O Tribunal de Justiça de São Paulo lançou
recentemente uma campanha contra o Abuso Sexual nos Transportes Públicos. Iniciativas
como essa deveriam ser enaltecidas, divulgadas e ampliadas. Isso porque as
mulheres têm o direito à sua dignidade plenamente assegurada em qualquer local,
não somente quando se valem do serviço de transporte público.
Esse objetivo, porém, somente pode ser
alcançado se atacarmos com coragem a raiz do problema. Para isso deveríamos
ensinar nossos filhos e alunos, já no início da puberdade ou mesmo antes disso,
o valor da sexualidade humana.
Nesse intento, um aspecto de especial
importância a se abordar é que homem e mulher são diferentes e essas diferenças
se manifestam, também, na maneira como vivem e encaram a sexualidade. Em geral,
nos rapazes a atração física e o impulso atuam fortemente no sentido de se
buscar uma relação. Nelas, ao contrário, a afetividade costuma exercer um papel
de muito maior relevância na atração sexual. Além disso, o organismo feminino
está sujeito a um ciclo que ora a deixa mais, ora menos receptiva ao ato
sexual.
No entanto, o conhecimento dessas diferenças
não terá como objetivo justificar comportamentos desrespeitosos ou inadequados.
Lembro-me de um cachorrinho que possuíamos há alguns anos. O Slinky era um poodle adorável e obediente. Mas havia ocasiões em que nos fugia
completamente do controle. Quando alguma cachorrinha da vizinhança entrava no
cio, a situação ficava insustentável. Ele roía os pés da mesa, rasgava o sofá,
pulava o muro e sempre dava um jeito de escapar e ir ao encontro dela.
Poderíamos traçar um paralelo entre a atitude
do Slinky e a de muitos homens do nosso tempo. Ambos sentem uma forte atração
sexual. Mas seria conveniente que nós, seres humanos, reagíssemos diante de um
estímulo exatamente como o faz um cachorrinho de estimação?
Assim, precisamos de sabedoria para ensinar aos
nossos filhos e alunos que o impulso precisa ser racionalmente direcionado para
viver a sexualidade no seu devido contexto, como um ato sublime de amor e de
entrega. Isso implica um profundo respeito pela imensa dignidade da mulher com
quem se estabelece uma relação.
Mas também as nossas filhas e alunas podem e
devem receber uma formação, pautada no autoconhecimento e no conhecimento da
natureza masculina.
Certa vez uma revista badalada publicou uma
matéria com o título “Vestida ou Pelada Quero ser Respeitada”. Se tivesse de
analisar essa afirmação com rapazes, não hesitaria em lhes dizer que deve ser
assim mesmo. Ou seja, que uma atitude provocativa da mulher ou o fato de ela se
vestir de maneira indecente NÃO JUSTIFICA, JAMAIS, QUALQUER ATITUDE
DESRESPEITOSA da parte dele.
Ao abordar isso com elas, porém, convém dizer
de maneira clara e delicada que a maior interessada em que lhe seja respeitada
a dignidade é ela mesma. Certa vez, uma menina perguntou à mãe o significado da
palavra pudor. A explicação merece ser reproduzida:
“Filha, o pudor é uma proteção. Quando
compramos um celular, ele vem bem embalado para que não se quebre no
transporte. Quando alguém dá uma joia de presente, essa vem numa embalagem fina
e elegante, que enaltece e valoriza o que tem dentro. Nós, que somos algo, ou
melhor, alguém, de imenso valor, também precisamos dessa ‘proteção’. É por isso
que nos vestimos dignamente, porque sabemos que dentro se traz uma pessoa de um
valor infinito. E isso não somente no modo de se vestir. O pudor também protege
a nossa intimidade. Por isso, não contamos os nossos sentimentos a qualquer um,
mas somente àquelas ou àqueles que o merecem”.
Campanhas como as mencionadas acima se mostram,
atualmente, necessárias para que trogloditas, uma espécie de
“homens-irracionais” não molestem as demais nesses locais. Mas há uma batalha
muito maior a ser travada nos corações das nossas filhas e dos nossos filhos...
Para que ali se restabeleça o valor da sexualidade humana. Para que saibam
encará-la como um sublime ato de amor e de doação entre duas pessoas que
assumiram o compromisso de compartilhar os seus corpos e as suas vidas.
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