
Confesso a mensagem me fez recordar a última viagem que fizemos ao velho continente. De fato, é impressionante notar a excessiva automação em todos os setores. Começa pelos postos de combustível, quase todos “self-service”. Como bom brasileiro, do que muito me orgulho, apanhei bastante tentando introduzir a bomba de combustível na boca do tanque. E, sob as gargalhadas dos meus filhos, que me observavam todo desajeitado, voltei para o carro com as mãos sujas de gasolina. Toda a operação se deu sem nenhum contato humano. Introduzi o cartão de crédito numa máquina, que me liberou o acesso à bomba, abasteci o veículo e fui embora sem conversar com ninguém. “Que saudade daquela conversa amistosa com os nossos frentistas, quase sempre brincalhões”, pensei comigo enquanto partia.
E o mesmo ocorre lá em muitos setores. Nas lojas de conveniência abundam as máquinas de café, refrigerante, salgadinho etc., na qual se introduz dinheiro e se retira o produto, novamente sem nenhum contato com pessoas. E mesmo se dá nos transportes públicos. Em grande parte deles se inserem moedas numa máquina que vomita os bilhetes, sob o olhar apressado e absolutamente indiferente dos demais que aguardam na fila para a compra.

Será saudosismo da minha parte? Talvez sim. Mas penso que bem poderíamos, a partir dessa constatação, meditar nos rumos que estamos tomando quanto ao trabalho e às relações humanas.
Já se disse que, no futuro, todos os trabalhos humanos que puderem ser substituídos pela máquina o serão. E essa afirmação é feita – sinceramente ou não – num contexto de se promover a dignidade humana, de modo que seriam substituídas apenas as atividades “indignas”. Mas o que são trabalhos indignos?

A greve no metrô de Londres, embora possa parecer um simples incidente corriqueiro, dadas as suas causas, bem poderia ser motivo de profunda reflexão para todos, mas especialmente para governantes e empresários. Com efeito, o que está a nortear a mecanização ou a substituição do homem pela máquina: o simples incremento do lucro como um fim em si mesmo, ou a promoção da dignidade humana?
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