Em breve celebraremos mais um Natal. Nesta
oportunidade gostaria de questionar ao leitor, ao mesmo tempo em que me faço a
mesma indagação: que sentido tem essa festa para cada um de nós?
Após uma breve consideração, sentimentos e ideias
um tanto confusas podem nos vir à mente diante dessa pergunta:
confraternização, festa, família reunida, presentes, brigas familiares que
tentamos superar, ou que se acirram ainda mais nesses dias etc.
Se meditarmos mais profundamente, porém, talvez
cheguemos à conclusão de que se trata de um acontecimento que somente faz
sentido se o celebrarmos com aquelas e como aqueles a quem amamos, se possível
em família. Com efeito, salvo situações excepcionais, o Natal é um estar
juntos, celebrando juntos aquilo que temos em comum: o amor mútuo.
E a razão disso remonta à origem dessa festa.
No Natal celebramos o nascimento da pessoa de Jesus Cristo, que é a encarnação
do Amor de Deus no meio de nós. E esse fato absolutamente singular na história
da humanidade aconteceu no seio de uma família.
Isso explica por que desejamos tanto estar
próximos àquelas e àqueles a quem amamos nesse dia. É como se o amor intenso e
forte que unia Jesus, Maria e José se projetasse em raios de luz sobre cada um
dos lares do mundo – independentemente da sua religião, ou ainda da ausência
dela – inflamando em cada coração do anseio de compartilhar aqueles mesmos
sentimentos que unia aquela Família em Belém.
O Natal é a festa da família. O conceito de
família, porém, tem sofrido consideráveis modificações na história da
humanidade, assim como constatamos diferentes modelos em cada sociedade.
Modernamente se preconiza um conceito de família fundada exclusivamente no
afeto.
De fato, a afetividade é fundamental nas
relações familiares. Se contemplarmos a Sagrada Família facilmente notaremos um
afeto intenso entre os Seus membros. No entanto, não é só isso que marca aquela
união. Antes disso, lemos nos textos sagrados, José, outrora hesitante, não
teve dúvidas em receber Maria como sua esposa. Vale dizer, selou com Ela um
compromisso de amor.
Talvez por faltar esse componente do amor
conjugal, qual seja, o compromisso, é que muitos laços familiares se fazem e se
desfazem da noite para o dia, com a
mesma volubilidade do sentimento que vai e vem, quando não é alimentado pela
vontade determinada e forte de se doar ao outro, por amor.
A vida em família passa por inúmeros percalços
e dificuldades. Nem sempre será gostoso e aprazível chegar a casa. Não faltarão
tentações – sempre falsas e enganadoras – de pensar que noutro lugar, talvez
com outra pessoa, as coisas serão mais fáceis... É então que deve entrar em
cena o sentido de compromisso, tão necessário na união conjugal.
As pessoas que se dedicam a práticas esportivas
experimentam, após uma atividade intensa e penosa, uma aprazível sensação.
Dizem os especialistas que isso ocorre porque o nosso organismo libera várias
substâncias, como a endorfina, que promovem esse bem-estar. Algo de semelhante
ocorre quando nos esforçamos para tornar mais agradável a vida das pessoas que
convivem conosco. Passam as tormentas e as tempestades e eis que, subitamente,
a paz e a alegria voltam a reinar no seio do lar. Na verdade, nunca as
perdemos, ainda que tenham ficado por certo tempo ofuscadas pelo peso das dificuldades.
As festas celebradas em família, nesse
contexto, são ocasiões para reacender esse amor que unem pai, mãe e filhos.
Também aqui não há de faltar o esforço e o sacrifício, mas esses se farão
acompanhar pela certeza de que tudo isso vale a pena.
A todas aquelas e aqueles que sabem amar aos
demais com o coração, mas também com a vontade determinada de buscar o bem do
próximo, tal como fizeram Jesus, Maria e José, desejamos um Feliz e Santo
Natal.
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