terça-feira, 22 de setembro de 2015

Onipresença Eletrônica


Outro dia, pela manhã, enquanto trabalhava, ecoavam os alertas sonoros do celular de sms, Whatsapp e e-mails recebidos. Tive então a ideia de fazer um experimento: o que aconteceria se atendesse prontamente a cada um desses chamados? 
Comecei pelas mensagens. Bem, essas estão caindo em desuso, pelo que não foi muito demorado. Já o whatsapp... Ufa! Quem me colocou em tantos grupos? Mas vamos lá. Li uma a uma as mensagens pendentes, o que cada um comentou e, timidamente, fiz um ou outro breve comentário. Depois os e-mails. Bem, quanto a esses, vou desconsiderar os atrasados, pois, do contrário, não faria outra coisa a manhã toda. Dediquei então a ler e a responder apenas os recebidos hoje.
 A conclusão foi alarmante: em uma hora somente foi possível dedicar quinze minutos ao trabalho e, mesmo assim, devido às constantes interrupções, com uma produtividade medíocre.
Por uns instantes pensei que isso seria um problema exclusivo de quem exerce atividades intelectuais. Mas não! Basta observar um pouco e veremos mesmo entre trabalhadores mais simples, que exercem atividades manuais, como também se dedicam com assustadora frequência a deslizar rapidamente o polegar sobre a tela de um smartphone. Nem quero nem considerar, por ora, o trabalho insano que deve desenvolver o professor em sala de aula para manter a atenção dos alunos...
Meditando em como esses equipamentos eletrônicos nos mantém conectados com tudo e com todos, vêm-me à memória, com certa dose de saudosismo, o que aprendíamos nas primeiras aulas de catecismo: “Quem é Deus? Resp.: Deus é um ser onipotente, onipresente e onisciente...”.
Penso que, de certo modo, as modernas tecnologias nos sugerem a possibilidade de obter esses mesmos dons da onipotência, onipresença e onisciência. Com efeito, podemos tudo, pois, com um simples tocar na tela do equipamento temos o mundo ao nosso alcance e ao nosso dispor. Também se nos dá a possibilidade de estar em qualquer lugar do mundo, assim como de nos comunicarmos a um só tempo com pessoas que se encontram em qualquer lugar do planeta. E, mesmo que não saibamos tudo, com uma ferramenta de pesquisa podemos descobrir qualquer coisa, ainda que superficialmente, em poucos segundos.
Acontece que, apesar da sensação de plenitude que esses equipamentos nos proporcionam, temos inexoravelmente de nos render a uma realidade inquestionável: só conseguimos fazer uma coisa de cada vez. E então, como lidamos com um mundo que nos proporciona infinitas possibilidades de comunicação e relacionamento com essa limitação humana elementar?
A virtude da ordem sempre foi importante, ainda que um tanto esquecida. Nos dias atuais, porém, tê-la presente e buscar aprimorá-la é questão de sobrevivência. Ao contrário do que parece, porém, ela não é apenas uma ferramenta destinada a programar melhor as atividades do nosso dia, ou mesmo a organizar melhor os nossos objetos, mesa de trabalho, guarda-roupas, ou ainda a ter uma agenda de compromissos revisada periodicamente. Esses aspectos são relevantes, porque nos fazem aproveitar melhor o tempo, mas, em si, não são suficientes.
A ordem há de ser, antes de tudo, uma escolha interior. Algo que brota da resposta às seguintes indagações: quem sou eu? De onde vim? Para onde vou? Assim, se enfrentamos com valentia esses questionamentos, veremos que temos uma missão neste mundo e um destino eterno. Sob essa perspectiva é que devemos escolher – porque somos livres – o que convém e o que não convém a cada minuto das nossas vidas.
Poderemos, por exemplo, gastar nosso tempo nos distraindo com bobagens que nos agradam no Facebook, ou, talvez utilizando da mesma ferramenta, procurando alentar, estimular, compreender e acolhendo algum amigo, parente, conhecido que passa por uma dificuldade. Tudo depende, como sempre, do sentido que estamos dando a cada minuto das nossas vidas.
E você, cara leitora, caro leitor, por onde anda “navegando” nesse mundo real e virtual? Ao respondermos a essa pergunta, convém não esquecer que naquilo em que empregamos o nosso tempo é, frequentemente, onde está o nosso coração.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Orientação Familiar

Durante muito tempo o homem foi considerado a cabeça da família. O Código Civil brasileiro de 1.916 expressamente consagrava o marido como chefe da sociedade conjugal. As últimas décadas, porém, foram marcadas por uma significativa mudança do papel da mulher na família, no mercado de trabalho e em toda a sociedade.

