliados para que sejam boas profissionais, sem prejuízo de serem verdadeiramente mães. Afinal, não há lar que se sustente sem a sua ternura e sem o seu calor. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário