
O amor
conjugal possui fases, que precisam ser vividas intensamente no seu devido
tempo. A primeira delas é a atração. Muitos sabemos, talvez por experiência
própria, que num dado momento – um tanto mágico e inexplicável – uma pessoa
passa a exercer um fascínio sobre nós. Não é fácil explicar ou definir essa
atração, mas sabemos que existe. Inclusive pode ela pode surgir entre pessoas
que sequer se conhecem.
Pois bem.
Se após a “flechada” se estabelece um conhecimento mútuo, a ponto de se abrir
um ao outro aspectos da própria intimidade, passa-se sem nos darmos conta, à
fase que podemos chamar como do sentimento. Aqui já não se trata de mera
atração. Mais que isso, conhece-se alguém que passa a ser querido enquanto tal.
Surge então o desejo de estar juntos...
Embora a
fase do sentimento seja extremamente importante no amor conjugal – e quiçá não
se termine nunca – talvez um grande equívoco dos casais do nosso tempo seja
confundir amor conjugal com o sentimento. É essa confusão que explica, por
exemplo, a afirmação de que o casamento acaba quando acaba o amor. De que amor
se está falando quando se diz isso? Precisamente do sentimento, muito
entrelaçado também com a atração de que falávamos.
Há ainda
uma terceira fase: a do compromisso. Da atração surge o sentimento, mas ambos
precisam ser alimentados pela vontade, pois, do contrário, todos perecem.
Assim, num dado momento, homem e mulher que foram tomados por uma atração que
em seguida deu ensejo a um grande afeto mútuo, veem-se diante de uma decisão,
seguramente a mais importante nas suas vidas: essa pessoa que me desperta tão
bons sentimentos merece que me entregue incondicionalmente a ela por toda a
minha vida? O sim a essa indagação é o compromisso matrimonial.
O
casamento é, portanto, o compromisso se amar cada vez mais a pessoa com quem se
une em matrimônio. É como se até então um pudesse dizer ao outro simplesmente:
“eu te amo”. Uma vez casados, agora na fase do compromisso, deveríamos dizer
mais propriamente: “eu te amo e me comprometo a fazer o que está ao meu alcance
para te amar cada vez mais”.
Nesse
sentido, o compromisso matrimonial não é um veneno ao sentimento que reinava na
fase pré-matrimonial. Bem ao contrário, cada qual se compromete, na alegria e
na tristeza, na saúde e na doença, a amar e respeitar um ao outro por todos os
dias daquelas vidas que se unem.
Penso que
é precisamente a isso que aludia nosso arcebispo, com a sabedora e a autoridade
de um bom pastor, ao fazer a analogia do “polir as alianças”. Com efeito, o
compromisso matrimonial, assumido formalmente numa data bem determinada nas
nossas vidas, precisa de ser sempre renovado. E isso não com grandes façanhas,
mas em pequenos gestos, todo os dias.
Trata-se
e o marido se esforçar para surpreender a esposa, talvez com maior criatividade
com que o fazia na época de namoro. Também a esposa saberá cuidar de detalhes
pessoais e da casa para fazerem-se mais atraentes e acolhedoras. Assim, até as
brigas, muitas vezes inevitáveis, podem contribuir para fazer crescer o amor.
Isso, evidentemente, se após elas sobrevier um pedido de desculpas, um beijo,
um abraço afetuoso e o desejo determinado de recomeçar sempre.
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