Um caro amigo e leitor enviou-me um texto que merece
ser lido e meditado:
“A professora Ana Maria pediu aos alunos que fizessem
uma redação sobre o que eles gostariam que Deus fizesse por eles. À noite,
corrigindo as redações, ela se depara com uma que a deixa muito emocionada. O
marido, nesse momento, acaba de entrar, a vê chorando e lhe pergunta: “O que
aconteceu?”. “Leia” [Era a redação de um menino]:
“Senhor, esta noite te peço algo especial: me
transforme em um televisor. Quero ocupar o seu lugar. Viver como vive a TV da
minha casa. Ter um lugar especial para mim e reunir a minha família ao redor.
Ser levado a sério quando falo. Quero ser o centro das atenções e ser escutado,
sem interrupções nem questionamentos. Quero receber o mesmo cuidado especial
que a TV recebe quando não funciona. E ter a companhia do meu pai quando ele
chega em casa, mesmo que esteja cansado. E que minha mãe me procure quando
estiver sozinha e aborrecida, em vez de ignorar-me. E ainda, que meus irmãos
briguem para estar comigo. Quero sentir que a minha família deixa tudo de lado,
de vez em quando, para passar alguns momentos comigo. E, por fim, que eu possa
divertir a todos. Senhor, não te peço muito..... só quero viver o que vive
qualquer televisor”.
“Coitado desse menino”, disse o marido da professora
Ana Maria. “Nossa! Que coisa esses pais!” E ela lhe observa: “ESSA REDAÇÃO É DO
NOSSO FILHO”. (Revista “Pergunte e Responderemos n° 542 – pág. 367, de
ago/2007).
Sempre é tempo de nos examinarmos sobre como estamos
nos dedicando à educação de nossos filhos. Durante as férias escolares, porém,
penso que deveríamos nos esmerar mais nisso. É que durante esse tempo de lazer
podemos fazer programas agradáveis, como passeios a um parque, andar de
bicicleta, soltar pipa etc. Nesses momentos, é muito mais fácil ganhar
intimidade com nossos filhos. E somente podemos ajudá-los em sua formação se os
conhecemos de verdade.
Isso não quer dizer, porém, que o pai e a mãe devam
se colocar no mesmo nível do filho. Há muitos pais que, numa tentativa de ser
agradável, esforçam-se por se portar como as crianças, ou como os jovens,
falando gírias, vestindo-se como eles, enfim, querendo ser um “amiguinho”. No
entanto, para ganhar intimidade com o filho (ou com a filha), não é preciso
nada disso. O pai há de se portar como pai, e a mãe, como mãe. Isso implica
corrigir, quando necessário, mas de forma positiva, com firmeza e ao mesmo
tempo com docilidade e ternura.
Nossos filhos esperam que os tratemos com respeito,
com lealdade, que nos interessemos de verdade por aquilo que eles pensam e
gostam. Mas acima de tudo, eles querem que sejamos pessoas alegres e serenas.
Os jovens e as crianças não gostam, ao contrário, afastam-se de pessoas
sisudas, carrancudas, sempre repetindo a mesma coisa “antigamente, tudo era
melhor...”.
As férias são sempre uma oportunidade irrepetível
para crescer em amizade com os nossos filhos. Mas isso não ocorre naturalmente.
Nós, pais, temos de nos esforçar para estar com eles. Há que se planejar, há
que se esforçar. Se necessário, o pai e a mãe devem estar disposto a renunciar,
de boa vontade, as suas preferências para tornar mais amável o convívio com os
filhos.
Se perguntassem aos nossos filhos, a exemplo da
redação daquele garoto, o que lhes rouba a atenção dos pais, o que eles
responderiam? A TV? A cervejinha com os amigos? O trabalho incessante, mesmo
nas férias?
Já se disse de forma muito sábia que não há sucesso
profissional que compense o fracasso no lar. Penso, portanto, que o melhor
trabalho que podemos desempenhar em nossas férias seja investir no melhor e
mais valioso negócio que temos: a nossa família.
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