segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Não me desejem só “Boas Festas”

É curioso notar o esforço que se faz para que a comemoração do Natal vá se despojando da sua origem cristã. É sinal disso, dentre muitos outros fatores, a própria maneira de se trocarem felicitações nesse tempo. O “Feliz e Santo Natal” doutros tempos é cada vez mais substituído por um vazio cumprimento de “boas festas”.
Pode parecer, ao menos numa leitura pouco atenta do que acontece em nosso tempo, que se trata duma simples substituição de palavras, talvez com o mesmo sentido originário. No entanto, a mudança, ainda que aparentemente sutil, não é tão ingênua e superficial como parece.
A onda de laicismo que sopra sobre nós, muitas vezes proveniente dos mesmos países donde herdamos nossas profundas raízes cristãs, tenta banir Deus da sociedade, bem como apagar qualquer manifestação pública de religiosidade. Pretende-se, com isso, relegar a fé para um âmbito exclusivamente privado. A própria celebração do Natal sofre influência dessa tendência nefasta.
No entanto, o Natal não é uma simples confraternização. Nele se celebra e se renova um acontecimento que se deu num momento determinado da história da humanidade: o nascimento de Jesus Cristo. É precisamente por isso que cultivamos nesses dias a família, os amigos e a vida, tudo numa perspectiva cristã.
Sendo assim, desejar só “boas festas”, sem menção ao que se celebra nesse dia é o mesmo que chamar as pessoas para uma comemoração de aniversário, mas deixando de fora o aniversariante!
Apesar disso, penso que não é só com palavras que se pode manter ou mesmo reconstruir o verdadeiro sentido do Natal. Já se disse que a gruta de Belém é uma verdadeira “cátedra”, donde emanam incontáveis lições que podem transformar as nossas vidas e a sociedade em que vivemos. Mas não é apenas o nascimento daquele adorável Menino que nos traz grandes ensinamentos. Toda a sua vida é um caminho a ser seguido, no qual encontraremos sempre a verdade e a vida.
A nossa sociedade foi edificada sobre sólidas e profundas raízes cristãs. Atualmente, porém, a pretexto de se cultivar uma liberdade religiosa, apregoa-se uma espécie de ateísmo oficial. E, o que é pior, procura-se a todo custo arrancar os valores cristãos, sem, contudo, preocupar-se em colocar nada no seu lugar. E o resultado dessa terrível empreitada já se faz notar: uma imensidão de pessoas perambulando de um lado a outro em busca de objetivos inconsistentes, com um profundo vazio interior. Um vazio que nada nem ninguém pode preencher, precisamente porque destinado a ser ocupado por Deus mesmo no coração de cada mulher e de cada homem.
Mas não é tempo para desânimo. Bem ao contrário, esse nosso Brasil, apesar dos muitos problemas que nos afligem, é uma nação abençoada. Mal conhecemos uma pessoa num encontro ocasional num ônibus e logo já nos despedimos com um “vá com Deus!”, como se nos conhecêssemos há anos. Ouso até a dizer que seremos nós, como também nossos irmãos latino-americanos que recristianizaremos o mundo, devolvendo-lhe os valores cristãos que um dia recebemos e sobre os quais se assenta nossas vidas.

Iniciemos, pois, 2015 com essa moral de vitória. Aquele Menino que ainda contemplamos no presépio insistirá em nos mostrar, com sua vida, que somos Filhos de Deus. Alguém ousaria aspirar maior dom do que esse? Não apenas amigo, o que já seria muito, nem alguém próximo dEle, que também já representaria um enorme privilégio. Mas somos mais que isso. Somos da sua linhagem. Consideremos, pois, essa gozosa verdade. E então no ano vindouro reinará verdadeiramente a paz, a serenidade e a alegria, legados sublimes e valiosíssimos que aquele Menino nos deixou.

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