segunda-feira, 4 de maio de 2015

Dia do Trabalho


Na última sexta-feira comemoramos o Dia do Trabalho. Ao que consta, a origem dessa celebração remonta a uma manifestação de trabalhadores na cidade de Chicago (EUA), iniciada em 1º de maio de 1886. Cinco anos após, em 15 de Maio de 1891, o Papa Leão XIII editava a memorável Carta Encíclica «RERUM NOVARUM», sobre a condição dos operários, inaugurando uma série de documentos que viria a formar a Doutrina Social da Igreja. Passados já mais de doze décadas desses acontecimentos, como estará o trabalho no mundo atual? Mais ainda, o que representa o trabalho para a mulher e para o homem do nosso tempo?

Trata-se de um meio necessário para ganhar a vida ou obter os recursos necessários para sustentar a família? Sim. Trabalhar é, para a grande maioria das pessoas, uma necessidade vital. Porém, que mesquinha e obtusa a nossa visão se não soubermos enxergar no nosso trabalho nada além de uma forma de conseguir os recursos econômicos necessários para se alimentar, morar, cuidar da saúde, do lazer etc.
Será, então, o trabalho um meio para contribuirmos para o progresso social? Sim, também o é. Com efeito, com um trabalho profissional desempenhado conscienciosamente, com responsabilidade e esforço para adquirir cada vez mais os conhecimentos técnicos e práticos para bem desempenhá-lo, por certo se contribui para fazer melhor o mundo em que vivemos. Isso é muito, porém, ainda é insuficiente.
O trabalho sempre esteve e sempre estará a serviço da dignidade humana. Com o afã e o esforço para se trabalhar bem contribuímos para dignificar o nosso trabalho, alcançamos a própria dignidade e, de certo modo, difundimos aos demais os dons que emanam desse modo de trabalhar.
Muito provavelmente já tivemos boas ou más experiências com algum tipo de profissional: médico, engenheiro, advogado, servidor público etc. E, de certo modo, a imagem que temos dessas profissões nos é dada pelos profissionais que conhecemos. Assim, quando desempenhamos uma determinada profissão ou ofício estamos edificando ou destruindo o conceito que se faz disso no meio social. Com isso, do modo como trabalhamos depende em grande medida tornar mais ou menos dignos esse ofício ou essa profissão que nos cabe.
Mas não é só. Quando trabalhamos estamos promovendo ou destruindo a nossa própria dignidade. Nenhuma mulher e nenhum homem que povoa o planeta foi lançado à existência ao acaso. Todos temos uma missão. E o trabalho profissional é parte integrante e de grande relevância nessa missão. Assim, trabalhar bem, esforçando-se dia-a-dia para fazê-lo cada vez melhor, com mais competência e qualidade técnica, por amor, com atenção nos detalhes, tendo em vista o bem que dele pode advir para os demais, implica desempenhar essa missão a que somos chamados. Com isso, promovemos a nossa própria dignidade.
O trabalho é também um caminho para tornarmos melhor a mais amável a vida aos demais. Talvez já tenhamos uma experiência negativa disso, com uma pessoa que, no ambiente de trabalho, é como que uma nuvem cinzenta de mau humor, pessimismo e grosserias. Por outro lado, porém, muito provavelmente tivemos a felicidade de trabalhar ao lado de uma mulher ou de um homem abnegados, habitualmente alegres e solícitos, que sabem transformar os grandes ou pequenos acontecimentos de cada dia em oportunidades de crescimento e de serviço. Tais pessoas edificam à sua volta um mundo melhor.
Mas o trabalho é, principalmente, meio para chegar a Deus. Quando realizado com visão sobrenatural, pode ser transformado em oração. Assim encarado, certo modo realizamos aquilo que Leão XIII já apontava como solução definitiva para todos os problemas da humanidade: a caridade, como tal entendido o amor ao próximo, manifestado e distribuído generosamente enquanto trabalhamos ou fazemos qualquer outra coisa em nossas vidas.

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