segunda-feira, 23 de abril de 2007

A harmonia no lar

Ouvi certa vez que deveríamos nos esforçar para que nossas casas sejam lares luminosos e alegres. Contemplando, porém, o ambiente familiar de nosso tempo, ainda que sejamos muito otimistas, há de se concluir não são propriamente serenos, nem tampouco reina a felicidade a que tanto almejamos por viver, sobretudo nesse recôndito seguro que deveria ser o lar em que vivemos. Por outro lado, se perguntássemos às pessoas como que elas gostariam que fossem suas casas, por certo que responderiam, com algumas variantes, que gostariam que ali se vivesse em harmonia. Assim, cumpre nos indagarmos por que tantos anseiam essa paz na família, porém, muito poucos a constroem de verdade.
Penso que a resposta a isso seja que desejamos os fins, mas somos pouco tenazes em colocar os meios. E os meios com os quais se constrói a paz na família muitas vezes custam, mas vale a pena, tendo em vista os maravilhosos resultados que se alcançam.
Uma coisa muito boa que se deve cultivar na família é que cada um tenha bem claras algumas funções que lhe cabem, e que isso é necessário para o bem estar dos demais. Por exemplo, tirar os pratos da mesa após as refeições, arrumar a cama, guardar as roupas, calçados, brinquedos. E, mais que fazer isso, há que se ter por trás uma intenção, que é esforçar-se por fazer o ambiente mais agradável aos demais. E sendo assim, isso não depende da condição econômica da família, ou seja, se há ou não empregados para isso, até porque facilitar o trabalho desses também contribui para se viver um ambiente de entrega que se espera na família.
Outro ponto importantíssimo é saber ceder. Penso que faz um grande mal os pais que, para evitar problemas, colocam uma TV em cada quarto, pois então não haverá brigas sobre o que assistir. Porém, o uso da TV, em si, já deveria ser limitado, pois não pode substituir as reuniões e o bate-papo entre pais e filhos, e quando se assiste a um programa, há que se fazer juntos, ou, quando menos, que, ora uns, ora outros, saibam ceder ao gosto do outro.
Muito há que se fazer para que haja delicadeza no trato. Os berros pela casa, as frases irônicas, as respostas atravessadas contaminam qualquer ambiente. É certo que isso por vezes custa, porém, esforçar-se nisso implica em ter um lar saudável, ou, ao contrário, um verdadeiro campo de batalha.
Há que se rezar juntos, seja qual for a fé que se professe. Poder-se-ia perguntar, então, se num lar em que não se crê em Deus não seria possível construir a paz familiar. Não sei se seria propriamente impossível, até porque se pode utilizar os outros expedientes também importantes, porém, não tenho a menor dúvida em afirmar que isso seria muito mais difícil.
A paz na família é o resultado de muitos pequenos esforços empreendidos por todos, todos os dias. Trata-se de adiantar-se a atender ao telefone, animar alguém que está mais tristonho, mandar uma mensagem ao celular do filho desejando-lhe boa prova, fazer uma surpresa agradável para a mãe, ou simplesmente beijá-la ao chegar em casa.

Em nossa sociedade de consumo busca-se muito a praticidade e o pequeno esforço em tudo. Porém, por mais que se queira, ainda não está à venda nos supermercados um kit de paz familiar descartável que se possa comprar sem maiores dificuldades. Nesse campo, a paz continua sendo conseqüência da guerra, de uma luta que se há de travar todos os dias para pensar um pouco mais no outro do que em si próprio. Só assim se pode construir um remanso de paz e alegria onde se esteja bem por estar ali, em que cada um é reconhecido e amado simplesmente pelo que é, pai, mãe, irmão, filho, e não pelo que tem ou deixa de ter.

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