segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Para ser pai...

Uma menina, de seis anos, assistia TV com a mãe e o irmão mais novo. O programa suscitou-lhe uma preocupação que a moveu a dizer à mãe: “Você me promete que nunca vai se separar do papai?”.
Um amigo meu, já casado e com filhos, vivenciou um risco sério de separação dos pais. Apesar de não mais residir com eles e já ter a própria família constituída, aquela experiência lhe foi tão dolorosa que fez o seguinte comentário: “Senti-me como se estivessem me rasgando ao meio. Creio que se me fizessem isso não doeria tanto quanto me dói pensar que o casamento deles pode fracassar nesse momento das suas vidas!”.
Por mais que se pregue e diga o contrário, um dos nossos maiores anseios é que nosso pai e nossa mãe se amem. O que verdadeiramente dá sentido às nossas vidas é o amor. Por isso, queremos encontrar em nossa origem um ato de amor que, por ser verdadeiro, é duradouro e capaz de sobreviver às diversas intempéries da vida. Esse é o motivo pelo qual a simples ameaça de separação dos pais nos é tão dolorosa.
Mas se é assim, por que será que há tanto divórcio e separação em nosso tempo?
Afirma a ciência que o ser humano não é capaz de se manter íntegro sem proteção fora da atmosfera. A massa de ar exerce uma pressão que nos é essencial para a sobrevivência. De certo modo, um papel semelhante desempenha a sociedade em relação à família. Ao mesmo tempo que a estabilidade da família é fundamental para a subsistência da sociedade e do próprio Estado, também ela depende do auxílio e proteção desses organismos sociais maiores.
Apesar disso, muito pouco ou quase nada se tem feito para manter a família saudável. Bem ao contrário, muitas vezes se tem proposto a banalização do divórcio, as uniões passageiras e inconsequentes como um sinal de avanço e “liberação de antigos tabus”. Sem querermos nos perdem num saudosismo vazio, temos de reconhecer que esse fenômeno é relativamente recente. Há décadas atrás havia uma proteção da sociedade pela estabilidade da família. Tomemos como exemplo o que aconteceu com o memorável jogador da seleção brasileira de futebol, Mané Garrincha:
“Volta para casa! Acredito que muitos ainda se recordam dessa frase, dita aos gritos no Maracanã, dirigida ao mais famoso ponta-direita da seleção brasileira:
“– Volta para casa, Mané! Mané, volta para casa!
“Os torcedores queriam que Mané Garrincha voltasse para a sua família, para os seus filhos, a quem tinha largado para se juntar a uma conhecida cantora” (texto extraído do livro AS CRISES CONJUGAIS, de Rafael Llano Cifuentes).
Nesse contexto, social era mais fácil promover a unidade e a estabilidade do casamento e da família. Ao contrário, quando os meios de comunicação social, em especial as nossas telenovelas, e por vezes até programas promovidos ou subvencionados pelo Estado, facilitam a desagregação da família, essa fica extremamente vulnerável.
Mas o sucesso do casamento e, por consequência, a unidade da família, depende muito especialmente dos cônjuges. Talvez já tenhamos ouvido o seguinte questionamento: “o que é melhor: a separação ou que pai e mãe fiquem brigando a todo tempo diante dos filhos?”. Ora, o melhor é que fiquem juntos e não briguem diante dos filhos.
Não pretendemos fomentar uma visão preconceituosa em relação aos inúmeros pais e mães cujas uniões não deram certo. Mesmo nessa situação podem desempenhar magnificamente a maternidade e a paternidade. No entanto, é inegável que os filhos têm a necessidade do pai e da mãe juntos. Quando isso falta, é possível suprir por outros meios, mas essa situação está longe de ser a melhor para a sua formação.

Mais interessante que a pergunta feita pela garotinha, foi a resposta que obteve da mãe: “Filhinha, há alguns anos eu prometi ao sei pai que aquele compromisso que assumi com ele era para sempre. E veja que você ainda nem existia... Assim, não tenho o menor receio de renovar aquela promessa: meu amor, eu me casei com o seu pai para sempre”. O pai, que fingia ler o jornal na sala ao lado, sorriu satisfeito: “esse foi verdadeiramente o melhor presente de dia dos pais!”. 

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