O relacionamento conjugal e a educação dos filhos no
mundo moderno apresentam desafios que precisam ser enfrentados com sentido
profissional, ao menos com a mesma seriedade e dedicação que empregamos no
nosso trabalho. Durante séculos a maneira de se desempenhar os papéis de pai, mãe,
marido, esposa e filho foi ditada pelo senso comum. Com isso, os modelos
aprendidos na infância e adolescência eram mais ou menos imitados, até porque a
própria sociedade os impunha também com uma certa rigidez, de modo que não
havia muito o que estudar e aprender para se viver as relações familiares.
Atualmente não pode ser assim. As circunstâncias que
marcam as vidas dos nossos filhos são substancialmente diferentes daquelas que
nós vivemos quando tínhamos a idade deles, bem como provavelmente os seus
filhos viverão num mundo também muito diferente. E isso é um fenômeno
relativamente recente na história da humanidade. Em outras épocas as mudanças não
eram tão acentuadamente constatadas entre uma geração e outra, de modo que os
modelos dos pais impunham-se por si sós. Agora não. Diante dessa realidade
inegável, sobre que bases podemos construir um relacionamento conjugal feliz? E
como educar os filhos para que se realizem enquanto pessoas num mundo que permanece
em contínuas e profundas mudanças todos os dias?
Penso que a solução é focar no que é essencial e
imutável no ser humano em qualquer tempo e lugar. Mas essa indagação nos remete
a uma outra, talvez de mais difícil solução: o que está na essência da pessoa e
que merece ser cuidado ainda que mudem os fatores externos como o ambiente, os costumes
etc.?
A razão mais fundamental da existência do homem e da
mulher é o amor. Cada ser humano nasce com a necessidade de ser e de se sentir
amado, ao mesmo tempo que anseia por amar e manifestar esse amor aos que o
cercam. Mas essa resposta, por demais genérica, não resolve o problema de como
lidar com cada uma das situações por que passam os relacionamentos conjugais e
a educação dos filhos. Com efeito, é certo tais relações devem ser pautadas por
um amor desinteressado que busca o bem do outro acima dos interesses pessoais,
mas ainda assim vivenciamos a cada momento grandes dúvidas sobre como agir
corretamente em cada situação.
Bem por isso que os pais têm a necessidade cada vez
mais premente de buscarem uma formação continuada. Essa formação visa buscar
soluções adequadas para enfrentar os problemas conjugais e os relacionados com
a educação dos filhos precisamente nesse contexto em que se desenvolvem suas
vidas. E cada vez mais terá um papel relevante o trabalho de orientação
familiar. Realizada com sentido profissional e com o propósito de ajudar as famílias
a desempenharem o seu paper transformador, essa atividade deve resgatar nos
casais e nos filhos a esperança de que é possível construir um lar feliz,
apesar dos imensos desafios que o mundo moderno nos apresenta.
O grande mal está em pensar que tudo é relativo. Como
as coisas mudam diariamente num ritmo frenético corremos o risco de pensar que
não há verdades imutáveis. Tanto hoje como há um século ou há um milênio a
mulher gosta de ser reconhecida e valorizada pelo esposo, quer que ele a escute
com atenção e que seja carinhoso em qualquer momento e não apenas quando deseja
uma relação íntima. E também o marido sempre gostou que a esposa lhe seja dócil
(o que não é o mesmo que submissão) e que também se esforce por ser agradável e
atraente. E isso é possível mesmo com o passar dos anos, afinal cada idade tem
o seu sabor e a sua beleza.
Os modos pelos quais se exprimem verdades eternas
podem variar e de fato variam muito com o tampo. As longas cartas redigidas com
uma pena embebida no tinteiro foram substituídas pelo sms ou pelo e-mail, mas em todos sempre coube dizer com muitas ou
poucas palavras: “eu te amo”. Também o carinho e a dedicação aos filhos possuem
hoje contornos muito diferentes de outras épocas. Mas em todas elas o pai e a
mãe seguem com a enorme responsabilidade de inspirar outras vidas que buscam
neles modelos que possam dar um sentido às suas próprias existências. E isso
ontem, hoje e sempre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário