quarta-feira, 28 de junho de 2006

Os filhos e as brigas dos pais

Certo dia, proferi uma frase mal-educada à minha esposa, o que foi presenciado pelo meu filho. Sem demora, com os olhinhos um pouco tristes, um pouco indignados, ele disse-me: “eu prefiro que você brigue comigo do que fale desse jeito com a mamãe”.
Eu já havia ouvido de especialistas que os filhos se sentem mais seguros em notar que os pais se amam entre si do que com demonstrações de afeto diretamente para com eles, pois, mais que serem amadas, as crianças desejam ardentemente se sentirem frutos de um amor. Mas o fato é que isso que havia visto em livros e cursos, nunca havia notado tão fortemente na prática, de tal forma que a justa censura do sábio garoto encheu-me de vergonha.
Convém, pois, que pai e mãe meditem sobre como anda o relacionamento e em que medida isso tem contribuído ou prejudicado a formação dos filhos.
É inevitável que haja brigas entre o casal. Aliás, ouso lançar um desafio: se alguém conhece um casal que nunca se desentendeu, ainda que levemente, que envie uma mensagem para o meu endereço eletrônico, pois vou tentar fazer que saia na próxima edição do Guinness.
Assim, se os desentendimentos são como que “naturais” na vida do casal, mas, por outro lado, causam grandes males aos filhos, como solucionar a contradição?
Ainda que inevitáveis as brigas, deve haver um esforço constante para que as relações conjugais sejam cada vez melhores. O relacionamento entre marido e mulher pode ser comparado como uma encosta íngreme a ser percorrida. Quando se dispõe a subir a montanha, não se consegue ficar parado, ou se avança, ou se retrocede. É bem verdade que mesmo aqueles que se empenham por subir um pouco a cada dia, por vezes caem e, quando se dão conta, retrocederam um bom caminho, mas isso não importa, pois se há determinação, logo se recupera, com folga, o trecho perdido.
Nessa luta, é importante que cada um descubra os próprios defeitos, em especial aquele que mais desagrada o outro. E mais que descobrir, travar uma batalha decidida por vencê-lo. O grande mal é que cada um pensa que o problema está no outro e, com isso, nada faz para melhorar.
Vejamos um pequeno exemplo. Ele, ciumento do trabalho profissional dela, queixa: “você agora só pensa em seu trabalho e nem se importa mais em manter a casa agradável”. Ela: “você é que é um folgado. Encontra tempo para jogar futebol e tomar cerveja com os amigos, mas não me ajuda nas tarefas da casa”. E os exemplos são infindáveis. Cada um de nós pode imaginar o roteiro das nossas discussões, todas elas com acusações recíprocas sem que cada um reconheça os próprios defeitos.
No entanto, o ponto de luta é outro. Ou seja, cada um deve pensar “o que ela (ou ele) tem de razão no que fala de mim? O que posso fazer para ser melhor?”. É bem verdade que, feito isso, é necessário que o outro também se empenhe em mudar. Mas para isso, não se consegue nada no meio de uma discussão. Passado um dia ou dois, quando estiverem calmos, a sós, então se fala: “olha, isso que você faz, desagrada-me muito. Pense se não pode se esforçar um pouco para fazer desse jeito ou daquele...”. E depois deve estar disposto a ouvir também, porque por certo que o outro também terá muitas “críticas constritivas” a fazer.
Mas ainda que isso seja feito, mesmo assim surgirão os desentendimentos. Há então que se colocar um forte empenho para que as brigas não ocorram na frente dos filhos. Se é natural brigar, não o é diante deles, tanto mais se as brigas forem por sua causa. Por exemplo, o filho pede algo ao pai, e ele nega, em seguida, pede à mãe, que consente e, formado o problema, passam a discutir na frente do filho por esse motivo. Quando isso ocorre, a mensagem que se passa é que não há certo e errado e que os pais não se entendem sequer a respeito do que é melhor para ele, gerando uma terrível insegurança na criança ou adolescente.
Mas se isso ocorrer, deve se tomar cuidado para que os filhos presenciem também a reconciliação. É que eles costumam ver as brigas, mas não vêem o momento posterior em que fazem as pazes, ficando com a impressão de que estão sempre brigados.

Um grande defensor da paz e da alegria nos lares aconselhava aos casais que jamais brigassem diante dos filhos e que as brigas, naturais entre marido e mulher, não se prolongassem por mais de um dia, de modo que não se deitassem sem antes fazer as pazes. E mais, aconselhava ele que aquele que pensa ter razão na discussão, que seja o primeiro a pedir perdão.

segunda-feira, 26 de junho de 2006

Hoje e agora

Outro dia conversava com um amigo que mora em Campinas e trabalha em São Paulo. Sei que a peregrinação dele já dura mais de dez anos, e então brinquei com ele: “com a vinda do trem-bala as coisas vão ficar melhor para você”, ao que ele respondeu empolgadamente: “puxa, você não sabe como sonho dia e noite com isso!”.
Trata-se de uma aspiração legítima, querer que inovações tecnológicas tornem mais fácil o nosso dia-a-dia. Contudo, há muitas pessoas que não vivem, mas estão sempre aguardando situações ideais que, quando surgirem, “então sim, poderão desfrutar da vida”. Soube de uma pessoa que aguardou por anos a sua aposentadoria, de modo a poder desfrutar de mais tempo para ficar em casa. Ocorre que, logo que isso aconteceu, notou uma infiltração enorme no muro do vizinho, que lhe deixava o quintal com um aspecto horrível. E ele que há muito aguardava a aposentadoria, agora aguarda o conserto do muro, para “levar a sonhada vida tranqüila...”
O problema é que essas situações ideais e imaginárias nunca chegam. Com efeito, mal atingimos aquilo que esperamos, surgem novos problemas. Isso sem contar que aquilo com que tanto sonhamos não traz tantas realizações assim. Como disse com muita sabedoria Quincas Borba, no célebre romance de Machado de Assis: “aos vencedores, as batatas”.
Penso que tudo o que temos de verdade é o momento presente, o hoje e o agora. E é nele e somente nele que nos cabe viver e sermos imensamente felizes, apesar dos muitos problemas que possamos ter. Isso não quer dizer que devamos ser irresponsáveis a ponto de não pensar no futuro, de não prever, esperando que tudo caia do céu. No entanto, devemos nos ocupar do futuro apenas com relação ao que nos cabe fazer hoje por ele. Por exemplo, há pessoas que perdem noites de sono pensando como irão pagar a faculdade do filho que ainda não nasceu. Ora, quanto à faculdade do filho, se há uma reserva de um pouco de dinheiro para fazer agora pensando nisso, que se faça, se não tiver, que se aguarde o momento em que se poderá fazer, e depois, sigamos adiante, com a tranqüilidade e a serenidade de quem vive a vida a cada minuto.
Por vezes nos sentimos esmagados, não com o peso dos problemas que temos, mas com o daqueles que imaginamos que no futuro teremos, ou, pior ainda, ficamos remoendo do passado. Ora, o passado é para ser enterrado e dele extrairmos apenas a experiência para sermos cada vez melhores, para cada vez errarmos menos. E o futuro somente nos cabe ser considerado para aquilo que objetivamente se pode fazer hoje para que ele seja melhor.
Soube de um pequeno diálogo que se deu entre um policial rodoviário e um caminhoneiro. Perguntou o guarda: “quantas toneladas o seu caminhão comporta?”, ao que o caminhoneiro respondeu: “mais ou menos umas cem mil”. O guarda olhou desconfiado e foi ver as especificações do veículo, quando constatou que o pequeno caminhão comportava apenas quatro toneladas, e então ponderou: “Mas no documento consta apenas quatro”. “Bom, isso de cada vez”, disse o caminhoneiro sorrindo, “mas eu não levo tudo de uma vez. Carrego aqui e ali adiante descarrego, volto a carregar e assim vou levando. No final desses anos todos, se cuidar bem direitinho do meu caminhãozinho, acho que bem umas cem mil toneladas ele vai levar”.

Parece ingênua a conclusão do caminhoneiro, mas é sábia. É o que ocorre conosco. Não temos força para levar nas costas ao mesmo tempo todo o peso do passado que já vivemos e do futuro que imaginamos. Morreríamos esmagados e não sairíamos do lugar. Porém, para o peso de hoje temos força para carregar. E, se pensarmos bem, nunca é mais pesado que as costas. E quanto bem não teremos feito aos demais ao cabo de uma vida, um pouquinho de cada vez...

quarta-feira, 21 de junho de 2006

Pão e circo


Contemplando a expectativa e euforia que vive o povo brasileiro por motivo da copa do mundo, vem à memória o que me ensinava uma professora de história do então curso colegial. De inescondível tendência marxista, fazia ela um paralelo entre a política do pão e circo adotada pelos antigos romanos e o futebol nos dias de hoje. Nessa linha, ensinava que o império romano, para sustentar o poder e evitar uma revolta popular, assegurava ao povo o pão, simbolizando com isso o alimento imprescindível para o sustento, e diversão, que na época consistia nos espetáculos muitas vezes sangrentos que tinham como palco principal o coliseu. Hoje, o pão estaria traduzido da farra das cestas básicas, e o circo, no futebol. Com isso, concluía a mestre, evitava-se, como hoje também se evita, que a revolução viesse para libertar o povo do poder opressor.
Não sou daqueles que espera a revolução que virá enfim libertar a classe proletária do poder do opressor, nem tampouco acredito que a justiça social seja o resultado final de uma luta de classes. Mas há de se reconhecer que o paralelismo que se faz é interessante. De fato, em ano de copa do mundo, retiram-se os holofotes dos meios políticos, de modo que as denúncias de corrupção ficam esquecidas e, se calhar de trazermos o título, esqueçamos o passado, afinal, somos hexa! Que importa o resto?
Mas além de relevar as falcatruas de que é vítima o povo brasileiro, o clima de copa do mundo imprime nas pessoas um estado de ânimo talvez ainda pior que o conformismo, que é uma certa moleza, instigada por um “deixa para depois”, ou por um “agora não é hora de pensar nisso”, que impregna o nosso trabalho, nossos compromissos sociais e até os familiares. Com efeito, pensa-se que não é hora de buscar soluções para os problemas profissionais, nem muito menos de empreender esforços para resolvê-los. Algo semelhante se passa no ambiente familiar: aquele filho não está bem, precisa de ajuda, mas por ora, compramos-lhe uma camisa amarela, torçamos juntos, e depois veremos como resolver. Quem sabe o hexa não traga por si só a solução disso tudo!
Ora, o hexa não trará a solução para nada. Não é caso, porém, de nos transformarmos nuns chatos de plantão a ponto de assumir a postura carrancuda e lamurienta: o futebol é o circo que atrasa a vinda da revolução! Mas também não pode ser uma desculpa que nos impeça de trabalhar, com a mesma intensidade de antes, de se dedicar a resolver os problemas familiares, com o mesmo afinco que dantes, de cumprir nossos compromissos assumidos em benefícios dos demais, com o mesmo empenho de sempre.
Há um ditado muito sábio que preceitua que in medius virtus. A virtude está no meio termo. Nesse contexto, penso que dependurar bandeiras, vestir uma camisa e até encerrar mais cedo o expediente de trabalho nos dias de jogo de nossa seleção, seja algo de muito bom, tanto mais se isso é feito em clima de reunião de família e de amigos que, vividos num ambiente saudável, reforcem esses laços familiares e de amizade. Mas, terminado o jogo e a euforia, como bons cidadãos, ao trabalho, à família, aos nossos compromissos. E eis que o hexa, se vier, será muito bem vindo, mas trará consigo apenas a taça, e não a solução de nossos problemas. Esses, caros amigo, não nos iludamos, somos cada um de nós que temos de resolvê-los.

E não me chamem de desmancha prazer. Afinal, também mal posso esperar por ver a cara do Zico amanhã. Será que ele vai conseguir ficar triste com a nossa vitória? Ou... nem quero pensar nisso... comemorar a nossa derrota?..

quarta-feira, 14 de junho de 2006

TV, Internet & Cia.

