Certa vez alguém me
formulou a seguinte pergunta: “você ajuda a sua esposa em casa?”. Refleti um
pouco sobre o assunto e respondi decididamente: “Não. Não ajudo”. Diante da
perplexidade que a resposta poderia causar, senti-me na obrigação de explicá-la
melhor.
O verbo ajudar, em
grande parte das situações em que é utilizado, denota ausência de
responsabilidade direta sobre o assunto; uma atitude de auxiliar, quase que um
favor que se presta. Mas essa não é – não deveria ser – a postura do pai em
casa.
Muitos pais se gabam de
que ajudam a lavar a louça, ajudam – quando lhes é solicitado – na lição de
casa com os filhos, ajudam a fazer compras no supermercado. Enfim, são bons
ajudantes... Acontece que a administração da família exige uma parceria, uma
corresponsabilidade em todos os assuntos relacionados com a educação dos
filhos, com o cuidado da casa e, principalmente, com os detalhes de carinho e
afeto com a esposa.
Não há aqui ajudantes.
Há parceiros igualmente responsáveis em levar esse empreendimento maravilhoso
adiante. Isso não quer dizer que se deva manter igual dedicação de tempo a
essas atividades. É possível que, dadas as circunstâncias de cada família, ora
a mãe, ora o pai disponha de mais tempo para se dedicar aos filhos e à casa.
Mas mesmo nessas situações é necessário ressaltar que a responsabilidade é dos
dois. Isso implica o esforço para saber como foi o dia dos filhos, como está o
seu rendimento escolar. Trata-se, também, de se interessar pelos assuntos da
casa e, em especial, sobre como foi o dia da esposa.
Há famílias em que a
mãe opta, ao menos em algum período da sua vida, por se dedicar exclusivamente
aos filhos e aos cuidados do lar. Penso que essa opção deveria ser mais
valorizada e respeitada. Todos os trabalhos honestos são igualmente dignos. Não
há tarefas mais nobres que as outras. O melhor trabalho, portanto, é aquele que
se faz com mais amor. Mas se tivesse de escolher dentre as inúmeras profissões
uma mais sublime, com certeza escolheria a de mãe. É que desse trabalho
abnegado depende que se fomente nos filhos as virtudes das quais dependem o
próprio futuro da nossa sociedade.
Mas para que a mãe
desempenhe essa nobre missão, é necessário que o pai também cumpra o seu papel.
E esse não é um mero coadjuvante. O pai é chamado a desempenhar um protagonismo
na educação dos filhos e, também, zelando para que em casa se respire esse ar
de serenidade e alegria que emana de um lar luminoso e alegre.
O dia de um pai é como
um jogo de futebol em que sempre há prorrogação. Pela manhã inicia o primeiro
tempo. Levantar, filhos para a escola, trabalho etc. Após uma pausa para o
almoço, inicia-se o segundo tempo: mais trabalho, problemas para resolver,
assuntos a tratar... Mas o jogo não termina no final do expediente. De noite,
há o terceiro tempo. Esse é o mais importante. Começa agora o esforço para
chegar bem humorado a casa, tratar a esposa com carinho, interessar-se pelos
assuntos dos filhos. E por mais que tenhamos jogado bem no primeiro e no
segundo tempo, é na prorrogação que se decide o jogo. Isso quando não vai para
os pênaltis, com uma criança doente de madrugada etc.
Essa é a nobre e
sublime missão do pai. Estressante? Cansativa? Sim. Porém, maravilhosa. Que a
comemoração do dia dos pais e da semana da família avive em cada um de nós o
desejo e a responsabilidade de sermos verdadeiramente pais dos nossos filhos.
E, para isso, não nos esqueçamos jamais daquela sem a qual não teríamos chegado
à paternidade: a mãe dos nossos filhos.
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