Não há mais, portanto, uma autoridade única na família. A mudança foi muito oportuna e veio a ressaltar e enaltecer a imensa dignidade da mulher. No entanto, essa conquista traz também um problema, que requer uma solução adequada. Para melhor compreendê-lo, imaginemos uma empresa em que houvesse dois Diretores Presidentes, ambos exercendo a mesma função, munidos dos mesmos poderes e sem uma delimitação clara de atribuições de cada um. É muito provável, nesse caso, que as situações de conflitos surgissem em breve, fazendo-se necessário estabelecer uma sintonia entre eles para cada um exercer um papel definido de modo a que conseguissem juntos administrar bem o empreendimento.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Aprender a descansar

Há quem se orgulhe de dizer que nunca tirou férias. E o fazem esperando que formem um conceito de si mesmo como de uma pessoa muito laboriosa, tanto que se dedica a trabalhar, anos e anos, sem uma interrupção sequer. Outros, talvez menos radicais, até admitem a necessidade de dedicar um tempo para o descanso, porém, não sabem exatamente como descansar ou o que fazer com o tempo livre.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Segregar ou segregar-se é a solução?

Conforme Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen),
divulgado no dia 23 de junho pelo Ministério da Justiça, o Brasil aumentou a sua população carcerária em 33% entre 2008 e 2014. Ocupamos o 4º lugar no mundo, com
607.731 pessoas em situação de privação de liberdade em junho de 2014. E, o que talvez seja mais alarmante, Estados Unidos, China e Rússia apresentaram redução no mesmo período, o que nos coloca na contramão do que vem ocorrendo entre os países com as maiores populações prisionais.
Esses dados revelam uma tendência que está se instalando entre nós de resolver os problemas de segurança quase que exclusivamente com a segregação de pessoas, pouco se fazendo para atacar a raiz do problema. Ou seja, como há indivíduos que perturbam a paz dos demais com os seus delitos, a solução superficial encontrada é simplesmente afastar tais indivíduos do convívio social, de modo que, ao menos enquanto estiverem presas, não voltarão a incomodar.
No lado oposto disso, também podemos observar a enorme proliferação de condomínios de casas e apartamentos cercados por muros, cerca elétrica, câmeras de segurança, portarias com um rigor quase militar no controle de acesso etc., tudo para vender uma sensação de estar seguro e que, naquele reduto, todos podem ficar tranquilos. Embora de modo bem diverso, impera aqui a mesma lógica segregacionista, que leva a se fechar e viver isolado como instrumento de defesa.
E isso não é mais privilégio das pessoas e famílias mais abastadas. Há um crescente número condomínios de casas que disputam um espaço diminuto entre si, de modo a permitir que os custos dessa parafernália de segurança possam caber no bolso de cada um. E como é quase apenas isso que os une, a paz tão almejada não tardará em ser perturbada por brigas enormes e constantes, muitas delas motivadas por ninharias, que marcam as pautas das intermináveis e enfadonhas reuniões de condomínio...
O problema está em que cada vez mais se vê no outro, no vizinho, por exemplo, alguém que devemos no máximo suportar. Já que não nos é possível comprar sozinhos todo um aparato de conforto e segurança, esse sujeito que mora ao lado é apenas alguém com quem divido as contas dessa comodidade.
Tratam-se, porém, de soluções que buscam mitigar os efeitos, mas não atacam a causa do problema. E a sua raiz mais profunda está no individualismo exacerbado que nos move a procurar no outro apenas a satisfação de interesses, no mais das vezes egoístas.
Nesse contexto está a desagregação da família. É que um relacionamento autenticamente conjugal pressupõe o sacrifício para fazer o outro feliz, construindo no amor e no compromisso a vida familiar. Se, porém, cada um busca no outro apenas uma fonte de satisfação sexual, afetiva etc., quando não mais se consegue sugar nela (ou nele) tais utilidades, simplesmente se parte para outros relacionamentos, deixando famílias esfaceladas e, não raras vezes, filhos desorientados e perdidos.
Solução? “A educação” – talvez muitos dirão. E penso que é isso mesmo. Não basta, porém, ensinar matemática, língua portuguesa ou história para curar essa doença social, até porque muitos individualistas que perambulam entre nós são eruditos e doutores nessas e noutras disciplinas acadêmicas. É necessário formar, a partir da família e também na escola, essa como um prolongamento daquela, pessoas peritas em humanidade, que conheçam a fundo o coração da mulher e do homem, suas carências, seus valores, seus anseios, enfim, que encontrem um sentido profundo para as suas vidas.