Muito se diz que educar os filhos hoje em dia se tornou uma tarefa impossível, pois os meios de comunicação, em especial a TV e a Internet, invadiram os lares, de modo que já não se consegue controlar a informação a que eles têm acesso.
De fato, educar os filhos hoje se transformou num grande desafio para os pais, contudo, não é tarefa impossível.
É preciso entender o que e como a era da informática alterou a vida em família e também a vida em sociedade, para então se utilizar bem os recursos agora disponíveis para a formação dos filhos.
Algumas décadas atrás os pais tinham de um controle natural das informações a que os filhos tinham acesso. No meio rural, era comum saírem para o trabalho juntos, onde permaneciam o dia todo, inclusive as crianças, que cresciam vendo os pais trabalharem e, naquele ambiente, com naturalidade, mais com o exemplo que com as palavras, os filhos tinham nos pais o modelo de vivência das virtudes a serem imitadas quando crescessem.
Nos meios urbanos, não eram raros os comerciantes e artesãos que possuíam a casa aos fundos do estabelecimento, de modo que trabalho e vida familiar se misturavam, e nessa convivência bem estreita entre pais e filhos, se informavam e formavam as crianças. E mesmo quando os pais saíam para trabalhar fora, era muito comum manter-se ao menos o convívio com as mães, que acabavam por ser o elo principal entre os filhos e o mundo exterior.
Atualmente, como sabemos, as coisas não mais são assim. O comum é o pai e a mãe trabalharem fora muitas horas por dia. E além da ausência dos pais, os filhos têm a sua disposição uma verdadeira parafernália (TV, Internet etc.) que lhes permite um acesso muito rápido a vários tipos de informação.
Diante dessa nova situação, porém, não é o caso de se cair num saudosismo melancólico que se reduz a uma constante lamentação: “antigamente as coisas eram bem melhores”. Os recursos que o mundo moderno proporciona não o torna melhor ou pior, mas tão-somente diferente. E será melhor ou pior conforme o uso que fizermos desses recursos.
Aos que se queixam de que a TV e a Internet acabaram com o convívio familiar, convém lembrar que o televisor e o computador ainda possuem um dispositivo muito interessante: aquele que os liga e desliga. É o caso, pois, de os pais imporem horários para acessar a Internet, assistir TV e que, fora desses, sejam austeros em não permitir a sua utilização.
Mas não basta proibir. Se os horários que os filhos podem dedicar à TV e à Internet são limitados, deve haver alternativas saudáveis. Trata-se, por exemplo, de estimular a que brinquem com os irmãos e amigos. Conheço algumas famílias que mantêm o hábito de ter tertúlias à noite após o jantar, o que contribui muito para fortalecer os laços de amizade. E nesses encontros, por vezes os filhos e os pais montam pequenas peças de teatro, outros dias se reúnem para contar como foi o dia, noutros, a rever as fotografias da família. Os filhos, sobretudo os menores, adoram que lhes contem suas histórias ilustradas com retratos de quando eram bebês, do casamento dos pais, enfim, daquilo que deu cor e sabor às suas vidas.
E também há que se investir em estar com os filhos. Alguns pais, como que para tranqüilizar suas consciências após longas ausências do convívio familiar, costumam dizer que “o que importa é a qualidade e não a quantidade do tempo que se passa com o filho”. Ora, se isso é verdade, experimente usar o mesmo argumento com o chefe para ficar menos tempo trabalhando. Ainda que se trabalhe, e se trabalhe muito para garantir o sustento da família, há que ser criativo e esforçado para estar com os filhos, com a qualidade e quantidade possíveis. Conheço um pai que se esforça para sair para almoçar com o filho durante a semana, no breve período que tem para isso no trabalho. É um  expediente interessante para melhorar a qualidade e a quantidade do tempo que se passa com os filhos. Enfim, quando há esforço, cada um sabe encontrar uma saída.

