Na semana passada comentamos, nesta coluna, sobre o
Big Brother à luz do direito à intimidade. Naquela oportunidade, questionamos se
a programação de nossas emissoras de televisão estaria de acordo com os
princípios instituídos pelo artigo 221 da nossa Constituição Federal. Mas
enquanto as autoridades competentes não tomam providências – e sequer sabemos
se isso ocorrerá um dia – há outro aspecto da questão que talvez seja ainda
mais relevante: O que os pais podem ou devem fazer para que impedir ou diminuir
os efeitos nefastos causados por alguns programas exibidos pela TV?
Em muitos dos nossos lares, além de se gastar parte
considerável do tempo assistindo TV, criou-se o hábito de deixá-la ligada o dia
todo. Parece que o silêncio incomoda. Talvez porque ele nos traga indagações
mais transcendentes acerca do sentido da vida e da razão da nossa existência.
E, se ainda não obtivemos as respostas para elas, acabamos por cair num
terrível vazio existencial.
O que talvez nos passa despercebido é que, se não
selecionamos os programas nem controlamos o horário em que nós e nossos filhos
assistiremos TV, ela pode se converter numa espécie de “louca da casa”. Com
efeito, a qualquer momento, no meio da tarde, ela pode se mostrar erótica,
mostrando cenas indecentes, apenas para vender cerveja. Outras vezes, ela se
dedica fazer sensacionalismo com notícias de crimes, instigando os expectadores
a condenarem os “culpados” muito antes de sequer se instaurar um processo
judicial.
E quando a louca inventa de nos distrair com as
telenovelas... Aí ela se supera na doidice. O mocinho que nos apresenta, quase
sempre é muito mais bonito e elegante que virtuoso. Na verdade, a sua única
virtude é ser fisicamente apresentável. Com frequência esse “herói” já está lá
no seu terceiro ou quarto relacionamento passageiro com uma mulher e cobiçando
a quinta... Mas ele tem razão – tenta a louca nos convencer – afinal, as suas
esposas anteriores foram umas megeras...
Porém, se não quisermos expor os nossos filhos e
essas “loucuras”, a TV tem um equipamento fantástico: o controle remoto. Com
ele podemos mudar de canal e... vejam que maravilha, podemos fazê-la calar, ou
seja, desligá-la!
Conheço uma família, em que os filhos são muito bem
educados, que desenvolveu o hábito saudável de não assistirem TV após o jantar
nos dias de semana. Após uma conversa descontraída, dedicam-se à leitura ou aos
jogos entre os irmãos, por vezes com a participação dos pais. No início, isso
exige renúncia e sacrifício. Mas, com o passar do tempo, a qualidade do
convívio familiar tende a crescer muito de modo que compensa o esforço.
Também há muitos bons filmes que podem ser utilizados
na formação dos nossos filhos. Há inclusive bons livros que os classificam e
comentam conforme as qualidades que desejamos fomentar: amizade, amor ao
próximo, valorizar a família etc.
Isso não quer dizer que não se deva assistir TV.
Penso que isso seria quase impossível no estilo de vida que assumimos
modernamente. Além disso, há programas muito bons, que trazem informação e
cultura. Assim, o grande desafio é selecionar de antemão os programas que de
fato trarão benefício aos nossos filhos, ou ao menos que sejam uma diversão que
não destrua os valores que buscamos transmiti-los.
Ao fazermos esse filtro dos programas, talvez alguém
possa questionar: “Mas não será isso uma forma de censura?”. E a isso se pode
responder com toda a tranquilidade que sim. Mas quem é que disse que não há uma
censura saudável? De fato, devemos repudiar com toda veemência a censura de
cunho ideológico que fazem os regimes totalitários. No entanto, se o diretor de
um canal de comunicação pode escolher que notícias irá veicular ou que programa
irá exibir em sua emissora, por certo que os pais de critério, ocupados
seriamente com a educação dos seus filhos, também podem e devem escolher com
muita atenção o que convém e o que não convém que eles assistam.
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