Esses “doutores”, pós-graduados no amor vivenciado por seus pais no seio de uma família, saberão encontrar e atacar as raízes da criminalidade, quase sempre relacionadas com carências, não apenas econômicas, mas, sobretudo, afetivas e espirituais. E também não precisarão “comprar” a um elevado custo uma sensação de segurança. Simplesmente saberão encontrá-la na verdade, por saberem de onde vieram e para onde irão pelos atribulados caminhos desta vida.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Ideologia de gênero: apoiar ou discriminar?

       Minha sogra costuma contar que quando era criança não entendia por
que se aguardava tão ansiosamente para saber o sexo de um bebê. Dizia ela: “Ora, se quer que seja menino, ao nascer, coloque nome de menino; se quer uma menina, dê a ela um nome de menina e coloque nela roupinhas cor-de-rosa”.

       Parece que essa história pueril e divertida de uma menina inocente foi apropriada por uma concepção do ser humano cujos fundamentos estão muito longe da inocência e da pureza de uma criança. A ideologia do gênero, em suma, propõe precisamente isso: não há diferenças naturais entre homem e mulher; são os adultos e a sociedade que impõem padrões de comportamento.
É preciso reconhecer que muito do modo de ser masculino e feminino é ditado por puras convenções sociais. Por exemplo, trata-se de um costume, ainda que construído há séculos no ocidente, que as mulheres usem saia ou vestido, ao passo que somente o homem vista terno e gravata em ocasiões mais solenes. O mesmo se diga da cor azul ou rosa que predominam no enxoval de meninos e meninas. Tudo isso é mesmo acidental e mutável de acordo com a cultura e o contexto histórico e social.


       No entanto, nem tudo o que marca um ser humano como homem ou mulher é definido pelo contexto social. Há fatores inatos, dados pela própria natureza, que a sociedade simplesmente reconhece. Essas diferenças entre homem e mulher não estão só no aspecto físico ou biológico. Esse é o mais evidente. Estudos apontam, porém, que o próprio funcionamento cerebral é diferente no homem e na mulher. A dimensão afetiva apresenta também notórias diferenças conforme o sexo da pessoa. Em suma, homem e mulher são fundamentalmente diferentes em todas as suas dimensões. E isso não é o produto de uma construção social, mas algo que decorre da própria natureza.


       Isso não implica uma hierarquia que permita afirmar ser um mais que o outro, mas simplesmente diferentes. Todos os seres humanos são absolutamente iguais em dignidade, o que se manifesta, porém, em cada existência concreta apenas de dois modos bem distintos: homem ou mulher. Não há um terceiro, quarto, ou infinitos gêneros, mas simplesmente dois sexos.

       Como consequência disso, o amor genuinamente conjugal é somente aquele que se estabelece entre um homem e uma mulher, ainda que possa haver outras formas de amor entre pessoas do mesmo sexo (entre amigos, pais e filhos, irmãos etc.). Isso porque o amor conjugal é vivo e fonte de vida, de modo que aponta para uma natural fecundidade. Além disso, pressupõe uma natural diferença entre os cônjuges, posto que somente realidades diferentes se complementam num todo harmônico, cada um dando ao outro precisamente o que esse não tem. E esse amor não é só sentimento, mas exige o compromisso de se querer amar o outro cada dia.

       É necessário reconhecer, porém, que há certo número de indivíduos, homens ou mulheres, que apresentam atração erótica por pessoas de mesmo sexo. E esses sempre foram alvo de discriminação, ainda que atualmente isso tenha mudado.

       Eis o cenário em que aflora a ideologia do gênero. O homossexual é discriminado e humilhado pelos seus semelhantes. Solução: pregar uma concepção assexuada de ser humano; homem e mulher serão, então, considerados meras construções sociais que precisam ser abolidas.
Acontece que isso não encontra nenhum fundamento na natureza humana. Trata-se de um engenhoso raciocínio que, a pretexto de eliminar a discriminação contra os homossexuais, se levado à prática, acabará por matar em cada pessoa a sua própria identidade, inexoravelmente marcada e definida pelo sexo.


