Na última
sexta-feira comemoramos o Dia do Trabalho. Ao que consta, a origem dessa
celebração remonta a uma manifestação de trabalhadores na cidade de Chicago
(EUA), iniciada em 1º de maio de 1886. Cinco anos após, em 15 de Maio de 1891, o
Papa Leão XIII editava a memorável Carta Encíclica «RERUM
NOVARUM», sobre a condição dos operários, inaugurando uma série de documentos
que viria a formar a Doutrina Social da Igreja. Passados já mais de doze
décadas desses acontecimentos, como estará o trabalho no mundo atual? Mais
ainda, o que representa o trabalho para a mulher e para o homem do nosso tempo?
Trata-se de um
meio necessário para ganhar a vida ou obter os recursos necessários para
sustentar a família? Sim. Trabalhar é, para a grande maioria das pessoas, uma
necessidade vital. Porém, que mesquinha e obtusa a nossa visão se não soubermos
enxergar no nosso trabalho nada além de uma forma de conseguir os recursos
econômicos necessários para se alimentar, morar, cuidar da saúde, do lazer etc.
Será, então, o
trabalho um meio para contribuirmos para o progresso social? Sim, também o é.
Com efeito, com um trabalho profissional desempenhado conscienciosamente, com
responsabilidade e esforço para adquirir cada vez mais os conhecimentos
técnicos e práticos para bem desempenhá-lo, por certo se contribui para fazer
melhor o mundo em que vivemos. Isso é muito, porém, ainda é insuficiente.
O trabalho
sempre esteve e sempre estará a serviço da dignidade humana. Com o afã e o
esforço para se trabalhar bem contribuímos para dignificar o nosso trabalho,
alcançamos a própria dignidade e, de certo modo, difundimos aos demais os dons
que emanam desse modo de trabalhar.
Muito provavelmente
já tivemos boas ou más experiências com algum tipo de profissional: médico,
engenheiro, advogado, servidor público etc. E, de certo modo, a imagem que
temos dessas profissões nos é dada pelos profissionais que conhecemos. Assim,
quando desempenhamos uma determinada profissão ou ofício estamos edificando ou
destruindo o conceito que se faz disso no meio social. Com isso, do modo como
trabalhamos depende em grande medida tornar mais ou menos dignos esse ofício ou
essa profissão que nos cabe.
Mas não é só.
Quando trabalhamos estamos promovendo ou destruindo a nossa própria dignidade.
Nenhuma mulher e nenhum homem que povoa o planeta foi lançado à existência ao
acaso. Todos temos uma missão. E o trabalho profissional é parte integrante e
de grande relevância nessa missão. Assim, trabalhar bem, esforçando-se
dia-a-dia para fazê-lo cada vez melhor, com mais competência e qualidade
técnica, por amor, com atenção nos detalhes, tendo em vista o bem que dele pode
advir para os demais, implica desempenhar essa missão a que somos chamados. Com
isso, promovemos a nossa própria dignidade.
O trabalho é
também um caminho para tornarmos melhor a mais amável a vida aos demais. Talvez
já tenhamos uma experiência negativa disso, com uma pessoa que, no ambiente de trabalho,
é como que uma nuvem cinzenta de mau humor, pessimismo e grosserias. Por outro
lado, porém, muito provavelmente tivemos a felicidade de trabalhar ao lado de
uma mulher ou de um homem abnegados, habitualmente alegres e solícitos, que
sabem transformar os grandes ou pequenos acontecimentos de cada dia em
oportunidades de crescimento e de serviço. Tais pessoas edificam à sua volta um
mundo melhor.
Mas o trabalho
é, principalmente, meio para chegar a Deus. Quando realizado com visão
sobrenatural, pode ser transformado em oração. Assim encarado, certo modo
realizamos aquilo que Leão XIII já apontava como solução definitiva para todos
os problemas da humanidade: a caridade, como tal entendido o amor ao próximo,
manifestado e distribuído generosamente enquanto trabalhamos ou fazemos
qualquer outra coisa em nossas vidas.
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