segunda-feira, 2 de julho de 2012

Castigos físicos e a crise de autoridade

Na semana passada a imprensa noticiou, com grande indignação, a atitude de uma professora da rede pública de ensino que, em um recado enviado aos pais, teria aconselhado a esses “dar umas cintadas” no filho, acaso ele insistisse no comportamento inadequado. Reacende-se, com isso, a antiga polêmica das palmadas na educação.
Os castigos físicos estão longe de ser a melhor estratégia pedagógica. A obediência se consegue, principalmente, pelo prestígio do educador. Esse deve ser o admirado e estimado pelo educando e isso há de ser o maior e principal sustentáculo da sua autoridade.
O tal prestígio se obtém, basicamente, por duas vias.
A primeira se refere aos atributos pessoais do educador: simpatia, carisma, interesse sincero pelo aluno, dedicação, coerência de vida, bom humor, saber ouvir, compreender... São virtudes que atraem e, como que naturalmente, movem os que cercam o educador a querer imitá-lo. Seus conselhos soam como imperativos, mesmo quando são ditos com delicadeza. Ou melhor, precisamente porque são proferidos com profundo respeito à pessoa e à liberdade do aluno, fomentam nestes uma sólida e determinada disposição para segui-los livremente.
A outra via pela qual se constrói a autoridade está relacionada com as atitudes das demais pessoas perante ela. Por exemplo, se o aluno é introduzido numa escola em que os colegas, os funcionários, os outros professores e o diretor tributam respeito e reverência a um determinado mestre, cria-se um clima que favorece enormemente a autoridade do profissional.
E o contrário também pode acontecer. Assim, por exemplo, se um professor se dispõe a criticar o colega, talvez em tom de fofoca em sala de aula, essa atitude mina a autoridade do outro professor e a própria.
Algo de semelhante ocorre em casa. Se o pai se dispõe a elogiar a mãe diante dos filhos quando ela não está presente, essa atitude aumenta o prestígio dela e, com isso, ganha-se mais autoridade. De igual modo, a mãe pode e deve ressaltar as qualidades do pai diante dos filhos. E quem ganha com isso são os próprios filhos e a família com um todo, pois se adquire a confiança necessária para obedecer com prontidão e alegria.
Atendo-nos a essa realidade, se a atitude da professora, exposta no inicio, não é a mais adequada, a postura da imprensa, da direção da escola e dos pais diante dela, pode causar um mal aos alunos muito pior do que causariam duas ou três cintadas nas pernas do estudante indisciplinado. É que, contemplando a notoriedade do fato e a censura, sobretudo moral, que a professora tem sofrido, tende-se a formar nos alunos a falsa ideia de que podem fazer o que bem entendem sem que possam sofrer qualquer punição pelo seu mau comportamento.

A autoridade do professor, como também a dos pais, é um imenso tesouro do qual se beneficiam exclusivamente os alunos, ou os filhos. E, nunca convém nos esquecermos, a autoridade somente é legítima se exercida para o bem daqueles que lhe estão sujeitos. Por isso, é missão fundamental de todos nós reconstruí-la e promovê-la, pois dela depende o sucesso da educação. E dessa, todos sabemos, a sobrevivência da nossa nação. Mais ainda, dependem a felicidade e a realização dos nossos filhos e alunos.

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