       Não é necessário – nem possível – modificar a natureza humana para não discriminar o homossexual. Ao contrário, é preciso atacar toda forma de discriminação em sua causa mais profunda, que é o desrespeito à infinita dignidade de cada indivíduo. Devemos ter olhos que saibam enxergar em cada semelhante simplesmente um ser humano. Trata-se de saber se colocar no lugar do outro e então valorizar e afirmar a vida. Mas isso se faz promovendo cada pessoa tal como ela é, não com uma vã e artificial tentativa de arrancar-lhe a sua identidade sexual, que outra coisa não é que aniquilar a sua própria dignidade.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Um Grande Homem

Há aproximadamente um ano, em 2 de junho de 2.014, faleceu o nosso queridíssimo Dr. José Geraldo Barreto Fonseca.
Quando penso em como homenagear uma pessoa cuja vida marcou o seu tempo e tocou profundamente aquelas e aqueles com quem conviveu, vem-me à memória um conselho que um dia recebi do meu avô. Estávamos numa festa de formatura e, num dado momento, diante de um pequeno incidente que vivenciamos, ele me disse, com aquele semblante bem conhecido que fazia falava algo à sério: “Filho, um grande homem se faz nos pequenos gestos”.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Carta de uma filha

Inicio me desculpando perante as leitoras pela omissão da semana passada. Isso porque o dia das mães passou sem que lhes fosse prestada a devida homenagem. Sempre é tempo, porém, de externar nosso amor e a nossa gratidão às nossas mães.
E penso que uma boa maneira de fazê-lo é trazendo uma emocionante homenagem póstuma que uma filha faz à sua mãe. A d. Zizi, como era carinhosamente chamada, faleceu aos 102 anos. Sua filha, Maria do Carmo, que a acompanhou na derradeira despedida, descreve emocionada e agradecida esse momento tão sublime:
“Quando cheguei a esta vida, estávamos Deus, mamãe e eu. Quando mamãe deu seu último suspiro estávamos novamente, Deus, você e eu.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

A PEC da Bengala

O Congresso Nacional promulgou na última quinta-feira (7), a Proposta de Emenda Constitucional 457/05, conhecida como "PEC da Bengala", que eleva de 70 para 75 anos a idade para a aposentadoria compulsória dos ministros dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União.
Analisando as motivações que levaram nossos deputados e senadores a aprovar a mudança vem à memória uma célebre frase que a tradição atribui ao chanceler Otto Von Bismarck (1815-1898): “Leis são como salsichas; é melhor não saber como são feitas”. Com efeito, quem acompanhou de perto os últimos trâmites da proposta de emenda pode constatar junto aos parlamentares o propósito quase que exclusivo de impedir que a Presidente Dilma viesse a indicar, em seu último mandato, novos Ministros para compor o Supremo Tribunal Federal.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Dia do Trabalho


Na última sexta-feira comemoramos o Dia do Trabalho. Ao que consta, a origem dessa celebração remonta a uma manifestação de trabalhadores na cidade de Chicago (EUA), iniciada em 1º de maio de 1886. Cinco anos após, em 15 de Maio de 1891, o Papa Leão XIII editava a memorável Carta Encíclica «RERUM NOVARUM», sobre a condição dos operários, inaugurando uma série de documentos que viria a formar a Doutrina Social da Igreja. Passados já mais de doze décadas desses acontecimentos, como estará o trabalho no mundo atual? Mais ainda, o que representa o trabalho para a mulher e para o homem do nosso tempo?

segunda-feira, 27 de abril de 2015

O “SIM” em números



Dados do IBGE apontam o crescimento na taxa de nupcialidade nos últimos anos, que passou de 5,6‰ (2002) para 6,9‰ (2012). Esse índice reflete a relação ente o número de casamentos para cada mil (‰) habitantes em determinado ano. No mesmo período, porém, houve um crescimento da taxa geral de divórcios, que passou de 1,2‰ para 2,5‰. Isso se deveu, em grande parte, a maior facilidade para a ruptura do vínculo conjugal a partir de 2.010, com a promulgação da Emenda Constitucional que aboliu o tempo mínimo de casamento para os casais se divorciarem. Tanto que, a partir de 2011, observa-se um declínio nessa taxa.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Um pacto pela sinceridade


Quando vamos a uma repartição pública solicitar algum serviço é comum que nos solicitem uma lista infindável de documentos. Muitas vezes, as exigências vão muito além do razoável. Soube recentemente, por exemplo, que um órgão público não aceita como comprovante de residência fatura de energia emitida diretamente em site na INTERNET, mas apenas a via impressa enviada pelos correios. É impressionante notar quanto tempo e desgaste se perde a procura de uma parafernália de papéis e formulários que, em última análise, exige do cidadão de bem provar a todo o tempo e em todo lugar, que não é falsificador, nem mentiroso, nem fraudador...

