Em recente pronunciamento, o Presidente da República,
após algumas considerações sobre a atuação do seu governo na educação, termina
o seu discurso com uma frase que merece elogio. Disse ele: quero fazer um apelo a toda sociedade e, em especial às mães e pais de
família: participem ativamente da vida da escola de seus filhos, saibam
como ela está se saindo na Prova Brasil, apóiem os professores. Mas também
marquem em cima, cobrem resultados. Sejam parceiros dos seus filhos no
aprendizado. E deixem claro para eles que estudar é importante para conquistar
uma vida melhor e construir um país mais justo.
A educação é um direito, mas também um dever do pai e
da mãe. Assim como os pais atuam diretamente no ato de trazer um novo ser ao
mundo, incumbe-lhes, em primeiro lugar, a obrigação de formar o filho,
ajudando-o a crescer como pessoa.
Nesse sentido, a escola atua na educação exercendo
uma atribuição que lhe é delegada pelos pais, que são os principais
responsáveis pela educação. Nenhuma escola, por melhor que seja, não pode ter a
pretensão de substituir os pais na formação de seus alunos.
Isso implica que os pais têm o direito, mas sobretudo
o dever de participar do que acontece na escola. E tal direito há não apenas
nas escolas particulares, mas também e principalmente nas instituições
públicas.
No entanto, o que muitas vezes infelizmente se
observa é que as escolas querem compartilhar os problemas dos alunos com os
pais. Querem dar-lhes sugestões e chamar-lhes à responsabilidade de
participarem mais ativamente da formação de seus filhos, mas não conseguem
sequer fazer com que participem das poucas reuniões a que são chamados.
Talvez isso seja conseqüência do consumismo
exacerbado que marca nossa sociedade. Com efeito, pensa-se que todas as soluções
são compradas, ou até mesmo adquiridas gratuitamente. Assim, se se está doente,
contrata-se (ou procura-se um médico). Se se está vivendo uma crise
existencial, contrata-se um psicólogo. Se se precisa de alimento, vestuário
etc., vai até a loja e compra. E, nesse mesmo contexto, se é preciso educar o filho, paga-se uma escola,
ou, para os menos favorecidos, coloca-se o filho numa instituição estatal e
pronto.
O que muitos de nós nos esquecemos, porém, é que mais
que dar algo aos nossos filhos (saúde, roupa, comida, lazer ...), precisamos
doarmos nós mesmos a eles. Arranjar tempo para estar com eles, e, numa
convivência sadia, irmos nos ocupando de sua formação.
E nessa tarefa, mais que transmitir conhecimentos, o
que pode até ser delegado para a escola, trata-se de uma missão primordial dos
pais transmitirem aos filhos um sentido para suas vidas. Por dentro daqueles
olhinhos inocentes, trazem eles uma grande indagação: “Papai, o que eu estou
fazendo neste mundo?”. E o primeiro e principal fracasso na educação advém de
não ter uma resposta bem clara e precisa a essa pergunta.
E um bom critério para avaliarmos se nossos filhos
estão bem, se a formação que damos em casa e na escola está evoluindo
satisfatoriamente, é avaliarmos se eles estão felizes. Com que triste
freqüência encontramos hoje jovens e crianças cheios de brinquedos, videogames,
produtos de última geração e, no entanto, no fundo estão cheios de tristezas e
frustrações.
Penso que o grande segredo da educação seja o ato de se
doar, de deixar marca na vida daquele que é ensinado. O professor, mais que
gravar na memória do aluno uma equação matemática, deve ficar ele próprio como
modelo de um homem ou de uma mulher que exalam alegria, paz e serenidade numa
sala de aula, exatamente porque sabem amar. O pai e a mãe, mais que bons
ensinamentos deixados através de palavras diariamente repetidas aos filhos,
devem ser eles próprios modelos que arrastem e animem a lutar por imitá-los.
Certa vez disse numa palestra que os filhos esperam
dos pais, já desde o primeiro instante, um exemplo de que a vida vale a pena. E
alguém da platéia fez o comentário bem humorado: “talvez seja por isso que eles
já nascem chorando...”. De fato, eles nascem chorando. Porém, eis aí o nosso
grande desafio: transformar esse pranto em alegria.
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