Ontem foi dia das mães. Talvez
uma maneira interessante de prestarmos uma justa homenagem àquelas que
receberam o imenso dom da maternidade seja fazermos uma análise do papel da
mulher em sociedade e, principalmente, o que se espera delas nesse mundo em que
vivemos.
No
século passado e nesse início do atual as mulheres obtiveram enormes conquistas
na luta pela igualdade jurídica em relação aos homens. O resultado é que
exercem atualmente um papel relevantíssimo nos mais diversos segmentos do mundo
do trabalho. São elas operárias, prestadoras dos mais variados serviços,
executivas, empresárias, magistradas e até Presidenta da República.
Penso
que esse fenômeno é irreversível e é muito bom que elas ocupem os mais diversos
postos, pois em todos dão um tom feminino, imprescindível para tornar mais
humanas as relações.
No
entanto, a busca pelo sucesso profissional tem representado, não raras vezes,
uma verdadeira guerra psicológica contra elas próprias. Com efeito, exige-se da
mulher uma constante ascendência no trabalho, sob pena de vir a ser uma mera
mãe de família ou, pior ainda, uma simples dona de casa. Isso seria, no pensar
de muitos hoje em dia, o mais temível fracasso a que pode ser relegada. É como
se essa profissão – se é que se pode chama-la assim – fosse o castigo que se
impõe pela incompetência profissional.
E se as
que optam por se dedicar inteiramente ao marido e aos filhos são vistas com
esse cruel preconceito, por outro lado, as que exercem um trabalho fora do lar,
com frequência têm de suportar uma carga maior de responsabilidade no cuidado
da casa e educação dos filhos.
Em
ambos os casos, portanto, há situações de injustiça. Se a sociedade, o Estado,
as empresas e as instituições em geral se beneficiam com o trabalho da mulher,
penso que os encargos disso haveriam de ser suportado igualmente por todos.
É
triste notar como o sucesso profissional da mulher é frequentemente acompanhado
pelo fracasso no lar. Por que seus casamentos não deram certo? Foram elas que
priorizaram o trabalho em prejuízo do marido e dos filhos? Ou faltou a
cooperação deles e condições especiais de trabalho que permitissem que elas
conciliassem a missão de mãe e esposa com o trabalho profissional?
É fundamental
uma participação mais ativa do homem na família. Não se trata apenas de “ajudar”
a esposa na educação dos filhos e administração do lar. É necessário
compartilhar igualmente as responsabilidades. E pai e mãe não encontrarão essa
sintonia com uma simples acomodação de interesses contrapostos, como ocorre num
contrato: “eu faço isso e você em troca me dá aquilo”. Não. Tem de haver uma
cooperação de amor com unidade de propósitos: o bem do outro e dos filhos.
Mas se
por um lado se há de assegurar à mulher condições favoráveis para obter o
sucesso profissional sem prejuízo da sua missão no lar, por outro se há de
respeitar aquelas que livremente optam por dedicar integralmente ao marido e
aos filhos. É preciso gritar bem alto que não se trata de um trabalho de
terceira categoria! Todos os trabalhos honestos são igualmente dignos. Não há
uma função mais nobre que as outras. Mas se há uma que pode ser considerada
mais sublime é aquela que exerce a mãe na família. É que somente a sua
delicadeza e ternura podem forjar um ambiente propício para uma saudável
formação dos filhos e convivência amistosa do casal.
O
“feliz dia das mães!”, que talvez tenhamos pronunciado há pouco, somente poderá
ser considerado um desejo sincero se nos comprometermos de verdade em buscar as
condições para que elas sejam verdadeiramente mães. Para isso, não basta o
simples reconhecimento e agradecimento dos filhos. É necessário um engajamento
dos pais e da sociedade em geral para que a maternidade não represente jamais
um fardo pesado para ela. Ao contrário, que seja um dom que a liberta de um
egoísmo estéril, promovendo a vida em plenitude de novos seres, também chamados
a viver uma imensa e inesgotável felicidade.
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