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Os desafios do envelhecimento

O Correio Popular, na edição de ontem, trouxe os resultados de uma estimativa baseada em dados coletados pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE), que aponta que em 2030 a população da região de Campinas terá um aumento de 85% em relação a 2014. Com relação à faixa etária de 70 a 74 anos, o aumento deverá ser superior a 100%.

segunda-feira, 30 de março de 2015

A Páscoa num Estado laico

No último domingo os cristãos de todo o mundo celebraram a grande festa da Páscoa. Sempre que nos deparamos com acontecimentos religiosos, em especial aqueles que têm manifestações públicas, deparamo-nos com um tema cada vez mais presente no mundo atual: o laicismo. Com efeito, não faltarão vozes a sustentar que as procissões pelas ruas e praças da cidade não seriam possíveis num Estado laico. Mas será assim mesmo?

segunda-feira, 23 de março de 2015

Todo mundo deve ir para a Universidade?

A revista britânica “The Economist” trouxe como manchete da sua última edição que o mundo está indo para a Universidade. Penso que a questão deve ser meditada pelos pais também sob o enfoque das expectativas que mantêm em relação aos filhos. É muito frequente que desde cedo sonhem com a sua formatura e que sejam bem-sucedidos profissionalmente. Muitas vezes chega-se a desejar que sigam determinada profissão e, é claro, nem cogitam a possibilidade de não concluírem um curso superior.

segunda-feira, 16 de março de 2015

Retirando a autoestima da lama

Os escândalos envolvendo a Petrobrás tiveram repercussão mundial. Basta mencionar, por exemplo, que a revista britânica “The Economist” trouxe como manchete na sua penúltima edição o “lamaçal” do Brasil. Isso, aliado a outros fatores, em especial a crônica desconfiança que temos em nossas instituições públicas, por certo agrava um problema que já é sério e preocupante entre os brasileiros: a baixa autoestima.

segunda-feira, 9 de março de 2015

[In]Justiça de Família

Depois de alguns anos vivenciando diariamente situações de litígios, adquire-se certa percepção para identificar os casos em que o risco de injustiça é maior. E tal se dá naquelas situações em que a prova dos fatos é mais difícil ou mesmo impossível. E se essa dificuldade de apuração vier aliada a uma má disposição dos envolvidos em dizer a verdade – ou, pior ainda, se atuarem com o propósito deliberado de mentir – então chegar a uma solução justa passa a ser uma missão verdadeiramente difícil.

segunda-feira, 2 de março de 2015

A Imparcialidade do Juiz

Muito se tem debatido recentemente nos meios de comunicação sobre a imparcialidade do magistrado, com atenção maior quando se trata dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. É que, como se sabe, são eles nomeados pelo Presidente da República, após aprovação pelo Senado Federal.
Lembro-me agora de uma pergunta que fiz ao professor Cândido Dinamarco quando ainda estávamos nos bancos da faculdade: “Professor, se é o Presidente quem indica os Ministros do Supremo, como poderão eles julgar com isenção as causas em que o governo tem interesse ou mesmo os crimes eventualmente praticados pelo Presidente?”. Não me recordo exatamente das suas palavras, mas o que respondeu foi que há uma espécie de efeito (ou fenômeno) da toga, que assegura a imparcialidade mesmo em relação a quem o nomeou. Até porque – dizia ele – o chefe do Poder Executivo nomeia, mas não pode retirar o magistrado do cargo, que é vitalício.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

O ético e o “normal”

