Há aproximadamente um ano, em 2 de junho de 2.014, faleceu o nosso
queridíssimo Dr. José Geraldo Barreto Fonseca.
Quando penso em como homenagear uma pessoa cuja vida marcou o seu tempo
e tocou profundamente aquelas e aqueles com quem conviveu, vem-me à memória um
conselho que um dia recebi do meu avô. Estávamos numa festa de formatura e, num
dado momento, diante de um pequeno incidente que vivenciamos, ele me disse, com
aquele semblante bem conhecido que fazia falava algo à sério: “Filho, um grande
homem se faz nos pequenos gestos”.
Certa vez, quando fazia poucos dias que havia iniciado o trabalho com
ele em seu gabinete de Desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo,
presenciei um acontecimento para mim inusitado. O então Presidente do Tribunal
chegava com alguns assessores à sala do Dr. Barreto. Acontece que, pouco antes,
havia entrado a faxineira, que pedia licença para limpar as vidraças. Ele a
cumprimentou primeiro, chamando-a pelo nome, é claro. Perguntou pelos filhos
dela e, em seguida, apresentou-a ao Presidente, com seu habitual tom
brincalhão: “esse moço simpático [o Presidente] aqui é seu chefe...”.
Assim foi o Dr. Barreto. Quando olhava para alguém, não enxergava uma faxineira,
um escrevente ou o presidente de um Tribunal. Via simplesmente pessoas, seres
humanos a quem poderia comunicar o fogo abrasador do amor que inundava aquela
alma enamorada.
A vida dos grandes homens é uma das provas mais evidentes da
imortalidade. Com efeito, o Dr. Barreto vive intensamente na memória e no
coração de todos que tiveram o imenso privilégio de conviver com ele.
É certo que as ânsias de eternidade e de felicidade que marcam
profundamente a cada ser humano não são aplacadas com a mera subsistência na
mente das outras pessoas. Homens e mulheres aspiram a uma existência real,
eterna e feliz. A mesma que por certo o Dr. Barreto já desfruta. A propósito,
outra marca característica sua era dizer, sempre que o elogiavam ou se pensava
em render-lhe homenagem, que a única coisa a que aspirava era ir para o Céu e
estar com o Deus que com tanto ardor amou nesta vida.
Mas é inegável, também, que os grandes homens deixam rastro, marcam o
seu tempo e transformam a vida das pessoas que com ele conviveram. Assim foi o
Dr. Barreto. Uma vida comum, sem glamour, sempre procurando passar
despercebido, mas ao mesmo tempo atento a cada detalhe, sempre solícito para
ajudar a todos que necessitassem de uma ajuda, de um conselho, de um alento.
Outro grande homem, que por certo muito inspirou o Dr. Barreto,
costumava dizer que podemos ser como que uma pedra atirada num lago sereno num
fim de tarde. Aquela pedrinha gera uma onda e depois outra e outra..., até que
todo o lago é tomado pelas ondas. Assim, pode ser a vida de cada mulher e de
cada homem. Um pequeno gesto de amor à esposa, ao marido, aos filhos, aos
amigos, colegas, conhecidos e pessoas com quem nos deparamos nas inúmeras
vicissitudes da nossa vida. E isso vai gerando uma corrente de bem que inunda,
uma vibração que muda para melhor o mundo em que vivemos.
Assim foi a vida do Dr. Barreto. Uma trajetória
marcada por inúmeros pequenos gestos que mudaram a vida dos que o conheceram.
Era impossível estar com ele, ainda que por pouco tempo, e não sair contagiado
por aquela alegria, pelo desejo de fazer o bem que inundava aquele coração
puro. A saudade dói quando nos separamos de uma pessoa dessa envergadura. Mas
essa dor é fonte de alegria, pois nos move a buscar, se possível com a mesma
vibração, semear ao nosso redor a paz e a alegria que se esbanjava nesse homem
de Deus.
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