Se hoje a informação, boa e má, chega muito rápida aos filhos, os pais hão de ter a esperteza para estar muito próximo deles, seja para anular com o seu exemplo e a sua palavra o que de ruim chega até eles, seja para reconhecer e estimular o que apreendem de bom. E ademais, há muita coisa boa também na TV e na Internet, que só descobre quem está de verdade ocupado em formar filhos para que, ao crescerem, sejam responsáveis e felizes.

quarta-feira, 7 de junho de 2006

Adolescentes

Muito se diz que a adolescência é a fase da vida dos filhos mais temida pelos pais. Mas será que essa idade tem de ser sempre tão conturbada assim?
Muitos pais de adolescentes se queixam dizendo: “Meu filho se tornou um preguiçoso, vive agora ‘esparramado’ no sofá a ouvir música”. Alguns lamentam: “Ele está tão rebelde, contesta tudo e a tudo exige explicações”. Os mais ciumentos, cheios de saudades reclamam: “minha filha agora que está se tornando moça nem liga mais para nós, só pensa em ficar com as amigas e de ‘namoricos’”.
Será que são preguiçosos? Não é verdade que o adolescente seja de fato preguiçoso. Nessa fase, devido às mudanças hormonais e outros fatores biológicos, é natural que lhes custe mais desempenhar tarefas que exigem esforços. Aliás, aquela vitalidade incansável da criança, que corre de um lado para o outro, sempre solícitos a fazer o que lhes pedem, não poderia durar para sempre. É conveniente, então, sabendo que essa “moleza” surgirá nessa fase da vida, que os pais os estimulem com carinho e compreensão. Não se trata de deixar as coisas correrem, pensando que “logo isso passa”. Se não se fizer nada, não passa não, e terão esse vício para o resto da vida. Mas há que ser estimular com um sentido positivo, sem ares de ameaça ou de reclamação, a fazer algum esporte, a estudar, a envolver-se em atividades de serviço aos demais (voluntariado), enfim, a vencer e, sobretudo, vencer-se.
Talvez a crítica mais injusta que se faz contra o adolescente seja a de que é rebelde. A rebeldia em si não é ruim, mas deve ser bem orientada. E se o for é capaz de mudar o mundo. As crianças trazem gravadas na alma um sentido muito forte de justiça. Quando crescem e passam a compreender um pouco melhor o mundo e a tomar conta das injustiças, hipocrisias e traições que há nas pessoas, seus corações puros tendem a rebelar-se, sobretudo contra aqueles que ousam dizer-lhes que “as coisas são assim mesmo, afinal, quando você for da minha idade entenderá”. Que frase mais inútil e de mau gosto para ser pronunciada a um adolescente! Ainda que o adulto que a pronuncia tenha razão, seguramente não é com ela que convencerá o jovem a nada.
Por que incomoda ou intriga que estejam de “paqueras”? Salvo para umas poucas pessoas, que por escolha ou um desígnio qualquer que não convém aqui investigar optam pelo celibato, a grande maioria das pessoas sonha em se casar, em constituir uma família. E para essas, o desejo de dar-se a outra pessoa começa já nessa fase da vida. Dar-se, não no sentido de relação sexual, mas de entrega a alguém com quem um dia se vai formar uma comunhão plena de vida, parafraseando o nosso Código Civil. Assim, está-se a procura desse alguém com quem mereça compartilhar uma vida. É bem verdade que alguns jovens vivem isso de forma inconseqüente. É momento, então, de orientá-los, fazendo-os enxergar a imensa dignidade que encerra a condição de ser humano, de modo que essa doação a outra pessoa há de ser ponderada, refletida, ainda que tenha como impulso uma forte carga emotiva.

Os conflitos da adolescência são devidos mais aos pais que aos filhos. Afinal, os pais já passaram por essa fase, portanto, seria muito mais lógico exigir deles a compreensão, o carinho e a atenção de que os filhos tanto necessitam nessa idade. Mas a solução não é encontrar culpados e sim empreender esforços por harmonizar essa relação. Para isso, muitas vezes os pais de nosso tempo não conseguem empreender essa luta sozinhos. Têm de buscar conselhos em bons profissionais. Há também bons cursos que ensinam a educar os filhos nas diversas fases da vida, em especial nessa. Enfim, têm de estudar e colocar os estudos em prática sobre a educação dos filhos. E convém lembrar que na educação, como em quase tudo, é melhor chegar antes que o problema. Assim, o momento ideal para pensar em como educar adolescentes é quando os filhos estão ainda na infância.