Em uma reportagem publicada pela Folha de S. Paulo, o Juiz Federal Flávio Roberto de Souza, acusado de ser flagrado utilizando o veículo cuja apreensão foi por ele próprio determinada, teria dito que a utilização de bens apreendidos pela Justiça seria uma “prática absolutamente normal”, adotada por “vários juízes”.
Não é preciso dizer que tal afirmação não é verdadeira. Utilizar em proveito próprio bens apreendidos por decisão judicial é uma conduta ilegal e absolutamente inaceitável, tanto mais se praticada por um magistrado. Mas não é esse o enfoque que pretendemos dar ao caso. Como sempre, de fatos desagradáveis e ruins podemos extrair boas lições. Nesse intento, penso que podemos nos centrar num aspecto da questão, que é considerar “normal” o que é antiético e, por consequência, agir de determinado modo com a justificativa de que outros o façam.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Contrato de namoro

Tem-se verificado uma grande disseminação da chamada união estável. Essa, por definição, dispensa um compromisso escrito e solene para que se instaure. Bem ao contrário, trata-se de uma situação de fato à qual a Lei confere consequências jurídicas: “É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família” (artigo 1.723 do Código Civil).

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Amigos de verdade

Vivemos num tempo em que se observa uma enorme crise de valores, com reflexos perigosos na vida das pessoas. Um exemplo e sintoma disso pode ser observado em nossas telenovelas. É frequente que o “herói” ou a “heroína” sejam pessoas inconstantes, que perambulam de um relacionamento a outro sem o menor escrúpulo e sem qualquer sentido de responsabilidade. No entanto, a “telinha” os exibe como simpáticos, alegres e caridosos. Mais ainda, vendem a falsa ideia de que se pode ser feliz desse jeito, sem construir algo de duradouro, em especial nas relações familiares.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Lavando “à jato” a corrupção

Novamente vemos nosso País como palco de esquemas criminosos que minam quantias imensas de recursos que, se utilizados com honestidade, poderiam beneficiar inúmeros brasileiros. As consequências nefastas disso não inúmeras. Uma delas – e não pouco importante – atinge diretamente a autoestima dos brasileiros.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

A Justiça na Indonésia

Ganhou notoriedade na mídia a recente execução de um brasileiro, condenado à pena de morte por tráfico de drogas na Indonésia. A Presidente Dilma Rousseff, por mais de uma vez, enviou pedido de clemência, que foram negados.
Sempre fomos contrário à pena de morte. Não pretendemos, porém, tratar desse tema nesta oportunidade. O que nos chama a atenção, neste momento, foi a postura da nossa Presidente que, de certo modo, leva ao plano internacional uma tentativa de prevalecer o “jeitinho brasileiro”.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Charlie Hebdo e a Liberdade de Expressão

O mundo está chocado com o ataque terrorista ao escritório da revista semanal satírica Charlie Hebdo. Ao menos doze vidas foram ceifadas de maneira cruel e covarde. Pior, os bandidos assim agiram julgando prestar um serviço a Deus! Por outro lado, porém, tem-se tratado do incidente como um atentado à liberdade de imprensa. Mas será que essa atitude criminosa, além de uma inequívoca violação do direito à vida, é também uma ofensa ao direito de manifestação de atividade artística ou de comunicação?

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Família é só afeto?


Tem-se sustentado que o conceito de família deve ser reformulado. Segundo uma nova concepção, o fundamento dessa instituição passa a ser o afeto que se estabelece entre os seus membros, e não mais o matrimônio ou qualquer outra forma de compromisso.
Isso tem chegado aos Tribunais, com decisões que reconhecem esses novos modelos. É o caso, por exemplo, de um jovem que teve dois pais e uma mãe em seu registro, sob o argumento de que mantinha laços afetivos tanto com o pai biológico, como com o padrasto, com quem convivia. É o que aconteceu, também, com um recém-nascido que foi registrado com o nome das duas mães – que formam um casal homoafetivo – e do pai biológico, que é amigo das duas mulheres.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Famílias Numerosas

No penúltimo domingo, (28/12), o Papa Francisco recebeu os membros da Associação das Famílias Numerosas, reunida em Roma para celebrar seus 10 anos de fundação. Diante de cerca de sete mil famílias, o Pontífice recordou que a maternidade e a paternidade são dons de Deus: “Cada um de seus filhos é uma criatura única, que jamais se repetirá na história da humanidade. Quando se compreende isso, se surpreende com a grandeza do milagre que é um filho! Um filho é um milagre que transforma a vida.”. Em seu pronunciamento, ressaltou também que “Toda família é célula da sociedade, mas a família numerosa é uma célula mais rica, mais vital, e o Estado tem todo o interesse em investir nela!”.