Ao
observamos trajetória de vida de atletas olímpicos, onde são constantes
histórias de dor e sofrimento, superadas com afinco e dedicação, a expressão
muito em uso é resiliência. Para a física essa palavra significa uma
característica de certos corpos que os permitem voltar à sua forma original,
depois de terem sofrido deformação elástica. Já num sentido figurado, que é o
que nos interessa mais diretamente, pode ser definida como a habilidade para se
adaptar às intempéries, às alterações ou aos infortúnios, superando-os.
Qual
seria, então, o segredo desses muitos heróis olímpicos, que após inúmeros
revezes, acabaram por superá-los e se tornaram verdadeiramente vencedores?
Seriam seres diferentes dos demais, dotados de umas características inatas que
agora definimos como resiliência?
A vida da
ginasta Simone Biles talvez nos traga dados para responder a essa indagação.
Ela tinha apenas três anos quando os serviços sociais dos EUA tiveram que
intervir para resgatá-la da mãe, dependente de drogas e álcool. Ela foi
acolhida pelo avô materno, Ronald Biles, e pela sua esposa, Nellie, que os
tratam como filha. De resto, ao contemplarmos o carinho com que Ronald beija a
esposa Nellie ao comemorarem cada vitória da atleta nas quadras, podemos notar
em que lar a megacampeã foi educada e como foi forjado nela o caráter de uma
vencedora.
Mas
parece que Ronald e Nellie não se limitaram a educar com amor a pequena Simone.
Deram-lhe algo mais. A revista Us pediu recentemente a ela que esvaziasse a sua
bolsa de ginástica, na esperança de encontrar alguma pista secreta do seu
sucesso. A maior parte do conteúdo não foi nenhuma surpresa, mas algo chamou a
atenção da reportagem: um rosário branco. Simone Biles explicou: “Minha mãe,
Nellie, pegou um rosário para mim na igreja. Não é para rezar antes das
competições. É para rezar no dia a dia”.
E nossos
campeões olímpicos também parecem associar a sua dedicação ao esporte a uma fé
viva e profunda. Thiago Braz, após conquistar o ouro no salto com varas, disse
em sua entrevista: “Agradeço muito a Deus por tudo, por esse momento. É uma
oportunidade incrível”. Diego Hypolito também seguiu na mesma linha. Com a
medalha de prata no peito dizia emocionado: “Agora é só agradecer a Deus e [às]
pessoas que fizeram parte (...)”. Já os gestos do o jamaicano Usain Bolt,
tricampeão olímpico, antes e após cada corrida, dizem por si sós: não só as
vitórias, mas uma vida oferecida a Deus.
Nesse
cenário, soam com grande alento as palavras do Papa Francisco: “Queria agora
dirigir uma saudação afetuosa ao povo brasileiro, em particular à cidade do Rio
de Janeiro, que acolhe atletas e torcedores do mundo inteiro por ocasião das
Olimpíadas. Diante de um mundo que está sedento de paz, tolerância e
reconciliação, faço votos de que o espírito dos Jogos Olímpicos possa inspirar
a todos, participantes e espectadores, a combater o bom combate e a terminar
juntos a corrida (cf. 2 Tm 4, 7-8), almejando alcançar como prêmio não uma
medalha, mas algo muito mais valioso: a realização de uma civilização onde
reine a solidariedade, fundada no reconhecimento de que todos somos membros de
uma única família humana, independentemente das diferenças de cultura, cor da
pele ou religião. E aos brasileiros, que com sua característica alegria e
hospitalidade organizam a Festa do Esporte, desejo que esta seja uma
oportunidade para superar os momentos difíceis e comprometer-se a 'trabalhar em
equipe' para a construção de um país mais justo e mais seguro, apostando num
futuro cheio de esperança e alegria! Que Deus abençoe a todos!”.
Foi
simplesmente deslumbrante a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos. E quando
ainda saboreávamos um misto de êxtase e surpresa com um espetáculo tão belo,
como que coroando aqueles acontecimentos, fomos brindados com uma tomada aérea
do Cristo Redentor. Com seus braços eternamente abertos, todo Amor e todo
Misericórdia, abençoava o Maracanã em festa. E dali suas bênçãos irradiavam
para o Rio de Janeiro, para o Brasil e para o mundo inteiro.
Professor Dr. Fabio,
ResponderExcluirObrigado por cada artigo que publica realçando o lado humano e cristão de variados assuntos, muitas vezes do cotidiano (inclusive forense), possibilitando uma valorosa lapidação do senso crítico do leitor a respeito destes assuntos.
Há, aqui, após a leitura de cada artigo, uma verdadeira passagem (ou transformação) da visão ordinária para a extraordinária. Muito obrigado!
Deus o abençoe!
ErickGL