Recente reportagem publicada na
Revista VEJA, da autoria de Adriana Dias Lopes, traz dados muito interessantes
para quebrarmos de vez o mito que se tenta construir de que a maconha seria uma
droga inofensiva, ou menos danosa à saúde do que o tabaco e o álcool. A matéria
merece ser lida e ponderada. Transcrevo aqui alguns pontos que bem merecem uma reflexão:
“(...) A razão básica pela qual a
maconha agride com agudeza o cérebro tem raízes na evolução da espécie humana.
Nem o álcool, nem a nicotina do tabaco; nem a cocaína, a heroína ou o crack;
nenhuma outra droga encontra tantos receptores prontos para interagir com ela
no cérebro como a cannabis. Ela imita a ação de compostos naturalmente
fabricados pelo organismo, os endocanabinoides. Essas substâncias são
imprescindíveis na comunicação entre os neurônios, as sinapses. A maconha
interfere caoticamente nas sinapses, levando ao comprometimento das funções
cerebrais. O mais assustador, dada a fama de inofensiva da maconha, é o fato de
que, interrompido seu uso, o dano às sinapses permanece muito mais tempo — em
muitos casos, para sempre, sobretudo quando o consumo crônico começa na
adolescência. Em contraste, os efeitos diretos do álcool e da cocaína sobre o
cérebro se dissipam poucos dias depois de interrompido o consumo.
Diante dessa constatação
científica, que ademais não é nenhuma novidade, como os pais e professores
podem tratar do assunto com os filhos e alunos?
Cada vez mais os educadores
precisam estar atentos para as engenhosas técnicas de manipulação que
modernamente se nos apresentam a todo instante. Uma delas é a que sustenta ser
a maconha uma droga inofensiva.
A manipulação se dá de uma forma
bem sutil e até se vale de um raciocínio silogístico: (1) Premissa maior: o
tabaco e o álcool fazem mal à saúde, mas são considerados lícitos; (2) Premissa
menor: a maconha faz menos mal à saúde, mas é considerada ilícita; (3)
CONCLUSÃO: a maconha também deveria ser considerada lícita.
As evidências científicas que
mencionamos acima apontam o sofisma desse raciocínio, na medida em que a
maconha não é menos ofensiva que as outras drogas. Mas, de qualquer sorte,
penso que não é nesses termos que as coisas deveriam ser apresentadas.
Ao orientamos os nossos filhos e
alunos, deveríamos motivá-los a pensar não apenas sob a ótica do que é mais ou
menos ofensivo à saúde. Mais que isso, convém motivá-los a ponderar sobre os
comportamentos que os fazem crescer enquanto pessoas de modo a atingirem a
plena realização. E, por outro lado, saber rejeitar tudo aquilo que os priva da
tão sonhada felicidade ou dificulta sua busca.
Penso que um grande desafio do
educador de nosso tempo é saber elaborar muitos porquês: “Por que consumir
maconha?”, “Quanto dura a sensação prazerosa que ela proporciona?”, “Como se
sente após o consumo, no dia seguinte, talvez?”, “Os ‘amigos’ que se faz nesse
meio são verdadeiros, sinceros e leais, ou são interesseiros e nos abandonam
tão rapidamente quanto duram os efeitos da substância?”.
Mas há um desafio ainda maior que
cabe muito especialmente aos pais e professores. Trata-se de mostrar a esses
jovens, não tanto com palavras, mas com o exemplo das suas vidas, que há uma
“substância entorpecente” que causa muita alegria, não tem efeito colateral e
aumenta gradativamente com o tempo e com a intensidade do consumo. Seus
componentes são muitos e variados, mas podem ser resumidos em: generosidade,
espírito de serviço e amor ao próximo. Proporciona aos seus usuários: alegria,
paz, serenidade e realização. E, o que é melhor, não têm contraindicações. No
entanto, esse produto não possui embalagem, nem propaganda. Assim nossos jovens
somente se interessarão de verdade por adquiri-lo se vierem estampados na nossa
face tudo aquilo que proporciona.
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