segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Manipulação dos Jovens

Em sua entrevista concedida à Rede Globo, o Papa Francisco, indagado pelo repórter Gerson Camarotti sobre os recentes protestos, que levaram milhares de jovens às ruas no Brasil, dá uma resposta surpreendente: “um jovem que não protesta não me agrada”. E depois explica o motivo pelo qual considera saudável essa rebeldia: “Porque o jovem tem a expectativa da utopia, e a utopia não é sempre ruim. A utopia é respirar e olhar adiante”. 
Mas o Pontífice também adverte que é necessário “cuidar para que não sejam manipulados”. E esclarece em tom incisivo:“Porque há tanta exploração de pessoas - trabalho escravo, por exemplo – há tantos tipos de exploração… Eu me atreveria a dizer uma coisa, sem ofender: Há pessoas que buscam a exploração de jovens, manipulando essa ilusão, esse inconformismo que existe. E depois arruínam a vida dos jovens. Portanto, cuidado com a manipulação dos jovens”.
Penso que a manipulação ocorre no mundo atual com uma intensidade e uma profundidade muito maiores do que suspeitamos. Ora busca simplesmente convencer as pessoas a adquirir os seus produtos, ora desencadeia campanhas bem engendradas para incutir ideologias que propõem formas de vida enganadoras, que não contribuem para que o ser humano alcance o seu fim último e, por consequência, a própria felicidade.
No entanto, também já se percebeu que a sociedade ainda conta com fortes barreiras à manipulação. Um desses obstáculos muito potentes é a família. Quando o pai e a mãe se amam de verdade e, fundados nesse amor, constroem um lar onde se respira paz e alegria, conquistam uma autoridade em relação aos filhos capaz de refrear essa voraz investida.
Assim, as ideologias que contrariam a natureza humana ou a propaganda de produtos nocivos ou mesmo as propostas de consumo exagerado não terão muita força sobre os membros de uma família assim constituída. Isso porque serão desmentidas não por palavras, mas pelo exemplo de vida dos pais, que encontraram a felicidade verdadeira numa vida austera, que usam os bens materiais como meios e não fins em si mesmos. Também, com a força de um amor sacrificado, que se nota em pequenos detalhes de carinho, os pais saberão transmitir aos filhos as razões da sua fé e da sua esperança.
Outro dia pude notar a transformação que operou em um jovem a paixão pela namorada. O amor o moveu a fazer tudo o que antes não fazia: acordou cedo, fez a cama, vestiu-se com elegância e cuidou de deixar seus objetos bem arrumados e ainda encontrou tempo para buscar uma rosa para presenteá-la quando chegasse. Esse jovem está propenso para, um dia, selar com essa moça um compromisso que perdure por toda a sua vida.
No entanto, essa sólida união, como dito, não é interessante para o manipulador. E então como ele reage? Disseminando a ideia do sexo “livre” e irresponsável. É que se homem e mulher passam a buscar no outro apenas a satisfação de um prazer egoísta, cegam o verdadeiro amor, que é também sacrifício e doação. Com isso, já não terão forças para construir uma família, sólida o bastante para proteger os filhos das investidas de um mundo que insiste em desumanizá-los.
Apesar disso, o momento não é para pessimismo. Bem ao contrário, os jovens, com a força da verdade que reluz em suas entranhas, já começaram a se rebelar. Sinal evidente disso é o entusiasmo dos milhões de jovens reunidos em torno do Papa. E essa rebeldia pode ser muito bem orientada. A propósito, que fique muito bem gravada na memória dos pais a mensagem do Papa Francisco:
“Na família, um pai, uma mãe que não escutam o filho jovem, o isolam, geram tristeza na alma dele. E não experimentam uma troca enriquecedora. Sempre há riqueza. Evidentemente, com inexperiência. Mas é preciso ouvi-los. E defendê-los de manipulações diversas – ideológica, sociológica...”.

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