Quando os filhos vão
crescendo e ganhando autonomia, uma dificuldade de muitos pais é admitir que
eles tenham preservada a intimidade. Como consequência disso, há fatos,
sentimentos e situações das suas vidas que não temos direito de saber, a menos
que eles voluntariamente queiram nos contar.
E o direito de ter
preservada a sua intimidade é tão importante que se aplica inclusive àquelas
situações em que eles tenham incorrido em alguma conduta inadequada...
Tomemos um exemplo. Uma mãe, desconfiada de que o filho tenha ingerido bebida alcoólica em excesso ou que esteja saindo com más companhias, passa a fazer um interminável interrogatório, ou mesmo a usar de chantagem emocional com o propósito de arrancar dele a verdade. Acontece que essa estratégia é ineficaz e, muitas vezes, excede o limite do que temos direito de saber.
Tomemos um exemplo. Uma mãe, desconfiada de que o filho tenha ingerido bebida alcoólica em excesso ou que esteja saindo com más companhias, passa a fazer um interminável interrogatório, ou mesmo a usar de chantagem emocional com o propósito de arrancar dele a verdade. Acontece que essa estratégia é ineficaz e, muitas vezes, excede o limite do que temos direito de saber.
Isso não quer dizer,
evidentemente, que os pais possam descuidar da educação dos filhos, não se
importando com o que fazem ou com quem andam. Bem ao contrário, devem estar
atentos de modo a ajuda-los com conselhos oportunos.
Seria muito bom que as mães
e os pais conquistassem a confiança das filhas e dos filhos, de modo que elas e
eles se sentissem à vontade para lhes confidenciar aspectos importantes das
suas vidas. No entanto, isso é algo que se busca para que possamos prestar-lhes
ajuda e não simplesmente para termos a sensação de controle das suas vidas.
Assumir essa postura
respeitosa para com a liberdade e a intimidade dos nossos filhos não é fácil.
Por vezes exigirá das mães e dos pais um esforço enorme. É que “se não temos
todos os fatos, como poderemos ajuda-los?” – pode-se argumentar. No entanto, se
estamos atentos ao que se passa com eles e, principalmente, se nos mostramos
disponíveis e prontos para ouvi-los em seus anseios e necessidades, cedo ou
tarde encontrarão em nós um refúgio muito receptivo para abrir, com total
liberdade, a sua intimidade.
Além disso, devemos
considerar que educar envolve sempre um risco. E isso implica também estar
dispostos a aceitar que os fatos necessários para bem exercer essa missão de
educadores nos serão revelados no momento oportuno.
Soube de uma mãe que tinha uma
fundada desconfiança de que a filha estava usando maconha. Diante dessa
desconfiança, o seu desejo era contratar um detetive particular. Mal podia
esperar por uma prova “contundente” para esfregá-la na cara da filha, com uma
frase do tipo: “já sei de tudo!”.
Essa mãe, bem intencionada, mas
com uma estratégia muito equivocada, teve uma luz de pensar em como se sentiria
se ela própria fosse apanhada nalguma falta e alguém lhe atirasse na cara esse
fato, talvez exibindo uma prova inquestionável do seu erro. Pôs-se a pensar em
como gostaria de ser corrigida nessa situação: com carinho, no momento oportuno
e, sobretudo, que se sentisse compreendida e estimulada a mudar. E então
decidiu fazer o mesmo com a filha. Não tardou em que essa procurasse a mãe para
lhe relatar o problema e buscar ajuda.
Isso não quer dizer, também, que
os pais não devam punir os comportamentos inadequados dos filhos. Se, após
tê-los ensinado e alertado, insistem em manter um mau comportamento, devem enfrentar
as consequências, que haverão de ser buscadas com prudência. No entanto, isso
não é o mais importante nem o mais eficaz na educação. É que ninguém será
verdadeiramente bom se não se decidir a sê-lo livremente. Nesse contexto, o
castigo pode ser algo necessário, porém, por si só não suscita no educando o
desejo de ser melhor.
A consciência é um reduto
inviolável do ser humano. Ninguém pode nela entrar sem a devida permissão. E,
ao fazê-lo, deve considerar que entra num reduto sagrado. Isso se aplica também
aos pais. Daí que vem o grande desafio de sermos amigos dos filhos, pois é com
aqueles com quem temos verdadeira amizade que nos sentimos mais à vontade para
nos abrirmos e nos deixarmos ajudar.
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