Muitos casais, após anos de vida conjugal,
quando os filhos saem de casa, deparam-se com a dura realidade de se sentirem como
dois estranhos que compartilham um mesmo teto e, talvez, uma mesma cama. A
sensação é como se um olhasse para o outro e se perguntasse: “o que nós estamos
fazendo aqui?”.
O problema é complexo e possui causas muito
variadas. O cerne da questão, porém, está em como cada um encara o
relacionamento conjugal e as relações que se estabelecem com os filhos. Há
mulheres que, após o nascimento dos filhos, agem como se houvessem pronunciado
o seguinte juramento logo após o parto: “EU TE RECEBO COMO MEU FILHO [MINHA
FILHA] E PROMETO ESTAR COM VOCÊ POR TODOS OS DIAS DA MINHA VIDA”. Com isso, não
raras vezes, deixam o esposo para um quarto ou quinto plano em suas escolhas e
decisões a partir de então.
Mas essa postura não é exclusiva da mãe. Muitos
pais agem de maneira semelhante. Além disso, quando a esposa assume uma postura
possessiva em relação aos filhos, é comum que o marido procure refúgio no
trabalho, com os amigos... E o resultado não é difícil de prever: se não
perceberem a tempo, essa situação minará pouco a pouco o amor conjugal. É o
fenômeno das vidas paralelas, em que cada qual se dedica às suas coisas, aos
seus trabalhos, aos seus amigos, com nada ou muito pouco de projetos, sonhos e
atividades em comum.
Nesse contexto, pode acontecer que os filhos se
tornem o único ponto em comum. E, quando esses deixam o lar, porque é a lei da
vida que o façam um dia, marido e mulher descobrem, então a duras penas, que
não souberam construir algo juntos. Daí que a chamada Síndrome do Ninho Vazio
seja um fator muito relevante na causa de muitos divórcios.
A solução está, portanto, em encarar cada
relacionamento como esse é – ou deveria ser – na sua essência. A fórmula do
casamento cristão nos fornece um interessante critério: “EU TE RECEBO COMO
MINHA ESPOSA [MEU MARIDO] E TE PROMETO SER FIEL, NA ALEGRIA E NA TRISTEZA, NA
SAÚDE E NA DOENÇA, AMANDO-TE E TE RESPEITANDO POR TODOS OS DIAS DA MINHA VIDA”.
Embora o divórcio seja uma realidade muito difundida no nosso tempo, é inegável
que, quando se casam, os esposos trazem na alma profundos anseios de uma união
duradoura e feliz. E isso é mesmo essencial nesse relacionamento.
Muito diferente é o relacionamento com os
filhos. Não se trata de investigar se o amor conjugal é superior ou inferior ao
amor filial, mas simplesmente reconhecer que – apesar de serem ambos muito
intensos e fortes – são diferentes. E a diferença fundamental está em que
geramos e educamos nossos filhos para a liberdade (?) o mundo. Um dia
inexoravelmente deixarão o nosso lar para formar uma família ou, dependendo de
qual seja a sua missão, dedicar-se a um empreendimento nobre para o qual o
celibato é mais apropriado. Mas seja como for, é lei da vida que não estarão
para sempre conosco.
A propósito da postura que mãe e pai deveriam
assumir em relação aos filhos, vale repetir o sábio ensinamento, expressado de
maneira poética, pela Madre Teresa de Calcutá:
Ensinarás a voar,
Mas não voarão teu voo,
Ensinarás a viver,
Porém não viverão tua vida,
Ensinarás a sonhar,
Porém não sonharão teu sonho,
Porém em cada voo, em cada
sonho, em cada vida
Estará
a marca do caminho ensinado.
Nossos filhos, como os pássaros, deixarão um
dia o ninho. E sendo assim, quando eles saem, o que fica? Permanece
precisamente a fonte de onde eles vieram ao mundo: o amor entre um homem e uma
mulher. Esse amor, de tão forte e intenso há de permear toda a vida do casal. E
isso não é utopia. Basta que queiram de verdade, com pequenos gestos a cada
dia, cumprir aquela promessa um dia pronunciada em tom solene e decidido: “NA
ALEGRIA E NA TRISTEZA...POR TODOS OS DIAS DA MINHA VIDA”.
Lindo texto.
ResponderExcluirMuito verdadeiro!!!!