É curioso notar o esforço que se
faz para que a comemoração do Natal vá se despojando da sua origem cristã. É
sinal disso, dentre muitos outros fatores, a própria maneira de se trocarem
felicitações nesse tempo. O “Feliz e Santo Natal” doutros tempos é cada vez
mais substituído por um vazio cumprimento de “boas festas”.
Pode parecer, ao menos numa
leitura pouco atenta do que acontece em nosso tempo, que se trata duma simples
substituição de palavras, talvez com o mesmo sentido originário. No entanto, a
mudança, ainda que aparentemente sutil, não é tão ingênua e superficial como
parece.
No entanto, o Natal não é uma
simples confraternização. Nele se celebra e se renova um acontecimento que se
deu num momento determinado da história da humanidade: o nascimento de Jesus
Cristo. É precisamente por isso que cultivamos nesses dias a família, os amigos
e a vida, tudo numa perspectiva cristã.
Sendo assim, desejar só “boas
festas”, sem menção ao que se celebra nesse dia é o mesmo que chamar as pessoas
para uma comemoração de aniversário, mas deixando de fora o aniversariante!
Apesar disso, penso que não é só
com palavras que se pode manter ou mesmo reconstruir o verdadeiro sentido do
Natal. Já se disse que a gruta de Belém é uma verdadeira “cátedra”, donde
emanam incontáveis lições que podem transformar as nossas vidas e a sociedade
em que vivemos. Mas não é apenas o nascimento daquele adorável Menino que nos
traz grandes ensinamentos. Toda a sua vida é um caminho a ser seguido, no qual
encontraremos sempre a verdade e a vida.
A nossa sociedade foi edificada
sobre sólidas e profundas raízes cristãs. Atualmente, porém, a pretexto de se
cultivar uma liberdade religiosa, apregoa-se uma espécie de ateísmo oficial. E,
o que é pior, procura-se a todo custo arrancar os valores cristãos, sem,
contudo, preocupar-se em colocar nada no seu lugar. E o resultado dessa
terrível empreitada já se faz notar: uma imensidão de pessoas perambulando de
um lado a outro em busca de objetivos inconsistentes, com um profundo vazio
interior. Um vazio que nada nem ninguém pode preencher, precisamente porque
destinado a ser ocupado por Deus mesmo no coração de cada mulher e de cada homem.
Mas não é tempo para desânimo.
Bem ao contrário, esse nosso Brasil, apesar dos muitos problemas que nos
afligem, é uma nação abençoada. Mal conhecemos uma pessoa num encontro
ocasional num ônibus e logo já nos despedimos com um “vá com Deus!”, como se nos
conhecêssemos há anos. Ouso até a dizer que seremos nós, como também nossos
irmãos latino-americanos que recristianizaremos o mundo, devolvendo-lhe os
valores cristãos que um dia recebemos e sobre os quais se assenta nossas vidas.
Iniciemos, pois, 2015 com essa
moral de vitória. Aquele Menino que ainda contemplamos no presépio insistirá em
nos mostrar, com sua vida, que somos Filhos de Deus. Alguém ousaria aspirar
maior dom do que esse? Não apenas amigo, o que já seria muito, nem alguém
próximo dEle, que também já representaria um enorme privilégio. Mas somos mais
que isso. Somos da sua linhagem. Consideremos, pois, essa gozosa verdade. E
então no ano vindouro reinará verdadeiramente a paz, a serenidade e a alegria,
legados sublimes e valiosíssimos que aquele Menino nos deixou.
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