domingo, 7 de maio de 2017

Dia das Mães



Certo dia, quando tinha cerca de 8 a 10 anos, cheguei a casa irritado porque me saí mal numa brincadeira com os amigos. Minha mãe estava diante da máquina de costura – ela não fazia isso por profissão, muito embora sempre costurasse magnificamente bem – e, ao ver-me daquele jeito, perguntou-me sobre o que havia acontecido. Respondi-lhe cheio de raiva o que me ocorreu. Ela imediatamente deixou o que estava fazendo, deu-me um carinhoso abraço e me pediu para não dar importância àquela contrariedade. Se fosse preciso, ela mesma me ajudaria naquele assunto. Ainda persiste indelével na memória – décadas após – a ternura e a segurança que irradiavam daquele afago.
De muitas maneiras e sob vários aspectos poderíamos considerar a importância da mãe para o saudável desenvolvimento dos filhos. Gostaríamos de nos deter, porém, nesta oportunidade, em um que se tem se mostrado especialmente relevante nestes conturbados tempos em que vivemos: a disponibilidade.
O trabalho da mulher fora do lar tem se mostrado muito bom para a sociedade. Elas galgaram postos com competência, inteligência e dedicação. Já são imprescindíveis nas funções que desempenham. Mas se a mulher está hoje inserida no mercado de trabalho e é insubstituível nesse espaço que conquistou, uma questão que se coloca é como harmonizar isso com a maternidade, função em que é ela mais essencial ainda.
A conciliação disso nem sempre é fácil. Quem nunca observou a aflição de uma colega de trabalho que deixou o filho com febre no berçário ou em casa?
Mas se é difícil conciliar trabalho profissional e as obrigações de mãe, não lhe falta criatividade. Afinal, o amor é sempre muito inventivo. Em algumas situações, quando o trabalho permite, busca-se fazer parte dele em casa. Então as antenas ficam ligadas e, de quando em quando, pode se dar uma escapada para cobrir de afagos o pequenino que brinca por perto. Por vezes, espremem-se os horários para que sobre tempo para estar com os filhos.
Aliás, se é comprovado o quão importante é a presença da mãe para a criança, sobretudo nos primeiros anos de vida, penso que a legislação trabalhista e previdenciária deveria ser mais flexível para com elas, dando condições de passar mais tempo ao lado dos filhos. E isso não seria nenhum exagero. Afinal, é da formação dos futuros cidadãos que se estaria cuidando.
Outro fator importante nessa difícil conciliação é a cooperação dos pais. Trocar fraldas, vestir e dar mamadeira de há muito deixou de ser tarefa exclusivamente feminina. Mas mais que isso, a mãe precisa sentir-se amparada pelo marido. Trata-se de compreender o quão difícil é para ela dedicar-se ao trabalho profissional e, ao mesmo tempo, desempenhar aquelas tarefas que por natureza lhe cabe com exclusividade: ser mãe. E nesse intento, é muito benvindo a ela que o marido também assuma as tarefas do lar e o cuidado com os filhos.
Mas há também aquelas mulheres que, por libérrima escolha, optam por ser mães por profissão, ou seja, não desempenham um trabalho fora do lar, ao menos por alguns anos das suas vidas, em especial quando os filhos ainda são pequenos. Quanto a essas, penso que é uma terrível injustiça o menosprezo que sofre no meio social. Quantas ainda se envergonham ao ter de responder um simples “do lar” ao serem indagadas sobre a atividade profissional que desempenham...
A maternidade é a mais nobre função que a mulher pode exercer. Dela depende o futuro da humanidade. Com efeito, mães indiferentes, ausentes e desleixadas geram filhos inseguros, deprimidos e egoístas. Ao contrário, mães dedicadas, presentes, zelosas e disponíveis, geram filhos felizes, responsáveis e seguros de si, que serão no futuro os construtores de uma sociedade mais justa e mais humana.