Em sua entrevista concedida à Rede Globo, o Papa
Francisco, indagado pelo repórter Gerson Camarotti sobre os recentes protestos,
que levaram milhares de jovens às ruas no Brasil, dá uma resposta
surpreendente: “um jovem que não protesta não me agrada”. E depois explica o
motivo pelo qual considera saudável essa rebeldia: “Porque o jovem tem a expectativa
da utopia, e a utopia não é sempre ruim. A utopia é respirar e olhar adiante”.
Mas o Pontífice também adverte que é necessário “cuidar
para que não sejam manipulados”. E esclarece em tom incisivo:“Porque há tanta
exploração de pessoas - trabalho escravo, por exemplo – há tantos tipos de
exploração… Eu me atreveria a dizer uma coisa, sem ofender: Há pessoas que
buscam a exploração de jovens, manipulando essa ilusão, esse inconformismo que
existe. E depois arruínam a vida dos jovens. Portanto, cuidado com a
manipulação dos jovens”.
Penso que a manipulação ocorre no mundo atual com
uma intensidade e uma profundidade muito maiores do que suspeitamos. Ora busca
simplesmente convencer as pessoas a adquirir os seus produtos, ora desencadeia
campanhas bem engendradas para incutir ideologias que propõem formas de vida enganadoras,
que não contribuem para que o ser humano alcance o seu fim último e, por
consequência, a própria felicidade.
No entanto, também já se percebeu que a sociedade
ainda conta com fortes barreiras à manipulação. Um desses obstáculos muito
potentes é a família. Quando o pai e a mãe se amam de verdade e, fundados nesse
amor, constroem um lar onde se respira paz e alegria, conquistam uma autoridade
em relação aos filhos capaz de refrear essa voraz investida.
Assim, as ideologias que contrariam a natureza
humana ou a propaganda de produtos nocivos ou mesmo as propostas de consumo
exagerado não terão muita força sobre os membros de uma família assim
constituída. Isso porque serão desmentidas não por palavras, mas pelo exemplo
de vida dos pais, que encontraram a felicidade verdadeira numa vida austera,
que usam os bens materiais como meios e não fins em si mesmos. Também, com a
força de um amor sacrificado, que se nota em pequenos detalhes de carinho, os
pais saberão transmitir aos filhos as razões da sua fé e da sua esperança.
Outro dia pude notar a transformação que operou em
um jovem a paixão pela namorada. O amor o moveu a fazer tudo o que antes não
fazia: acordou cedo, fez a cama, vestiu-se com elegância e cuidou de deixar
seus objetos bem arrumados e ainda encontrou tempo para buscar uma rosa para
presenteá-la quando chegasse. Esse jovem está propenso para, um dia, selar com
essa moça um compromisso que perdure por toda a sua vida.
No entanto, essa sólida união, como dito, não é
interessante para o manipulador. E então como ele reage? Disseminando a ideia
do sexo “livre” e irresponsável. É que se homem e mulher passam a buscar no
outro apenas a satisfação de um prazer egoísta, cegam o verdadeiro amor, que é
também sacrifício e doação. Com isso, já não terão forças para construir uma
família, sólida o bastante para proteger os filhos das investidas de um mundo
que insiste em desumanizá-los.
Apesar disso, o momento não é para pessimismo. Bem
ao contrário, os jovens, com a força da verdade que reluz em suas entranhas, já
começaram a se rebelar. Sinal evidente disso é o entusiasmo dos milhões de
jovens reunidos em torno do Papa. E essa rebeldia pode ser muito bem orientada.
A propósito, que fique muito bem gravada na memória dos pais a mensagem do Papa
Francisco:
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