No penúltimo domingo, (28/12), o
Papa Francisco recebeu os membros da Associação das Famílias Numerosas, reunida
em Roma para celebrar seus 10 anos de fundação. Diante de cerca de sete mil
famílias, o Pontífice recordou que a maternidade e a paternidade são dons de
Deus: “Cada um de seus filhos é uma criatura única, que jamais se repetirá na
história da humanidade. Quando se compreende isso, se surpreende com a grandeza
do milagre que é um filho! Um filho é um milagre que transforma a vida.”. Em
seu pronunciamento, ressaltou também que “Toda família é célula da sociedade,
mas a família numerosa é uma célula mais rica, mais vital, e o Estado tem todo
o interesse em investir nela!”.
A primeira postura
(providencialista) é a daqueles que vão agindo imprudentemente com a presunçosa
desculpa de que “Deus proverá”. E então não se ocupam de planejar nem de buscar
os meios necessários para atingir determinado objetivo. No que tange ao
planejamento familiar, essas pessoas poderão irresponsavelmente se lançar na
maternidade e na paternidade sem se ocupar dos meios para prover e educar esses
filhos.
No entanto, cada vez mais
frequente em nosso tempo é o outro extremo. São aqueles que somente se decidem
a ter filhos quando tiverem um patrimônio suficiente para provê-los de tudo
aquilo que se julga necessário. E então, se calculados os custos de toda uma
parafernália eletrônica, duas viagens ao exterior por ano etc., muito
provavelmente se chegará à conclusão de que somente se pode ter “meio filho”.
O exercício da maternidade e da
paternidade de maneira responsável exige sim previsão, saber ponderar,
precaver-se de infortúnios, bem como de se buscar os meios materiais para que os
filhos possam ser formados com dignidade.
No entanto, igualmente importante
é saber se arriscar generosamente. Nunca teremos total domínio da situação.
Todos já nos deparamos com experiências em que havíamos planejado, programado
meticulosamente, porém, ao final, nada aconteceu da forma em que havíamos
pensado. E isso tanto mais ocorre na geração e educação dos filhos, pois, além
dos imprevistos normais de qualquer empreendimento, há aqui um fator único e
exclusivo: estamos gerando pessoas livres e, portanto, não previsíveis e jamais
manipuláveis para que se adequem aos nossos planos.
Talvez o melhor critério para
exercício da maternidade e da paternidade responsavelmente seja a justa
coordenação entre amor e generosidade. Amor que fará retardar o nascimento, por
exemplo, quando o exigir o bem dos cônjuges ou dos outros membros da família. E
generosidade que saberá dizer sim a uma nova vida sempre que um amor fecundo
assim exigir.
É inegável que em nosso tempo
como sempre ter uma família numerosa exige sacrifício dos pais. Mas haverá amor
verdadeiro que não mova a se sacrificar por quem se ama? Se observarmos
atentamente ao nosso redor, veremos que as pessoas mais felizes que conhecemos
são também as mais generosas, que melhor aprenderam a se doar aos demais.
Lembro-me de quando tínhamos oito
filhos, a então caçula nos pedia insistentemente um irmão. “Não é justo”
argumentava ela, “muitas das minhas amigas e das pessoas que conhecemos têm um
bebê em casa e só eu que não tenho...”. E eis que, anos após, anunciamos às
crianças que um irmãozinho estava a caminho. Então aquela filha não se conteve:
“Foi culpa minha, mamãe!”. “Como assim?”, indagou a mãe surpresa. “É que faz
tempo que eu estou rezando para ganhar um irmãozinho...”. A mãe não conteve as
lágrimas de felicidade que lhe brotaram dos olhos...
Nenhum comentário:
Postar um comentário