Presenciei na semana passada uma
cena familiar interessante, da qual podemos tirar boas lições nesses tempos
conturbados em que vivemos. A família estava diante da TV assistindo os últimos
noticiários sobre a crise no País. Os filhos notam um ar de indignação nos pais,
que lhes provoca reações que nunca haviam presenciado antes. Nesse cenário, o
filho de 11 anos perguntou à mãe sobre o que estava acontecendo. Depois de uma
breve explicação, o garoto perguntou:
- Mas mãe, é certo nomear como
Ministro uma pessoa que está sendo acusada de crimes graves?
A mãe, após uma breve reflexão,
tentou como pode diminuir o peso negativo da notícia, talvez com o propósito de
evitar que aquele garoto já crescesse com total descrédito nas instituições de
seu País. Mas o filho insistiu:
- Tudo bem, mãe, mas se ele está
sendo acusado de crimes tão graves, não seria melhor esperar que tudo ficasse
esclarecido para só depois ser nomeado Ministro?
- Mãe, eu tô com medo. E se eu vier
a me tornar um corrupto quando eu crescer? Mãe, quando as pessoas começam a ser
corruptas? Como começa a corrupção?
A mãe viu-se tomada de uma imensa
ternura com as boas intenções e a saudável preocupação do filho, e respondeu-lhe:
- Filho, ninguém se torna
corrupto do dia pra noite. Na verdade, antes de roubar bilhões, essas pessoas
que participaram de um dos maiores escândalos que o mundo já viu, começaram com
pequenas falcatruas. Foi uma mentirazinha aqui, um desviozinho ali... No
princípio, talvez eles procurassem justificativas para suas más ações, como,
por exemplo, “todo mundo faz isso”, ou ainda, “a intenção é boa” etc. Mas nós
podemos tirar uma boa lição disso. É importante que você preste atenção nas
pequenas coisas de cada dia. É necessário treino pra ser muito forte para dizer
a verdade sempre, pra não condescender nem com pequenas mentirinhas. Agindo
assim, você será um homem honesto e honrado e jamais vai se tornar um corrupto.
Penso que dias de grande tensão,
como temos vivido ultimamente, trazem-nos excelentes oportunidades educativas.
É momento de reforçar os bons valores nos nossos filhos. E um ponto importante
que devemos cuidar é, também, a serenidade. De fato, a sujeira que vemos
assumiu proporções tão inusitadas que é inevitável externar profunda
indignação. Porém, esse sentimento não é incompatível com o autodomínio que
devemos manter sobre as nossas ações, em especial os pais que têm o sublime e
grave dever de educar.
Mas voltemos à cena. Agora é o pequeno de 3
anos que, diante da atmosfera sombria que invadia o lar, perguntou:
- Mamãe, quem vai vencer: o bem
ou mal?
A mãe foi novamente tomada de uma
forte emoção. Pensava ela consigo: “pobre criatura, ainda pensa que o mundo
está dividido entre bons e maus... Como posso dizer a ele que as pessoas que
cometem grandes barbaridades, às vezes em prejuízo de uma nação inteira, podem
ter um fundo de intenção reta? E como explicar a essa criança que mesmo aqueles
que perseguem o bem com valentia e fortaleza, em algum momento podem extrapolar
ou talvez perder aquela retidão de intenção que deveria marcar todos os seus
atos?”. E então concluiu ela humilde e sabiamente que uma criança de 3 anos não
iria conseguir entender tudo isso. Então, simplesmente deu-lhe um terno e
prolongado abraço de mãe, enquanto dizia:
- Sim, meu amor, o bem vai vencer!
O bem sempre vence!
Naquele momento, porém, aquela
boa mãe já não conseguia conter as lágrimas que prorrompiam em seu rosto. E
entre soluços, com aquele filhinho bem apertado contra o seu peito e dizia:
- Meu Deus, meu Deus, mostra que de
fato és brasileiro... Protege esse nosso País!
Mas, agora, chega de luto! Vamos
à luta por um País melhor, pelos nossos filhos, pelos nossos netos!
Ótimo, Parabéns!
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