Há poucos dias, enquanto tomava um café da
manhã num local aberto ao público, tive a oportunidade de voltar a assistir a
um telejornal exibido nessas horas iniciais de uma nova jornada. A experiência
foi desoladora! As notícias de criminalidade, violência e acidentes no trânsito
dominam parte considerável – para não dizer a quase totalidade – da pauta. O
que podemos fazer para evitar que isso não nos contagie negativamente? Como
manter a alegria e o bom humor após a tela da TV vomitar nos nossos olhos e
ouvidos tanta desgraça?
Confesso que não compreendo a razão disso. Será
que tais notícias cativam melhor as pessoas? Mesmo que assim o seja, é no
mínimo questionável sob o aspecto ético buscar pura e simplesmente maior
audiência, sem se importar com os reflexos na vida das pessoas que tais
serviços jornalísticos possam ensejar. Com efeito, após assisti-los, fica-se a
impressão de que o crime é um fenômeno generalizado e totalmente fora do
controle ou, ainda, talvez nos mais pessimistas, que o mal tomou por completo o
coração das pessoas.
Dir-se-á, talvez, em defesa desses programas,
que tais fatos são reais, que acontecem diuturnamente, de modo que a imprensa
se limita a noticiá-los. Tal argumento, porém, é deveras simplista e parcial.
De fato, numa região habitada por milhões de pessoas, todos os dias haverá más
notícias a serem divulgadas, como também se poderá constatar inúmeras boas
ações e iniciativas, praticadas por pessoas ou instituições que espalham o bem
ao seu redor, num afã constante de construir um mundo melhor. Cabe, pois, ao
responsável pela empresa de jornalismo decidir o que convém e ou não divulgar.
Cada um de nós pode exercer um filtro sobre o
que comunicamos aos demais. Uma mãe ou um pai de família pode, por exemplo,
chegar a casa e despejar uma lista de reclamações sobre os acontecimentos ruins
que surgiram durante o dia. Ou, pior ainda, podem desperdiçar o tempo fazendo
fofocas. Acontece que as palavras que proferimos exercem grande influência nos
demais, em especial nos filhos. Isso nos chama à responsabilidade acerca do que
sai da nossa boca. É que isso pode contribuir para edificar ou destruir
(valores, ideais, anseios) naqueles com quem nos relacionamos.
Ora, tanto maior influência exerce – para o bem
ou para o mal – os meios de comunicação em massa. Diante disso, penso que os
profissionais da mídia deveriam se questionar, com frequência, sobre o que se
pretende ao noticiar algo. Quais serão as consequências disso na vida das
pessoas que receberão a notícia? Não se trata de esconder os acontecimentos
desagradáveis nem, como se diria no jargão popular, “tapar o sol com a
peneira”. Mas, por que tanta ênfase ao negativo? Em que medida isso contribui
para animar as pessoas a lutar por dias melhores?
Mas se esse filtro falha nos profissionais de
comunicação social, não poderá faltar nos educadores, em especial os pais. A TV
possui dois acessórios fantásticos: o botão que desliga e o que muda de canal.
É certo que a televisão está perdendo muito terreno, sobretudo entre os mais
jovens, para quem o smartphone lhe tem roubado o protagonismo da informação.
Seja como for, é necessário fomentar um espírito crítico, de modo a também
analisar previamente – com prudência e responsabilidade – o que convém e o que
não convém ler ou assistir.
Conheço um pai que, todos os dias, antes de
chegar a casa, fazia uma lista de dois ou três assuntos divertidos ou
estimulantes para comentar com a esposa e filhos durante o jantar. E sabia os introduzir
na conversa com tal naturalidade que os demais, sem o notarem, acabavam
contagiados pelo sentido positivo das suas palavras. E, depois, dedicava tempo
aos jogos e conversa em família. Com isso, as notícias pessimistas e agourentas
não tiveram relevante penetração naquele lar. Afinal, a vida é muito curta para
que desperdicemos nosso tempo vendo ou ouvindo bobagens.
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