Certo dia, quando tinha cerca de 8 a 10 anos, cheguei
a casa irritado porque me saí mal numa brincadeira com os amigos. Minha mãe
estava diante da máquina de costura – ela não fazia isso por profissão, muito
embora sempre costurasse magnificamente bem – e, ao ver-me daquele jeito,
perguntou-me sobre o que havia acontecido. Respondi-lhe cheio de raiva o que me
ocorreu. Ela imediatamente deixou o que estava fazendo, deu-me um carinhoso
abraço e me pediu para não dar importância àquela contrariedade. Se fosse
preciso, ela mesma me ajudaria naquele assunto. Ainda persiste indelével na
memória – décadas após – a ternura e a segurança que irradiavam daquele afago.
De muitas maneiras e sob vários aspectos
poderíamos considerar a importância da mãe para o saudável desenvolvimento dos
filhos. Gostaríamos de nos deter, porém, nesta oportunidade, em um que se tem
se mostrado especialmente relevante nestes conturbados tempos em que vivemos: a
disponibilidade.
O trabalho da mulher fora do lar tem se
mostrado muito bom para a sociedade. Elas galgaram postos com competência,
inteligência e dedicação. Já são imprescindíveis nas funções que desempenham.
Mas se a mulher está hoje inserida no mercado de trabalho e é insubstituível
nesse espaço que conquistou, uma questão que se coloca é como harmonizar isso
com a maternidade, função em que é ela mais essencial ainda.
A conciliação disso nem sempre é fácil. Quem
nunca observou a aflição de uma colega de trabalho que deixou o filho com febre
no berçário ou em casa?
Mas se é difícil conciliar trabalho
profissional e as obrigações de mãe, não lhe falta criatividade. Afinal, o amor
é sempre muito inventivo. Em algumas situações, quando o trabalho permite,
busca-se fazer parte dele em casa. Então as antenas ficam ligadas e, de quando
em quando, pode se dar uma escapada para cobrir de afagos o pequenino que
brinca por perto. Por vezes, espremem-se os horários para que sobre tempo para
estar com os filhos.
Aliás, se é comprovado o quão importante é a
presença da mãe para a criança, sobretudo nos primeiros anos de vida, penso que
a legislação trabalhista e previdenciária deveria ser mais flexível para com
elas, dando condições de passar mais tempo ao lado dos filhos. E isso não seria
nenhum exagero. Afinal, é da formação dos futuros cidadãos que se estaria
cuidando.
Outro fator importante nessa difícil
conciliação é a cooperação dos pais. Trocar fraldas, vestir e dar mamadeira de
há muito deixou de ser tarefa exclusivamente feminina. Mas mais que isso, a mãe
precisa sentir-se amparada pelo marido. Trata-se de compreender o quão difícil
é para ela dedicar-se ao trabalho profissional e, ao mesmo tempo, desempenhar
aquelas tarefas que por natureza lhe cabe com exclusividade: ser mãe. E nesse
intento, é muito benvindo a ela que o marido também assuma as tarefas do lar e o
cuidado com os filhos.
Mas há também aquelas mulheres que, por
libérrima escolha, optam por ser mães por profissão, ou seja, não desempenham um
trabalho fora do lar, ao menos por alguns anos das suas vidas, em especial
quando os filhos ainda são pequenos. Quanto a essas, penso que é uma terrível
injustiça o menosprezo que sofre no meio social. Quantas ainda se envergonham ao
ter de responder um simples “do lar” ao serem indagadas sobre a atividade
profissional que desempenham...
A maternidade é a mais nobre função que a
mulher pode exercer. Dela depende o futuro da humanidade. Com efeito, mães
indiferentes, ausentes e desleixadas geram filhos inseguros, deprimidos e
egoístas. Ao contrário, mães dedicadas, presentes, zelosas e disponíveis, geram
filhos felizes, responsáveis e seguros de si, que serão no futuro os
construtores de uma sociedade mais justa e mais humana.
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