domingo, 20 de março de 2016

Meu Deus, proteja o nosso País!

Presenciei na semana passada uma cena familiar interessante, da qual podemos tirar boas lições nesses tempos conturbados em que vivemos. A família estava diante da TV assistindo os últimos noticiários sobre a crise no País. Os filhos notam um ar de indignação nos pais, que lhes provoca reações que nunca haviam presenciado antes. Nesse cenário, o filho de 11 anos perguntou à mãe sobre o que estava acontecendo. Depois de uma breve explicação, o garoto perguntou:
- Mas mãe, é certo nomear como Ministro uma pessoa que está sendo acusada de crimes graves?
A mãe, após uma breve reflexão, tentou como pode diminuir o peso negativo da notícia, talvez com o propósito de evitar que aquele garoto já crescesse com total descrédito nas instituições de seu País. Mas o filho insistiu:
- Tudo bem, mãe, mas se ele está sendo acusado de crimes tão graves, não seria melhor esperar que tudo ficasse esclarecido para só depois ser nomeado Ministro?
Diante da força do argumento, a mãe não teve outra opção que não concordar integralmente com o filho. Mas eis que então o garoto assumiu uma feição triste e abatida. E logo expôs o motivo daquele estado de ânimo:
- Mãe, eu tô com medo. E se eu vier a me tornar um corrupto quando eu crescer? Mãe, quando as pessoas começam a ser corruptas? Como começa a corrupção?
A mãe viu-se tomada de uma imensa ternura com as boas intenções e a saudável preocupação do filho, e respondeu-lhe:
- Filho, ninguém se torna corrupto do dia pra noite. Na verdade, antes de roubar bilhões, essas pessoas que participaram de um dos maiores escândalos que o mundo já viu, começaram com pequenas falcatruas. Foi uma mentirazinha aqui, um desviozinho ali... No princípio, talvez eles procurassem justificativas para suas más ações, como, por exemplo, “todo mundo faz isso”, ou ainda, “a intenção é boa” etc. Mas nós podemos tirar uma boa lição disso. É importante que você preste atenção nas pequenas coisas de cada dia. É necessário treino pra ser muito forte para dizer a verdade sempre, pra não condescender nem com pequenas mentirinhas. Agindo assim, você será um homem honesto e honrado e jamais vai se tornar um corrupto.
Penso que dias de grande tensão, como temos vivido ultimamente, trazem-nos excelentes oportunidades educativas. É momento de reforçar os bons valores nos nossos filhos. E um ponto importante que devemos cuidar é, também, a serenidade. De fato, a sujeira que vemos assumiu proporções tão inusitadas que é inevitável externar profunda indignação. Porém, esse sentimento não é incompatível com o autodomínio que devemos manter sobre as nossas ações, em especial os pais que têm o sublime e grave dever de educar.
 Mas voltemos à cena. Agora é o pequeno de 3 anos que, diante da atmosfera sombria que invadia o lar, perguntou:
- Mamãe, quem vai vencer: o bem ou mal?
A mãe foi novamente tomada de uma forte emoção. Pensava ela consigo: “pobre criatura, ainda pensa que o mundo está dividido entre bons e maus... Como posso dizer a ele que as pessoas que cometem grandes barbaridades, às vezes em prejuízo de uma nação inteira, podem ter um fundo de intenção reta? E como explicar a essa criança que mesmo aqueles que perseguem o bem com valentia e fortaleza, em algum momento podem extrapolar ou talvez perder aquela retidão de intenção que deveria marcar todos os seus atos?”. E então concluiu ela humilde e sabiamente que uma criança de 3 anos não iria conseguir entender tudo isso. Então, simplesmente deu-lhe um terno e prolongado abraço de mãe, enquanto dizia:
- Sim, meu amor, o bem vai vencer! O bem sempre vence!
Naquele momento, porém, aquela boa mãe já não conseguia conter as lágrimas que prorrompiam em seu rosto. E entre soluços, com aquele filhinho bem apertado contra o seu peito e dizia:
- Meu Deus, meu Deus, mostra que de fato és brasileiro... Protege esse nosso País!

Mas, agora, chega de luto! Vamos à luta por um País melhor, pelos nossos filhos, pelos nossos netos!

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